domingo, 10 de junho de 2012

Onde nasce o Ódio?





Nesta semana percebi que passa muito longe de mim a idéia correta do que venha a ser o ódio. Simplesmente não sei compreender e definir o significado deste sentimento tão humano quanto o amor. Aliás, muitos dizem que entre o amor e o ódio há apenas uma linha divisória tão tênue que a ultrapassamos sem nos darmos conta disso. Eu, por minha parte, duvido muito disso. Não entra na minha cabeça esta estória de que podemos odiar a alguém que amamos um dia. Não. Podemos ficar magoados, sentidos, ter a raiva momentânea quando algo que não gostamos acontece, mas é isso. E esses sentimentos estão a quilómetros do ódio, certamente.

 Fui aos dicionários para ver se eles me esclareciam a questão, para ver se isso de odiar me ficava mais claro e eu compreendia, por fim, os porquês deste sentimento. O ódio, de acordo com o Seu Aurélio, é uma aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia. E não é que o tal dicionário não me esclareceu nadica de nada? Sim, porque a raiva eu entendo como um espirro, ou seja: algo que incomoda e irrita, mas que passa em segundos e, vamos concordar, depois de uns cinco minutos ninguém lembra que espirrou, lembra? A antipatia é comum, vá lá. Afinal não gostamos de todo mundo. Há aqueles que consideramos chatinhos e dos quais, disfarçadamente ou não, nos afastamos sempre que possível. Mas este é um sentimento corriqueiro e, não deve nos incomodar porque, com toda certeza, há pessoas que nos acham uns chatos também. E, contribuindo com Nelson Rodrigues, eu diria que a unanimidade é falsa, além de burra.

Mas, cadê o tal ódio que nos cega? Por que e onde nasce e vive este sentimento tão forte que justifica desde o extermínio de povos vizinhos até o esquartejamento de amantes? Que coisa é essa que faz com que pessoas agridam umas as outras apenas pelo fato delas serem como são, sem que tenham trocado uma palavra ou um olhar sequer? Por que há em alguns esta capacidade de odiar que em nada me parece próximo a amar, mas sim o inverso completo disso? Não sei.

Nesta semana vi depoimentos de meninos palestinos, entre 12 e 17 anos, presos por serem meninos-bomba e terem tentado explodir-se e levar consigo alguns israelenses inocentes, ou nem tanto assim. Curiosamente, não havia ódio nas palavras deles, mas apenas a estranha idéia de que aquilo era o melhor que podiam fazer para si mesmos e os seus; uma vingança contra homens sem rosto em busca da paz e da felicidade num paraíso de contos fantasiosos. Meninos confusos e sem expectativas, mas e o ódio?

Um amigo postou o seguinte esta semana: "É uma das coisas mais tramadas que descobri sobre as emoções humanas e o traiçoeiras que podem ser - que por mais que se odeie de alma e coração um sítio, ainda se pode ter saudades dele. Já sem falar nas saudades que podemos ter de uma pessoa que odiamos de alma e coração." em "O Segredo de Joe Gould", de Joseph Mitchell.  O que  me soou masoquista, e confundiu-me ainda mais. Afinal, o que é odiar? O que significa a aversão inveterada e absoluta? O rancor?

Bom, talvez, o melhor seja, simples e ingenuamente, desconhecer o significado real do tal ódio e seguir em frente apenas com a intenção apatetada de comprovar a veracidade do verbo amar.



Um beijo sem raiva alguma, só com carinho, para todos.

Boa semana

Nenhum comentário:

Postar um comentário