Apesar de perto, não era nada fácil chegar à casa da Valéria; principalmente para o João e seu tamanhão de dinossauro perto do tamanho mini da borboletinha e sua família. Borboleta é inseto bonito, mas muito pequenito e, por isso, tem que saber se esconder muito bem dos outros bichos que são muito maiores do que ela.
João seguiu Valéria bem de perto, para não perdê-la de vista. Voaram entre as roseiras bonitas, mas cheias de espinhos, passando rente às trepadeiras unha-de-gato, que só pelo nome já provocavam tremeliques no passarinho. Depois de longos metros e uma porção de curvas feitas bem devagarinho no caminho que era estreita demais para o desengonçado sabiá, eles finalmente chegaram a uma pequena abertura entre pedras por de trás de folhagens chamadas costelas-de-adão.
“Nossa, que apertada que é a porta da tua casa, Valéria! Sei não se eu passo por ela?”, exclamou acabrunhado o sabiá a duvidar muito que caberia ele todo na casa da nova amiga. “Não seja bobo, João. Claro que você passa por ela. É só murchar um pouco o barrigão!”, e riu-se ela, com seu riso fininho, do tamanho avantajado do abdômen do amigão. O pobre João olhou para seu corpo tão maior que o dela e sentiu-se estranho e errado como nunca havia antes pensado.
“Sou mesmo gordo demais, não?” segredou ele bem baixinho para que ninguém além dos dois pudesse ouvir. “Claro que não, João! Você é passarinho e tem este monte de penas que te deixam..., bem,... fofinho. É diferente de mim, isso sim. Mas, imagina só se no mundo tudo, toda gente mesmo, fosse igualzinho. Seria muito chato, não? Não teríamos nomes diferentes para cada coisa e, todas elas teriam o mesmo sabor e a mesma cor. Não haveria todas as cores, todos os cheiros e nem todas as formas e tamanhos diferentes que vemos. Sem as diferenças o mundo seria sem graça demais porque nossos olhos não teriam nada para olhar.”
“Nisso tem razão, amarelinha. Mas, é que eu acho tão bonito ser assim tão elegante como você. Invejo-te por isso.” João disse isso com um meio sorriso tímido e de lado como, se apesar de tudo que a amiga lhe dissera, ainda não estivesse convencido. Valéria voou para bem perto dele e, olhando-o nos olhos disse doce é séria como só o sabem fazer os amigos: “João, sem o seu corpo mais pesado e mais forte que o meu meus sonhos estariam para sempre perdidos, e a vida não teria mais tanta graça para mim. Nossa aventura é possível porque você é pássaro e, contigo posso voar muito além do meu jardim.”
João abriu seu sorriso completo então; a amiga tinha mesmo razão. “Certo! Vamos em frente agorinha mesmo; enfrentar a mãe borboleta que, pelo que me parece, parece-se muito mais com um dragão.
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