domingo, 29 de outubro de 2017
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
O mesmo Refrão
O
mesmo Refrão
Em 1992 nos achávamos muito espertos e que
daquele momento em diante faríamos tudo certo. Um novo Brasil nascia, a
ditadura que marcara nossa infância ficara para trás e a democracia
solidificava-se com eleições diretas. Votamos, em 1989, nas primeiras eleições
presidenciais desde o início dos anos 60 e, em 1992, saímos às ruas para
protestar contra o corrupto presidente Fernando Collor de Mello e toda a sua
hipocrisia.
Gabriel o Pensador, eu e toda a nossa
geração, acreditávamos que nosso país seria diferente daquele ponto em diante,
o Brasil estava mudando para melhor. Pois... Depois tivemos Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e, finalmente, Temer (o nosso Lord Sidious
tupiniquim) e, vinte e cinco anos depois, nós todos temos a certeza de que
fomos e somos feitos de bobos, de que a merda continua literalmente a mesma e,
de que nem sequer as moscas mudaram tanto assim.
Hoje
fica mais do que claro que toda a nossa crença se deu muito mais por sermos
todos imaturos demais, inocentes, do que por fatos que a validassem. Uma das
poucas coisas que mudou, e que ficou clara para nós agora, é a de que a
corrupção no Brasil e a falta de caráter de praticamente todos que nos governam
evoluiu exponencialmente, profissionalizando-se de forma inimaginável; coisa de
filme de cinema com trama criativa.
Em 1992 Gabriel o Pensador lançou a canção “Tô
Feliz (Matei o Presidente)” porque à época a tal canção e seu título um tanto
agressivo faziam todo o sentido. Pois (nº2), vinte e cinco anos depois temos o
lançamento de “Tô Feliz (Matei o Presidente) 2 e a canção, ao contrário da vida
aqui no país, nunca fez tanto sentido como o faz agora. Apesar de gostar muito
de tudo o que Gabriel canta e de ter adorado a tal nova versão, não há como não
sentir, vinte e cinco anos depois, uma profunda tristeza e uma imensa decepção
por ainda ter que gritar o mesmo refrão.
Tô Feliz (Matei o Presidente) 2
Gabriel O Pensador
Todo mundo bateu palma quando o copo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil
A criminalidade toma conta da minha mente
Achei que não teria que fazê-lo novamente
Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente
E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente
Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino
Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino
Agora, palestrante, autor de livro infantil
Não fica bem matar o presidente do Brasil
Mas a vontade é grande, tá difícil segurar
Já sei, vamo pra DP, vou me entregar
Chama o delegado, por favor
Sou Gabriel O Pensador
O homem que eles amam odiar
Cantei FDP, Pega Ladrão, Nunca Serão
Agora Chega! Até Quando a gente vai ter que apanhar?
Porrada da esquerda e da direita
Derrubaram algumas peças, mas a mesa tá difícil de virar
Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro
Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel
Aí, que maravilha! Mata mesmo esse vampiro
Mas um tiro é muito pouco, Gabriel
Mata e canta assim
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Fiquei até surpreso quando correu a notícia
E a polícia ofereceu apoio pra minha missão
Ninguém vai te prender, policial também é povo
Já matamo presidente, irmão, vai lá e faz de novo
Que é isso?! Eu sou da paz, detesto arma de fogo
Deve ter outro jeito de o Brasil virar o jogo
Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo
Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos
Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos
Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido
Em nome da Amazônia desmatada
Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada
Cambada de demônio; demorou, manda pro inferno
Já tão todos de terno, e pro enterro vai facilitar
Envia pro capeta com as maletas de dinheiro sujo
De sangue de tantos brasileiros e vamos cantar
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado
Mas nem é julgado
Já tinha comprado vários deputados
Fora o foro privilegiado
Então mata o desgraçado
Na comemoração tem a decapitação
Cabeça vira bola e a pelada vai rolar (Chuta!)
