quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Sincretismo





Sincretismo

Fico a pensar se isso de eu crer um pouco em quase toda religião não demonstra mais a minha falta de crença do que a minha verdadeira fé em que há algo para além daquilo que vemos. Catolicismo, Budismo, Umbanda, Espiritismo... gosto de tudo um pouco, sem radicalismos nem muita fidelidade.  Creio, isso é fato. Creio em Deus como uma força maior, como uma força natural que emana a bondade e creio também que nossa missão cá por Terra é a de tentarmos ser corretos uns com os outros.

Contudo, isso de crer em milagres e de que quase tudo é pecado, de crer fielmente numa igreja e nos homens que a pregam; isso eu não tenho em mim. Sendo assim, como muitos diriam, acendo uma vela para Deus e outra ao Diabo. Estou a brincar, já que não creio nisso de que o Diabo exista; e deixo a maldade restrita ao âmbito dos nossos demônios terrenos. Definitivamente não são as almas penadas que me assustam.

O fato é que para mim, muito mais do que religiões diferentes, o que temos são leituras culturais distintas acerca da mesma fé. Cristo e Buda, Nossa Senhora Aparecida e Iemanjá, Deus e a Natureza são para mim representações distintas das mesmas ideias: a fé sem preconceitos nem muitos preceitos, o culto ao amor materno que nos provê e protege vindo das águas, a energia pura que cria a vida.

Ainda bem que vivemos, por enquanto, num país onde há liberdade religiosa. Ou eu seria condenada como herege e, sendo mulher, estaria a poucos passos de uma grande fogueira. Espero que isso não mude, apesar do que andamos a ver e ouvir por aqui. Eu, enquanto isso, sigo com minha crença particular e universal, e prefiro crer mais na capacidade que temos para a bondade do que em nossos monstros internos.


São Francisco de Assis e sua oração...

Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado
Compreender do que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois, é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado;
E morrendo que se vive
Para a vida eterna


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