A Blast from the Past
Novembro chegou
ao final e 2019 está a arrumar suas malas para despedir-se também. Amém! Eita
ano difícil, cheio de estorvos aboletados pelo nosso caminho como se alguém os
tivesse convidado para a nossa festa, sem cerimonias. Verdade seja dita, nem
tudo foi drama, como tudo não são flores sempre para todo ser que respira;
c’est la vie! Contudo, o fato é que o final deste ano está sendo aguardado por
mim como presente de Natal. 2020 será meu presente este ano.
Bom, fim de ano
para nós do lado sul do planeta significa também fim de Campeonato de Futebol,
e a bola está a se despedir dos campos um tanto melancólica já que nós, brasileiros,
não a temos tratado muito bem durante o ano todo; e nisso inclui-se o
Corinthians, o meu eternamente melhor time do mundo, sempre. Afinal, isso de
imparcialidade não é assim a qualidade mais cara aos aficionados, certo?
Neste ponto,
Blast from the Past particular, vejo-me a torcer, sem grande paixão, mas de
verdade, para o Flamengo no final da Libertadores. Não, nunca fui, e não sou
torcedora do Flamengo. Contudo, na minha primeira infância, e devido ao hábito
de assistir ao futebol com meu pai, eu vibrava com o Zico; o Deus da bola em
campos brasileiros então. Meu primeiro ídolo do futebol foi Zico e não Pelé que
já não jogava bola. Afinal, como pode uma criança não se encantar com um Deus
da bola? Não pode. Sou fã do Zico.
Zico chegou antes de Sócrates, meu ídolo maior
no futebol, homem de talento nos pés e na cachola, e, por isso, há desde sempre
em mim uma simpatia grande pelo Flamengo. Torci de verdade, gritei e vibrei com
os gols quase milagrosos no final da partida como deve ser quando se torce. Apenas
não gostei muito de ver que os tais gols foram marcado pelo tal Gabi Gol. Por este
não nutro simpatia alguma. C’est la vie 2!
Flamengo venceu
e me parece que o Senhor Jorge Jesus provou-nos que estamos a esquecer como se
deve tratar a bola. Quem diria!? Um tuga a reinar na terra do futebol deixa
claro que tanto na bola, quanto em todo o etc e tal, tamanho não chega a ser
documento se não formos competentes. E não o temos sido; ponto. Parabéns ao Seu
Jorge, que além de competente, mostrou-se sensível ao receber o título de
cidadão carioca. Jesus chorou emocionado na TV, uma de suas avós era brasileira
e ser reconhecido por aqui parece ter um peso para ele que eu não entendia até
então. Hoje sou mais fã desse Senhor, meu inimigo em campo, mas que mesmo assim
tem toda a minha admiração.
Futebol é uma
paixão, verdade. Contudo, ele não tem e nunca terá nenhuma relação com a violência
e o ódio gratuito e sem sentido. Ódio e violência são o oposto da filosofia de
qualquer esporte que prevê um embate justo fundado no talento, na dedicação e
no respeito pelo adversário. Violência é coisa de turba ignorante, de gente
fraca da cabeça e, com certeza, doente do pé.
p.s. O texto
começou a ser escrito na semana passada. Contudo, na terça-feira à noite, uma
menina de 15 anos, torcedora do Cruzeiro, foi espancada por torcedores do
Atlético Mineiro na saída de uma partida de voleibol em Betim. Um absurdo e uma
vergonha. Senti-me mal ao ouvir o fato pelo rádio do carro, afinal, como pode
isso ter acontecido? Que tipo de gente é essa que se junta em bando para bater
numa menina? A menina está no hospital e o final do texto tomou um rumo um
pouco distinto daquele pensado anteriormente. Seja lá como for, me parece que
nós é que deveríamos nos sentir profundamente emocionados com a ajuda de seres
pensantes de além mar. Já que nós, ao que parece, estamos deixando de pensar. O
Brasil está a se tornar um país muito triste para mim.
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