Corta a cabeça dele sem perdão
Que essa cabeça rolando vale mais do que o Neymar
(É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador
É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador)
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Matei o presidente
(Matei o presidente, matei o presidente, matei o presidente)
Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país?
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão
E é o povo desunido que se mata por partido
Sem razão e sem noção
Chamando políticos ridículos de mito
E às vezes nem acredito num futuro mais bonito
Quando o grito é sufocado pelo crime organizado instituído
Que censura, tortura e fatura em cima da desgraça
Mas, no fundo, ainda creio no poder da massa
Nossa voz tomando as praças, encurtando as diferenças
Recompondo essa bagaça, quero é recompensa
O Pensador é contra violência
Mas aqui a gente peca por excesso de paciência
Com o rouba, mas faz dos verdadeiros marginais
São chamados de Doutor e Vossa Excelência
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Mais Bonito Não Há
Mais Bonito Não Há (part. Milton Nascimento)
Tiago Iorc
Nada mais belo que olhar de criança no sol da manhã
Chuva de carinho é o que posso pedir nessa imagem tão sã
Lindo no horizonte, o amanhã que eu nunca esqueci
Doce lembrança do sonho que eu vejo daqui
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Nada mais belo que abraço sereno e sabor de perdão
Ver a beleza e em gesto pequeno ter a imensidão
Como espalhar por aí qualquer coisa que faça sorrir
Aquietar o silêncio das dores daqui
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
domingo, 22 de outubro de 2017
A visão
A visão
A polícia chegara não mais de
cinco minutos depois de ter sido chamada, e o pequeno apartamento estava cheia
de homens sérios. Ajoelhado no chão, André chorava com a cabeça de Ana ensanguentada
nas mãos. Havia sangue nas roupas dele e o que parecia ser a arma do crime no
chão; uma colher de sopa suja. O desespero e a confusão de André gritavam pelos
olhos, ele não entendia quem podia ter feito aquilo. Por que alguém ferira Ana
de maneira tão cruel?
Os paramédicos afastaram o namorado para cuidar
da mulher desmaiada no chão. André foi colocado na poltrona azul celeste à
esquerda de Ana na sala de estar. A televisão ainda estava ligada e o volume
baixo dificultava a audição do que o repórter dizia no jornal da noite. Algo
sobre a política no país talvez. Daquela perspectiva André via claramente o
rosto de sua namorada e algo curioso o intrigava; Ana parecia tranquila. Apesar
do sangue, apesar da confusão estabelecida desde que ele entrara e a vira no
chão; apesar de tudo, ela parecia dormir como sempre. Profundamente, sem sonhos
ou pesadelos. Sem avisos, de um repente instantâneo, André vomitou ruidosamente
nos sapatos do policial que o assistia. Ele vira, sem margem a qualquer dúvida,
os paramédicos abrirem a mão de sua namorada e dela retirarem um globo ocular.
Um par de dias havia passado e
Ana continuava no hospital, calada. Seu namorado a acompanhava cuidadosamente,
porém eram nítidos o sofrimento e o incômodo dele. Ela, mesmo apenas com o olho
que restara, podia vê-lo sem esforço. André murchava a seu lado. Aquilo era tão
triste e Ana chorava em silêncio quando a luz estava apagada. Ela dormia pouco
e ressentia em demasia a tamanho sofrimento de alguém tão gentil quanto ele. Ela
se sentia mal por isso. Ana sentia-se muito incomodada com o sofrimento de
André e queria vê-lo longe. O sofrimento dele era culpa dela e aquilo a corroía
interna e lentamente. Queria poder mandá-lo embora. Queria estar sozinha. Pensava
ela.
Até o momento nada havia sido
descoberto sobre o ocorrido no pequeno apartamento e isso, mais do que a
grotesca violência sem sentido, perturbava ao rapaz que buscava sempre razões
para tudo. A polícia não descobrira nenhuma pista e Ana dizia não se lembrar de
nada. Ela se lembrava, apenas, de chegar a casa como sempre e de estar a
preparar algo para eles comerem. Depois disso, apenas lembranças vagas sobre o
caminho ao hospital.
