segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sampa




Minha cinza Sampa

feita do frio asfaltico

de pessoas sempre apressadas demais para perceber a vida.

Minha Sampa linda,

torta e misteriosa,

bela apenas para quem tem olhos pra te ver.

Sinto saudade de você, Sampa minha.

Saudade do frio e do calor que há em cada esquina,

dos sons todos que escuto em suas rimas,

das tuas avenidas cheias da mistura de todos

e tudo que te constroem: homens

de raças

de cores

de religiões

e de valores

tão variados como você.

Minha cidade, muito do que sou

está nas ruas  que me construíram

passo a passo

em cada passo que

dei em você.

domingo, 29 de abril de 2012

Meu café


 


Se tudo tem começo, meio e fim,

se tudo, tudo mesmo, é assim.

Quero saber onde anda o tal fim deste sentimento,

deste amor perdido e forte, sem sorte.

Amor feito café, vício de todos os dias,

que quando me falta traz dor de cabeça,

tristeza azul, mal estar.

Amor feito música, que me faz cantar,

a me encantar com seu ritmo, seu jazz.

Mas que vez ou outra me faz sensível a chorar,

sozinha e sentida, num canto qualquer

deste mundo a rodar.

Se tudo, tudo mesmo, tem que terminar,

quero saber onde termina este tempo.

Quero saber quando eu verei chegar o tempo novo,

o tempo em que eu já não queira mais,

com tanta sede, o meu café toda manhã

sempre.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Você

Um concerto que me encantou no dia e me encanta ainda. O meu beijo pra ti,

meu Preto.

A Cor do Desejo

Ney Matogrosso

A tua boca anda oca
Da minha língua
da minha língua
A minha língua anda à míngua
Sem tua boca
sem tua boca
Exatos são os teus olhos que invadem
E me revelam teu coração
Exata é a cor do teu deserto
A dor do teu deserto
Exatos são teus beijos que me acertam
E a ti revelam meu coração
Exata é a cor do teu desejo
A dor do teu desejo



terça-feira, 24 de abril de 2012

Chico: Bastidores - "Sinhá"

Des... Equilíbrio





Nasci sob o signo de Libra (de acordo e para quem acredita nestas coisas de signo zodiacal) e, portanto, espera-se sempre (e eu espero também) que haja certo equilíbrio em tudo que faço. Não é? Afinal, o que mais podemos esperar de alguém que nasceu regido por uma balança? Equilíbrio, no mínimo! Pois é verdade que procuro ser justa em tudo que faço, contudo (e entre todos os tantos que há em algo que se procura fazer), o problema não consiste no fato da justiça na frase, mas sim no fato de tentar fazê-la. E, ciente de que de boas intenções o inferno está tão cheio quanto o meu coração, tentar às vezes não chega e, me desequilibro muitas vezes.

Daí que ontem, (um domingo fatídico, nefasto mesmo), ao ver o pobre do meu goleiro Júlio César, (que tem nome de imperador, mas que não reinou justo ontem) tomar um peru homérico pensei: como é que erramos bem no momento no qual não podemos errar? Porque estragamos tudo, apesar da ciência da porcaria que estamos fazendo, sem poder conter a escorregadela fatal? Por Deus, como eu gostaria de saber. Não que eu ache que o meu guarda-meta tenha errado de propósito ou que a culpa da derrota seja apenas dele, isso não. Mas é claro que ele falhou, exatamente no dia, na hora, no momento no qual não podia falhar e, por isso, eu passei cá o domingo com uma ressaca terrível. Uma dor de cabeça e uma desolação sem igual.

Por isso lembrei-me do tal do equilíbrio. Lembrei-me do fato de que tentamos mesmo não errar, sermos justos e equilibrados. Claro. Mas, mesmo querendo o melhor sempre e do fundo d’alma da gente, nos desequilibramos e pomos tudo a perder quando menos deveríamos fazê-lo; nos momentos mais importantes, delicados e fatais. Perdemos a paciência e magoamos a quem menos deveríamos magoar neste mundo. Falamos demais ou de menos, agimos sem pensar ou pensamos demais, e aí nada do agir e, por essas e outras, perdemos no final. Falhamos pela falta do tal equilíbrio tão desejado.

Já pensei em meditar, em fazer yoga, em espetar milhões de agulhas numa acupuntura para alma, para ver se o tão esperado equilíbrio decide habitar por fim, e definitivamente, este corpo que me pertence. Queria a sabedoria que parece pertencer apenas aos orientais para fazer jus ao signo que me rege desde que nasci e, assim, não perder a cabeça e nem deixar-me levar pelas emoções tão frequentemente como faço, e fiz. Mas acho que não há tantas agulhas no mundo assim. Há?

