Nasci sob o signo de Libra (de acordo e para quem acredita nestas coisas de signo zodiacal) e, portanto, espera-se sempre (e eu espero também) que haja certo equilíbrio em tudo que faço. Não é? Afinal, o que mais podemos esperar de alguém que nasceu regido por uma balança? Equilíbrio, no mínimo! Pois é verdade que procuro ser justa em tudo que faço, contudo (e entre todos os tantos que há em algo que se procura fazer), o problema não consiste no fato da justiça na frase, mas sim no fato de tentar fazê-la. E, ciente de que de boas intenções o inferno está tão cheio quanto o meu coração, tentar às vezes não chega e, me desequilibro muitas vezes.
Daí que ontem, (um domingo fatídico, nefasto mesmo), ao ver o pobre do meu goleiro Júlio César, (que tem nome de imperador, mas que não reinou justo ontem) tomar um peru homérico pensei: como é que erramos bem no momento no qual não podemos errar? Porque estragamos tudo, apesar da ciência da porcaria que estamos fazendo, sem poder conter a escorregadela fatal? Por Deus, como eu gostaria de saber. Não que eu ache que o meu guarda-meta tenha errado de propósito ou que a culpa da derrota seja apenas dele, isso não. Mas é claro que ele falhou, exatamente no dia, na hora, no momento no qual não podia falhar e, por isso, eu passei cá o domingo com uma ressaca terrível. Uma dor de cabeça e uma desolação sem igual.
Por isso lembrei-me do tal do equilíbrio. Lembrei-me do fato de que tentamos mesmo não errar, sermos justos e equilibrados. Claro. Mas, mesmo querendo o melhor sempre e do fundo d’alma da gente, nos desequilibramos e pomos tudo a perder quando menos deveríamos fazê-lo; nos momentos mais importantes, delicados e fatais. Perdemos a paciência e magoamos a quem menos deveríamos magoar neste mundo. Falamos demais ou de menos, agimos sem pensar ou pensamos demais, e aí nada do agir e, por essas e outras, perdemos no final. Falhamos pela falta do tal equilíbrio tão desejado.
Já pensei em meditar, em fazer yoga, em espetar milhões de agulhas numa acupuntura para alma, para ver se o tão esperado equilíbrio decide habitar por fim, e definitivamente, este corpo que me pertence. Queria a sabedoria que parece pertencer apenas aos orientais para fazer jus ao signo que me rege desde que nasci e, assim, não perder a cabeça e nem deixar-me levar pelas emoções tão frequentemente como faço, e fiz. Mas acho que não há tantas agulhas no mundo assim. Há?
Tempo, já sei. O equilíbrio vem com o tempo. Mas que tempo é esse, meu Deus? Porque quando eu tiver mais de 100 anos já não haverá muito a salvar, haverá? Não sei. A única coisa que sei, é que em muitas situações vemos que estamos errando, que estamos pondo tudo a perder, mas mesmo assim nada conseguimos fazer. Simplesmente seguimos em frente e, depois, ficamos com aquela cara de parvo a pensar: como é que eu fiz isso daqui? Como foi que eu não fiz nada? Ou, por que eu não me contive?
Pois, queria então pedir (enquanto os meus 100 anos não chegam) um pouco de paciência e aquela pitada de conivência que apenas os amigos podem ter com o meu jeito sem-jeito de ser. Eu, cá pelo meu lado, prometo que vou tentar ser um bocado mais paciente também. Ui, mas daí o defeito já é outro... Eu paciente, pois sim?! Mas juro que ando a exercitar a tal da paciência como nunca imaginei, podem crer. Quem sabe o equilíbrio virá a seguir?
Um beijo com jeito, da sem-jeito, que adora desequilibradamente a todos vocês de todos os jeitos.
Boa semana!