Sincretismo
Fico a pensar se
isso de eu crer um pouco em quase toda religião não demonstra mais a minha
falta de crença do que a minha verdadeira fé em que há algo para além daquilo
que vemos. Catolicismo, Budismo, Umbanda, Espiritismo... gosto de tudo um
pouco, sem radicalismos nem muita fidelidade. Creio, isso é fato. Creio em Deus como uma
força maior, como uma força natural que emana a bondade e creio também que
nossa missão cá por Terra é a de tentarmos ser corretos uns com os outros.
Contudo, isso de
crer em milagres e de que quase tudo é pecado, de crer fielmente numa igreja e
nos homens que a pregam; isso eu não tenho em mim. Sendo assim, como muitos
diriam, acendo uma vela para Deus e outra ao Diabo. Estou a brincar, já que não
creio nisso de que o Diabo exista; e deixo a maldade restrita ao âmbito dos
nossos demônios terrenos. Definitivamente não são as almas penadas que me
assustam.
O fato é que
para mim, muito mais do que religiões diferentes, o que temos são leituras
culturais distintas acerca da mesma fé. Cristo e Buda, Nossa Senhora Aparecida
e Iemanjá, Deus e a Natureza são para mim representações distintas das mesmas
ideias: a fé sem preconceitos nem muitos preceitos, o culto ao amor materno que
nos provê e protege vindo das águas, a energia pura que cria a vida.
Ainda bem que vivemos,
por enquanto, num país onde há liberdade religiosa. Ou eu seria condenada como
herege e, sendo mulher, estaria a poucos passos de uma grande fogueira. Espero que
isso não mude, apesar do que andamos a ver e ouvir por aqui. Eu, enquanto isso,
sigo com minha crença particular e universal, e prefiro crer mais na capacidade
que temos para a bondade do que em nossos monstros internos.
São Francisco de
Assis e sua oração...
Senhor, fazei-me
instrumento da vossa paz
Onde houver
ódio, que eu leve o amor
Onde houver
ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver
discórdia, que eu leve a união
Onde houver
dúvida, que eu leve a fé
Onde houver
erro, que eu leve a verdade
Onde houver
desespero, que eu leve a esperança
Onde houver
tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver
trevas, que eu leve a luz.
Ó mestre, fazei
que eu procure mais consolar do que ser consolado
Compreender do
que ser compreendido
Amar que ser
amado
Pois, é dando
que se recebe
É perdoando que
se é perdoado;
E morrendo que
se vive
Para a vida
eterna
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