domingo, 24 de abril de 2011

o fim

Seca

Estou a perder o amor,
sabe-se lá o que é isso
de perder o amor?
Fica então cá um buraco
um naco de nada
um incômodo reticente
no peito.
Uma certa e marcante
incompetência de quem
não soube ser gente
direito,
como um pássaro que
não voa apesar de ter
asas perfeitas.
Estou a perder o amor
tal água que me escorre
pelos dedos.
Não sei retê-lo
e o vejo esvair-se
enquanto eu cá me torno
a cada dia que passa
mais seca por dentro.

Sem manual

Nego-me a seguir regras
as de bom-senso
as de bom comportamento
e aquelas que trariam de volta
a segura e tranqüila paz d’alma.
Quero a liberdade
dos sentidos, dos desatinos,
daqueles que não oferecem perigo
pois andam de alma aberta
durante todo o caminho.

Costuras

Quantas vezes suporta um
coração ver-se partido:
Uma, duas, três?
Não sei.
Comprei-me muita cola,
fita e remendos.
Agora, resta esperar
para ver.

morre

Não importa de que lado
da porta estamos.
Não importa. Se sabemos,
melancólicos, que não há mais
saídas.
Não importa quem padece
 ou não com o sentimento
da derrota.
Com a morte do amor, morre também
um bocado de fé
um tanto de fantasia
e muito do que nos define
como humanidade.

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