Sinto, logo
existo.
Latinos são
conhecidos em outras terras por sua passionalidade, pela pouca sorte que tem a
lógica em várias das questões que nos envolvem. E, tendo a clara percepção de
que não podemos partir do pressuposto de que alguma característica específica
seja típica de um povo, pois que muito mais a diversidade do que o padrão
defini uma nação, sempre tive grande dificuldade em aceitar tal pecha.
Nunca me pensei regida pela emoção, como não percebia no povo ao qual pertenço tal
característica. Apesar das maluquices que vivemos todos os dias. Apesar do
horror do lado mais cruel desta paixão latina que em sua versão machista mata
mulheres todos os dias. Pois que tais fatos me pareciam, e me parecem, muito
mais o retrato de uma realidade distorcida por alguns poucos do que uma
característica própria nossa.
Entretanto, e
muito longe das maluquices de alguns poucos, não há como negar que uma tal
fleuma característica de outros povos nos causam, e me causam, grande
estranhamento. Como eles conseguem ser tão tranquilos, racionais e pacientes em
momentos nos quais já estaríamos, em bom português brasileiro, rodando a baiana
a plenos pulmões?
Não sei. Não sei
como conseguem e o porquê de eu não conseguir, via de regra, ser assim. Não sou.
Nos abraçamos sempre, nos beijamos demais, nos tocamos frequentemente porque
carinhos nunca serão demais e são sempre bem-vindos. Falamos alto quando não
deveríamos e não é preciso; e alguns nos perguntariam: e é preciso gritar? É
sim senhor. As grandes alegrias e as grandes paixões, a festa e a ira não podem
para nós serem representadas por tons mais baixos. O volume que nos define será
sempre alto, então.
Continuo a pensar
que não podemos definir qualquer indivíduo devido ao fato de ele ter nascido em
uma determinada família, cidade, país ou continente. Somos individualmente
únicos e assim o que nos define serão sempre nossos atos, e não onde nascemos
e/ou qualquer outra característica como cor, credo, gênero e etc. e tal.
Contudo, não
posso negar que sou verdadeiramente muito menos racional do que me percebia. Ou
do que me permitia perceber. E dos amores ao futebol não consigo
compreender como alguém consegue ser indiferente ao que acontece ao seu redor.
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