sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A Visita




A Visita

A morte nos sorri com seus dentes tortos
agigantados
que ganham vida plena ao vencer
as carnes moles e a pele solta
deixadas pelo tempo.
Ela se alimenta de restos e sorri
tranquila.
Tantas vezes eu a vi de longe
a caminhar pelas ruas apenas à espera da
hora certa
de apresentar-se.
Dona Libitina dava-me calafrios antes do sono vir;
monstro escondido sob a cama de uma menina.
Sem pressa numa tarde ensolarada
ela se achega, visita indesejada que ao meu lado na sala de estar se senta.
Gélida e úmida, a morte é de pouca conversa e me sorri
com seus dentes tortos.
Não chego a sorrir,
contudo não sou mais uma menina e tranquila a fito à espera
da hora certa.




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