quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A Blast from the Past



A Blast from the Past

Novembro chegou ao final e 2019 está a arrumar suas malas para despedir-se também. Amém! Eita ano difícil, cheio de estorvos aboletados pelo nosso caminho como se alguém os tivesse convidado para a nossa festa, sem cerimonias. Verdade seja dita, nem tudo foi drama, como tudo não são flores sempre para todo ser que respira; c’est la vie! Contudo, o fato é que o final deste ano está sendo aguardado por mim como presente de Natal. 2020 será meu presente este ano.

Bom, fim de ano para nós do lado sul do planeta significa também fim de Campeonato de Futebol, e a bola está a se despedir dos campos um tanto melancólica já que nós, brasileiros, não a temos tratado muito bem durante o ano todo; e nisso inclui-se o Corinthians, o meu eternamente melhor time do mundo, sempre. Afinal, isso de imparcialidade não é assim a qualidade mais cara aos aficionados, certo?

Neste ponto, Blast from the Past particular, vejo-me a torcer, sem grande paixão, mas de verdade, para o Flamengo no final da Libertadores. Não, nunca fui, e não sou torcedora do Flamengo. Contudo, na minha primeira infância, e devido ao hábito de assistir ao futebol com meu pai, eu vibrava com o Zico; o Deus da bola em campos brasileiros então. Meu primeiro ídolo do futebol foi Zico e não Pelé que já não jogava bola. Afinal, como pode uma criança não se encantar com um Deus da bola? Não pode. Sou fã do Zico.

 Zico chegou antes de Sócrates, meu ídolo maior no futebol, homem de talento nos pés e na cachola, e, por isso, há desde sempre em mim uma simpatia grande pelo Flamengo. Torci de verdade, gritei e vibrei com os gols quase milagrosos no final da partida como deve ser quando se torce. Apenas não gostei muito de ver que os tais gols foram marcado pelo tal Gabi Gol. Por este não nutro simpatia alguma. C’est la vie 2!

Flamengo venceu e me parece que o Senhor Jorge Jesus provou-nos que estamos a esquecer como se deve tratar a bola. Quem diria!? Um tuga a reinar na terra do futebol deixa claro que tanto na bola, quanto em todo o etc e tal, tamanho não chega a ser documento se não formos competentes. E não o temos sido; ponto. Parabéns ao Seu Jorge, que além de competente, mostrou-se sensível ao receber o título de cidadão carioca. Jesus chorou emocionado na TV, uma de suas avós era brasileira e ser reconhecido por aqui parece ter um peso para ele que eu não entendia até então. Hoje sou mais fã desse Senhor, meu inimigo em campo, mas que mesmo assim tem toda a minha admiração.

Futebol é uma paixão, verdade. Contudo, ele não tem e nunca terá nenhuma relação com a violência e o ódio gratuito e sem sentido. Ódio e violência são o oposto da filosofia de qualquer esporte que prevê um embate justo fundado no talento, na dedicação e no respeito pelo adversário. Violência é coisa de turba ignorante, de gente fraca da cabeça e, com certeza, doente do pé.

p.s. O texto começou a ser escrito na semana passada. Contudo, na terça-feira à noite, uma menina de 15 anos, torcedora do Cruzeiro, foi espancada por torcedores do Atlético Mineiro na saída de uma partida de voleibol em Betim. Um absurdo e uma vergonha. Senti-me mal ao ouvir o fato pelo rádio do carro, afinal, como pode isso ter acontecido? Que tipo de gente é essa que se junta em bando para bater numa menina? A menina está no hospital e o final do texto tomou um rumo um pouco distinto daquele pensado anteriormente. Seja lá como for, me parece que nós é que deveríamos nos sentir profundamente emocionados com a ajuda de seres pensantes de além mar. Já que nós, ao que parece, estamos deixando de pensar. O Brasil está a se tornar um país muito triste para mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário