E quando
chega a noite eu conto os minutos à espera de um sinal por ténue que este possa
ser, um sinal da tua atenção. Porventura uma amostra de dedicação, assim o queiras,
assim a queiras dispensar. Uma mensagem que seja (pode ser curta, pode ser
mínima, desde que seja – e para isso basta um asterisco). Algo que revele
curiosidade, ou quem sabe, preocupação com o meu bem-estar. Algo que atenue o
desconforto que hoje sinto pela imitação da vida que vou levando sentado com um
sorriso na sala de estar. Eles riem pra mim. E eu vou anuindo cinicamente, ao
mesmo tempo em que penso no vestido negro do qual falaste, como se fosses uma
adolescente ansiosa pela sua primeira saída à noite.
Tenho saudades
tuas.
Saudades de alguém
que na verdade não conheço mas julgo entender. Melhor: tenho saudades de alguém
que, mais que tudo, eu quero que seja aquilo que o meu desejo idealiza ser. Suponho
que não o serás (não existe pessoa assim). Mas mostra-me esse vestido, tal como
prometeste, e já agora levanta-o até à coxa... eu prometo que não te chateio
mais. Pelo menos até a manhã chegar e eu realizar que acordei. Sozinho.
A minha canção...
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