A colcha nova
Cheguei à casa de meu pai.
Casa que já foi nossa, de uma família inteira.
E passou a ser a casa dos meus pais com o passar do tempo.
Todo mundo cresce; meu irmão e eu somos uma parte
ínfima deste mundo todo e, sendo assim, também crescemos.
Com o tempo eu fui para muito longe porque destino de
andorinha é voar e
meu irmão multiplicou-se. Ele virou três, e hoje, mais do
que homem,
é pai.
Agora, a casa que foi de vários se tornou a casa de um homem
só.
Não solitário, e por isso meu pai está por aí a conhecer o
mundo cheio de companhia.
Cheguei à casa de meu pai e ele não está.
Porém, para a recepção de minha chegada,
delicada
quieta e encantadora,
repousava na cama uma nova colcha de flores miúdas.
Flores bordadas e coloridas. Lindas.
E mesmo de longe, sem necessidade de palavra alguma,
meu pai declarou todo o seu amor.
A colcha nova me fez sorrir,
com o delicado cuidado de um amor que, apesar de todos os anos passados,
ainda é cultivado.
Ao meu pai que, em silêncio, sempre foi profundamente apaixonado por nós.
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