André irritara-se quando alguém
sugeriu que Ana, ela própria, infligira a si mesma seus ferimentos. Aquilo era
uma loucura sem sentido. Um absurdo. Ela jamais faria isso. Tudo estava bem;
eles eram felizes. Ela era tranquila e divertida. Como imaginar que ela teria
motivos e a coragem para arrancar seu próprio olho esquerdo? Ela não se
lembrava de nada porque seu cérebro bloqueara o fato. Bloqueara o horror do que
havia acontecido. Afirmava o rapaz que, para si mesmo, repetia com frouxa
convicção que isso era muito mais lógico. Isso era o que havia acontecido.
Ana continuava muito mais calada
do que o normal depois de voltar para casa. Não queria ver a seus amigos, não
queria sair. E passava muito tempo deitada na cama a ouvir músicas antigas. André
dizia a ela que tudo aquilo passaria com o tempo; que tudo voltaria a ser como
antes. Porém, a menina sabia que nada mais seria como antes, apesar da pequena
satisfação que agora ela sentia por ter a visão reduzida. Pois assim ela pôde
amenizar um pouco a dor de ver e perceber o que não queria. A realidade para
Ana tornara-se feia demais.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Oásis
Oasis
Cada minuto, cada dia, uma nova treta
Mesma vida que as vez é doce, do nada é malagueta
Eu me sinto um para raio, dos problemas do planeta
Um oásis é, deitar a cabeça no colo da minha preta
Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de Gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi
casa, su casa
Tipo um
oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis
Era da paz em coma, todos sob pressão
Hoje nosso idioma parece ser agressão
Os que some, os que soma, os que come, os que não
Num confunda diploma com vivência e visão (não)
Diga se a briga só num fez brotar solidão – caramba
Frio na barriga, no olhar, até no coração – descamba
Precisa de um samba a trilha, igual âmbar brilha
Família num mantra, que pausa guerrilha e salva
Nossa alma de tanto pilantra
É corda bamba em cada passo
Uns vão tão cedo
Entrelaço os dedos nos dela
Assim disfarço medo
Assim a cena é bela novamente
E entre a gente, e, sela o enredo
Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi
casa, su casa
Tipo um
oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis
(Miguel)
Your energy
Is just
exhilarating
Oasis
Your love
and your touch are invigorating
Oasis
Tô correndo há tempos, o tempo importa
Mundão hostil, vai fechando as portas
É selva memo, moscou te corta
Eu não gasto água com planta morta
Preso, na prática rua me testa
Meu verso tem o peso da lágrima de gente honesta
Eu sei que Ninguém é santo, ninguém
Entre tanto mal necessário
Na de salvar um mundo
"nóis" vai destruindo vários
Por seu riso lindo? Claro!
Enfrento quem for
Venço mares e desertos
Milhares se for certo
(Miguel)
I try to
forget about the bad news
All the
pain and all the problems
And in my
mind I can hear you
Say mi casa, su casa
Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi
casa, su casa
Tipo um
oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis
terça-feira, 17 de outubro de 2017
SILVA
SILVA
Apesar de não
ter qualquer conhecimento formal e acadêmico sobre Música, gosto demais da tal
arte. Não sei tocar instrumento algum, nem mesmo caixa de fósforos, e sou
desafinada dos pés à cabeça, no entanto, gosto tanto de música que não consigo
imaginar um mundo sem ela. Minha vida sem música seria incompreensível; ela não
seria a minha vida. Um dia sem música, para mim, é um dia difícil; quase
impossível.
Sendo assim,
sempre que ouso qualquer julgamento e ou opinião sobre música e músicos, deve
ficar explicito que o que está escrito não passará jamais da minha parva
opinião. Algo sem muito fundamento, fundamentado apenas naquilo que enamora
meus ouvidos e que agrada a minha alma alimentada por palavras.
