quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sem razão de ser


OlhosCrentes


Um dia os olhos abriram-se como nunca antes fizeram,
a olhar um mundo falacioso como se fosse
 a vida que a eles pertence;
a vida que os espera além de oceanos e cordilheiras
feitos de crença.
Vão os olhos, enfeitiçados por olhos alheios à dor
da ilusão, a guiar as pernas à perdição.
Ah, estes olhos meus, tão certos em seus equívocos quixotescos,
acham-se capazes de enxergar muito além;
de ver aquilo que mais ninguém vê. Globos tolos
que se imaginam visionários a reconhecer os passos,
e a sentir o compasso
de todo o bem querer.
Meus pobres olhos cegos, iludidos, pensam ver esta verdade
que não passa de miragem e,
de perto,
desaparecerá.

AlmaMenina


Procuro a menina
não para bonecas
nem para as casas de uma amarelinha saltar
procuro a menina
apenas para justificar
a falta de razão, de bom-senso e de siso
desta paixão
tão propriamente inerente
a alma da menina que fui um dia
e que deve esconder-se
nalgum canto secreto e cheio de estrelas,
vagalumes
e borboletas
deste meu coração.

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