Tempo, já sei. O equilíbrio vem com o tempo. Mas que tempo é esse, meu Deus? Porque quando eu tiver mais de 100 anos já não haverá muito a salvar, haverá? Não sei. A única coisa que sei, é que em muitas situações vemos que estamos errando, que estamos pondo tudo a perder, mas mesmo assim nada conseguimos fazer. Simplesmente seguimos em frente e, depois, ficamos com aquela cara de parvo a pensar: como é que eu fiz isso daqui? Como foi que eu não fiz nada? Ou, por que eu não me contive?

Pois, queria então pedir (enquanto os meus 100 anos não chegam) um pouco de paciência e aquela pitada de conivência que apenas os amigos podem ter com o meu jeito sem-jeito de ser. Eu, cá pelo meu lado, prometo que vou tentar ser um bocado mais paciente também. Ui, mas daí o defeito já é outro... Eu paciente, pois sim?! Mas juro que ando a exercitar a tal da paciência como nunca imaginei, podem crer. Quem sabe o equilíbrio virá a seguir?

Um beijo com jeito, da sem-jeito, que adora desequilibradamente a todos vocês de todos os jeitos.

Boa semana!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Tempo


O Tempo (1)

Tudo que eu tenha sido

encerra-se no fato de não sê-lo mais.

Fui, não sou. assim como o tempo,

perdi-me lentamente entre os dias da semana

sem querer, sem perceber

fui deixando para trás aquela mulher

para tornar-me um outro alguém

que ainda não conheço bem

que só o tempo poderá me apresentar

a outra (mulher)


O Tempo 2
Queria ter a inteligência de Albert e poder
provar que o tempo é relativo
e mais do que isso, torná-lo literalmente
dobrável  e flexível
Assim, passaria rápido como o pensamento
todo este tempo longe do meu preto
tempo frio e sem cor


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Caetano Veloso, Maria Gadú - Nosso Estranho Amor


Uma canção doce... sobre o mais belo amor

O Bem Querer



Sem querer o bem querer enlouquece

E quanto mais quer o tal bem querer

Menos querer ele merece.

E pisam no pobre diabo, deixando-o de lado,

Algo desnecessário, enjoado.

E o bem querer vai minguando,

Acabrunhado.

E acaba por morrer decepcionado,

Deitado quieto e de lado,

Por perceber que não adianta ele ser

Tamanho bem querer.

E então, neste preciso momento,

O falecido é desejado

Porque quando se perde o bem querer

É que se percebe que não se pode

Sem ele viver.

domingo, 15 de abril de 2012

João e Maria - Chico Buarque ao Vivo




João e Maria

Agora eu era o herói

 E o meu cavalo só falava inglês

 A noiva do cowboy

 Era você além das outras três

 Eu enfrentava os batalhões

 Os alemães e seus canhões

 Guardava o meu bodoque

 E ensaiava o rock para as matinês


Agora eu era o rei

 Era o bedel e era também juiz

 E pela minha lei

 A gente era obrigado a ser feliz

 E você era a princesa que eu fiz coroar

 E era tão linda de se admirar

 Que andava nua pelo meu país


Não, não fuja não

 Finja que agora eu era o seu brinquedo

 Eu era o seu pião

 O seu bicho preferido

 Vem, me dê a mão

 A gente agora já não tinha medo

 No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal

 Que o faz-de-conta terminasse assim

 Pra lá deste quintal

 Era uma noite que não tem mais fim

 Pois você sumiu no mundo sem me avisar

 E agora eu era um louco a perguntar

 O que é que a vida vai fazer de mim?


sexta-feira, 13 de abril de 2012

Motörhead - Enter Sandman



for a Friday 13th...

O Erro

Tudo está errado quando errado está amar.

O amor

vira pecado e deve ser segregado, segredo (segredado).

O silêncio caminhando a seu lado, de caladas mãos dadas,

cala-me. 

E eu me calo sem saber distinguir o mal do bem,

sem saber onde esconder este amor pecado, perdido e equivocado.