Ontem assisti ao
meu primeiro concerto de Silva e, não obstante já conhecesse seu trabalho
através dos discos há alguns anos, apenas agora posso dizer que o ouvi pela
primeira vez. E espero ouvi-lo muitas e muitas e muitas vezes mais. Silva é
encantador no palco por fazer extremamente bem aquilo que se espera de músicos:
muita afinação, domínio de seus instrumentos e uma interpretação fenomenal de
suas canções.
Simples, e por
isso mesmo sublime, o concerto intimista dentro de um teatro beira à perfeição
na arte de dar vida à música. Silva não precisa de mais do que seu violão,
piano e voz para emocionar a quem o ouve; e a mim me fez chorar. Cantando
Marisa, Diva maior da atual MPB, ele mostra que esta à altura de interpretá-la
com brilho próprio. Silva é simples, é divino.
sábado, 14 de outubro de 2017
Meu palhaço
Meu palhaço
Lágrima negra no rosto pálido.
O sentimento do pierrot
segue calado;
clássico do cinema, ele fica mudo num plano fechado
que dura um eterno minuto incômodo.
(Meu desassossego sem
sono)
No seu peito correm alucinadas as palavras apaixonadas que
não serão ditas,
Mal-ditas
Bem-ditas
Sabe bem o palhaço que apenas em suas fantasias habitou um
dia
seu mundo a colombina.
Ela é ser superior de outro planeta,
rara e cara como uma Barbarella moderna e mítica
que em tempo algum ao parvo clown perceberia.
Lágrima negra sobre o rosto pálido, segue calado o meu
palhaço.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Feito pra Acabar
Feito Pra Acabar
Marcelo Jeneci
Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração
Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer
Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim
A gente é feito pra acabar
Ah Aah
A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar
E isso nunca vai ter fim
Uh Uhhh
domingo, 8 de outubro de 2017
A Felicidade
A Felicidade
Há gestos humanos que nos
impactam, a todos nós, grandemente. O desprendimento de alguns em gestos altruístas,
a dedicação de outros ao bem estar de todos; a coragem de muitos para lutar
pelo bem alheio e muitos eteceteras e tais. Eu poderia fazer uma longa lista
aqui, pois, apesar de não parecer e nem aparecer tanto, há muita gente
admirável nesta terra.
Eu, de minha parte, adoro ver a
estes gestos magníficos, feitos humanos que me fazem bem porque me fazem crer
uma vez mais na humanidade. Fatos que renovam a minha fé no divino que está
presente sempre. Contudo, há gestos mais simples e comuns que me encantam muito
mais ainda. Gestos que para mim são a mais pura tradução do que significa a
felicidade. Alguns dos gestos das crianças, e das não tão crianças assim, que
dão vida para a vida minha.
O mundo congela, à la Big Fish, e
todo o mal desaparece quando Pedro me manda um beijo desde longe e sorri, quando
Diego me abraça com força, todo entregue. A rotação da Terra pára, e eu sorrio,
quando Bianca sorri a apertar seus olhinhos para mim e quando ouço ao Nico me
chamar: titia Mari vem brincar. Todas as pessoas deixam de existir quando Vitória,
que ainda me estranha muito, levanta seus braços para mim a pedir colo. A felicidade
é assim; a felicidade são eles.
E é difícil descrever a total e
plena felicidade que sinto ao ver que meus miúdos já crescidos são gente boa de
verdade. Dedé, Lucas e Gigi estão se transformando em gente grande e da melhor
qualidade: gentis e de bom coração. Poderiam gostar de estudar mais, verdade,
mas a nossa identificação e o carinho que temos uns com os outros são claros e
verdadeiros; e isso me conforta. Eles já me fazem perceber o que significa a
felicidade plena porque estou certa de que eles serão felizes em suas vidas
também.
