GORDA
realidade
A gorda realidade sentou-se, pesada, à mesa há tempos
enquanto nós, os dois, a observamos
imóveis.
Imensa, a engolir tudo que orbita ao seu redor;
ela come.
Faminta, a realidade sem qualquer realeza,
amplia suas fronteiras pouco a pouco
sem trégua,
e em sua parca grandeza dos avarentos nos devora
aos bocados pequenos.
Nós, feitos de ideias,
de sonhos
de desejos e fantasias sem fronteiras
somos tênues como as pequenas borboletas amarelas...
quase não existimos
nada podemos.
E assim, em silêncio, apenas observamos os grandes dentes
vermelhos
sem medo nem desespero.
Entregues,
nos deixamos ir
enquanto a realidade nos engole.
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