Tudo está errado quando errado está

te amar.

sábado, 7 de abril de 2012

13 LÍNEAS PARA VIVIR

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
1. Te quiero no por quien eres, sino por quien soy cuando estoy contigo.
2. Ninguna persona merece tus lágrimas, y quien se las merezca no te hará llorar.
3. Sólo porque alguien no te ame como tú quieres, no significa que no te ame con todo su ser.
4. Un verdadero amigo es quien te toma de la mano y te toca el corazón.
5. La peor forma de extrañar a alguien es estar sentado a su lado y saber que nunca lo podrás tener.
6. Nunca dejes de sonreír, ni siquiera cuando estés triste, porque nunca sabes quién se puede enamorar de tu sonrisa.
7. Puedes ser solamente una persona para el mundo, pero para una persona tú eres el mundo.
8. No pases el tiempo con alguien que no esté dispuesto a pasarlo contigo.
9. Quizá Dios quiera que conozcas mucha gente equivocada antes de que conozcas a la persona adecuada, para que cuando al fin la conozcas sepas estar agradecido.
10. No llores porque ya se terminó, sonríe porque sucedió.
11. Siempre habrá gente que te lastime, así que lo que tienes que hacer es seguir confiando y sólo ser  más cuidadoso en quien confías dos veces.
12. Conviértete en una mejor persona y asegúrate de saber quién eres antes de conocer a alguien más y esperar que esa persona sepa quién eres.
13. No te esfuerces tanto, las mejores cosas suceden cuando menos te las esperas.
Recuerda:
"TODO LO QUE SUCEDE, SUCEDE POR UNA RAZÓN"

The Beatles - Real Love (Legendado)



Coisas de menina e de menino.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

À Moda dos Passarinhos



Não há como evitar, é pensar em voar e o medo assola-me. Que raios faço eu dando uma de passarinho afinal? Detesto isso de avião. Queria poder enganar-me e disfarçar o tal medo, mas qual? Podemos mentir para todos, mas nunca, jamais, para nós mesmos. Que infortúnio da consciência, não? Somos um livro aberto para nós mesmos. E vai daí que sempre antes de momentos como este me vêm pensamentos tão alegres e reconfortantes: e se a porcaria do avião cair? Bom, se é pra cair que seja na volta penso eu, pelo menos assim justificam-se os gastos, o stress e aproveita-se o tempo tão desejado em aventuras distantes demais para os pés. Tudo culpa de Santos Dumont, ou não, de acordo com os americanos. Estes americanos se metem até em nossas neuroses. Arre!
No meio de meus pensamentos mórbidos, fico sempre contente quando há crianças no avião, pois Deus e todos os anjinhos da guarda devem estar naquela hora a protegê-las, com certeza. Afinal, seria uma grande sacanagem Dele, levá-las de forma brutal numa queda horrível de supetão. E penso: “Ufa, não é hoje que cai o avião”. E considero mau agouro quando há cancelamentos, mudanças ou atrasos em demasia.  Pois junto a eles vem o pensamento: será que é sinal de que a Dona Morte está a reorganizar minha agenda para que possamos finalmente nos encontrar? Que banana eu, eu sei. (risos (de nervoso))
Para meu azar supremo, vira e mexe, sobrevôo Brasília, a Capital. Talvez haja outra explicação; uma mais lógica e natural do que a minha. Contudo, para mim, aqui o ar é tão carregado pela má, aliás, péssima, influência dos políticos tão ou mais sujos que pau de galinheiro, que não há outro jeito: sempre, mas sempre mesmo, “sempríssimo” ( eu sei que a palavra não existe mas merece ser escrita), temos turbulência quando passamos por sobre a brasileiríssima e babilônica Capital da Nação. E dá-le orações: Pai Nosso, Ave Maria, conversa ao pé de ouvido com o meu São Jorge e coisas do gênero místico. Mas tudo isso discretamente, que ter medo é uma coisa compreensível, mas dar pinta já são outros quinhentos e cinquenta. Isso não!
E os lanchinhos, chamados de refeições, são bem mais ou menos. Não? Oops, acho que fui ingrata demais desta vez, pois, para minha surpresa, nem tudo está perdido. O comissário de bordo, (o dantes “aeromoço”) é bem bonitinho pro meu gosto, ou seja: bem moreno, quase a se classificar claramente como afrodescendente, e com cara de homem mau. Olha que isso chega a ser um milagre por estes dias; um “aeromoço” másculo, aleluia! Eu sei que uns e outros já devem estar a gritar: “É mona bee, nem se empolga!” Esse avião definitivamente não vai cair! Fico simpática de repente com a chegada do carrinho de comida, tão desejada agora, até mim.
Caramba, eu nem me maquiei! Isso é pra eu aprender a não sair de casa assim: desprotegida e de cara lavada. E, ainda por cima, eu e a minha pinta de intelectual-maluca-já-passada-dos-trinta não devemos ser tão atraentes assim: laptop no colo, a escrever freneticamente e com fones a tocar Buraka Som Sistema no volume total. Sei não. Sou um caso perdido mesmo. “O que a senhora quer beber?” interrompe-me ele.  E ainda tem voz de homem o tal comissário: grave e displicente. Deus foi realmente generoso hoje. Valeu! Um beijo e boas viagens para todos, que eu já ando de olho na próxima – Barcelona e Lisboa no Outono europeu.
P.S. E cá está a turbulência! As coisas que faço para ver vocês!?! Beijos, sem abraços hoje que já estou trocando as letras e vou lá bater um papo com o Jorge, o santo do dragão.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mário Quintana


O confidente sumido

Quando um amigo morre, uma coisa não lhe perdoamos: como nos deixou assim sem mais nem menos, assim no ar, em meio de algo que lhe queríamos dizer ou - pior ainda - em meio do silêncio a dois no bar costumeiro? Que outros hábitos, que outras relações terá ele arranjado? Que novas aventuras ou desventuras de que não nos conta nada?