Meus miúdos são a minha
felicidade feita em gente, são a garantia de sanidade nesta vida e, por isso,
não consigo conceber que alguém possa ferir a crianças deliberadamente. Por isso,
o assombroso fato passado em Minas Gerais com a morte de 10 crianças entre 04 e
06 anos num incêndio causado propositadamente me foge a qualquer lógica e
compreensão. Então, vale lembrar nesta semana quando comemoramos o Dia das
Crianças que a elas devemos todo o carinho, amor, atenção e proteção muito para
além de brinquedos. E um Feliz Dia da Crianças para todos nós, amém!
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Pelos olhos do mundo
Pelos Olhos do Mundo
Apanhador Só
Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto
Tem um monte de coisa que nos separa
Tem um monte de coisa que nos protege
Nos abre o peito, nos mostra a cara
Um monte de coisa nos fortalece
Pessoa linda do cabelo solto
Andava todo emparedado por dentro
Andava todo encasquetado por fora
Como um refém de um perfil violento
Diferente, andava embora
Baixei a guarda, respirei um momento
Olhei em volta, vi que não tinha borda
Se por acaso a bolha calcificasse
Em dura casca tava foda
Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto
Meio que tudo é tudo
Meio que tudo é um
Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá
Quero vida contigo
Caindo de sono de manhã
Quero tatátá
Quero vida contigo
Caindo de sono de manhã
domingo, 1 de outubro de 2017
Nu
Foto de Hernani Pereira |
Nu
Por algum motivo não tão obvio quanto
parece ser a princípio, há um exagero quase histérico por grande parte de nós,
os adultos, quanto ao que significa estar nu. Por que, afinal, nos espanta
tanto algo que é a expressão mais clara de nossa essência? A nudez reflete
nosso estado mais humano e, portanto, mais sensível e frágil; uma pessoa nua
encontra-se mais vulnerável neste mundo do que qualquer outra. Não?
Sendo assim, seja ele artístico ou não, de um
homem ou de uma mulher, de uma pessoa jovem ou idosa, o nu não significa, por
si só, qualquer ameaça ou ofensa aos outros. E muito para além disso, o fato de
uma pessoa estar nua não denota pornografia, pedofilia e ou qualquer ato
libidinoso. Estar nu significa apenas estar desprovido de roupas, e já que
neste mundo ninguém (mas ninguém mesmo) nasce vestido, não há nada mais natural
para o ser humano do que estar nu. Certo?
Ficamos nus várias vezes ao dia e não
apenas para o sexo. Ficamos nus para tomar banho, para dormir (em alguns casos,
eu por minha parte amo um pijaminha), para trocar de roupa, porque faz um calor
de matar ou, muitas vezes, quando vamos ao médico. Para vários povos estar nu é
um hábito e muitas e muitas tribos indígenas ou não, ainda hoje, tem o nudismo
como algo natural. Estar nu diante daqueles nos quais confiamos e com quem temos
intimidade é natural e acontece entre muitos amigos e nas famílias.
Por tudo isso, eu não consigo compreender
a celeuma ignóbil e retrógrada criada pelos brasileiros pudicos em excesso
motivada por uma performance com um homem nu dentro do Museu de Arte Moderna de
São Paulo. Aliás, desconfio sempre daqueles que levantam a bandeira da
moralidade com tanta ânsia por suspeitar em demasia da qualidade de seus
pensamentos e sentimentos. Ou a perversão e a maldade não estão, antes, nos
olhos de quem as vê?
por·no·gra·fi·a
(.pornô + -grafia)
substantivo feminino
(.pornô + -grafia)
substantivo feminino
1. Estudo ou descrição da prostituição.
2. Descrição ou representação de coisas consideradas obscenas, geralmente de .caráter sexual.
3. Qualquer coisa (livro, revista, filme, etc.) de cariz sexual com intenção de provocar excitação.
4. .Ação ou representação que ataca ou fere o pudor, a moral ou os considerados bons costumes.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
[em linha], 2008-2013
Assinar:
Postagens (Atom)