O grande Zé
Por estes dias
no rádio do carro a grave e profunda voz de Zé Ramalho soou como se fosse para
mim uma boa nova. Parei para ouvir. Só então me dei conta de que tenho ignorado
ao Sr. Ramalho por estas terras muito além-mar onde habitam as minhas palavras.
O porquê, não sei. Quiçá por distração minha, talvez porque ele tenha sido
sempre subestimado no mundo da tal MPB e também por mim. Como se ele jamais
tivesse sido alguém que se ouve com frequência. Zé Ramalho nunca foi top trend. Talvez. Talvez porque ele
seja nordestino e com cara de poucos amigos. Talvez.
Contudo a
verdade é que ele é genial. Afinal, que outro adjetivo pode alguém usar para descrever
o autor de “Bicho de Sete Cabeças”, “Avôhai”, “Admirável Gado Novo” e tanto
mais? O grande Zé é genial e, além disso, é dono de uma voz única;
inconfundível. Com ele o rock adentrou as terras do cordel e a poesia ganhou
contornos próprios. Seca, direta e densa. Poesia feita da terra vermelha e seca
do nordeste e da gente forte de raros sorrisos abertos.
A verdade é que
de um repente me arrependi profundamente de ter deixado as canções do Sr.
Ramalho um tanto de lado. De ainda não ter caminhado algumas léguas apenas para
ouvi-lo cantar. De não ter criado uma playlist
intitulada o Super Zé.
Aposto que Zé
Ramalho sorriria sisudo e irônico dos anglicismos deste texto. E eu concordo
com ele, é mesmo uma heresia macular a nossa tão linda língua, que ele faz tão
dele, com palavras do pobre inglês.
Nada de
playlist, Zé Ramalho merece um festival de Cordéis enfileirados sob o quente
sol nordestino que cega a minha visão com tanta luz.
Bora ouvir ao Grande
Zé!
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