A nós, que sempre fomos tão bons confidentes…

Que podemos fazer?

Mas, na verdade, os vivos e os mortos sempre tivemos uma coisa em comum: não acreditamos muito uns nos outros…

Mário Quintana

Branca



Ana abriu os olhos sem vontade, sem coragem. Há dias está assim, tão vazia que não encontra motivos, razões úteis ou fúteis, para mexer-se da cama. Arrasta-se pelo mundo vazia sem a alma e a alegria que antes estavam ali. Talvez, e este é o mais amargo dos pensamentos, talvez nunca houvesse alma alguma a habitar o corpo. Somos carne, ossos, sangue; nada mais. Que sentido haveria então? Tudo não passara de uma falácia amorosa e criminosa; cruel. A vida não fazia sentido algum.

 Ela olhava a parede branca de perto. Olhos semiabertos e perdidos, úmidos e opacos pela falta do espírito que um dia ela, ingênua, acreditou estar dentro dela. O telefone toca mais uma vez. Há mensagens acumuladas desde ontem nele, e a única coisa que a mulher deseja é que a esqueçam deitada. Esqueçam que ela andou pelas ruas, que riu alto e cheio a risada daqueles que crêem. Daqueles que ainda não conhecem a vida como ela é. Que castigo era aquilo para ela. Aquela consciência aguda de sermos, todos nós, miseráveis ocos sobre esta terra. Ana vai até a secretária e apaga todas as mensagens, toma um copo d’água e perde-se sentada no sofá da sala. O dia está azul lá fora.

E assim, sem muito saber o porquê, inundam-se seus olhos tais açudes no verão. Tal açude, eles sangram. Choram pela tristeza de entender que ela, a mulher que os carrega, nunca compreendeu como era a vida. Que dela não havia de esperar tanta beleza e poesia, que nela não havia nada para além do que eles, os olhos, a vida toda mostraram para ela. Cega. Ana sempre foi cega para a realidade e ousou sonhar. E quis encontrar algum sentido na vida que não residisse no viver egoísta. Ingênua. Agora esta palavra lhe parecia a mais graduada das ofensas. Ela era ingênua.

Talvez devesse mesmo procurar os médicos. Seria uma boa idéia, talvez. Pensou a menina d’alma. Sim, meter goela abaixo comprimidos que apagassem toda a consciência e a melancolia que vivem nela poderia ser bom. Uma felicidade química; moderna. Uma mentira, um anestésico. Um estofo falso para o vazio branco que ela sentia no peito oco onde ecoavam batidas lentas de um coração sem motivos. Não. Tudo deveria ser assim: cru, sem subterfúgios.

Mais do que tudo, Ana repudiava as prudências demasiadas, os eufemismos cínicos que a todos pareciam tão caros. Nada de meias palavras, de acomodações pacíficas a uma falsa satisfação, nada da conformidade covarde agradava a ela. Isso não. A menina gostava dos mergulhos de cabeça no escuro, de escancarar a alma e deixar todas as emoções e palavras conhecidas entrarem; habitarem-na. Mesmo que o preço a pagar, por ser assim, fosse caro.

O telefone desobediente toca outra vez. E se for João? Poderia ser seu amor, por que não? Porque não. E mesmo que fosse ele a chamá-la para a vida, mesmo assim, de nada adiantaria. Ana perdera-se nos olhos verdes dele, e acreditou na verdade dos sentimentos que existem dentro da gente. Acreditou na poesia e na fantasia. Acreditou. Entretanto, agora nada mais fazia sentido, pois ela entendera,finalmente, que tudo não passara de uma branca mentira. Uma brincadeira egoísta.

 Ana levantou-se do sofá e apagou a mensagem que não ouvira sem o som do telefone mudo. Ela não queria ouvir voz alguma. Nem mesmo a voz daquele que ela aprendera a chamar com todo o carinho que conhecia. “Meu Preto.” Ana estava, silenciosamente, de alma perdida.


Forro in the Dark-Nonsensical Video Clip