A primeira coisa que eu vi quando
Diego nasceu foi sua mão de dedos muito longos e magros; mãos de pianista com
seus dedinhos de aranha bem branquinhos e impressionantemente longos para um recém-nascido.
Diego era, naquele momento, ainda muito parecido com seu irmão, o meu Pedro,
mas, ao mesmo tempo, aquele menino já dava mostras das diferenças e novidades
que nos mostraria durante a vida.
Nesta última quarta-feira,
sentada com ele na sala e com seu braço quebrado à altura do punho na minha
mão, lembrei-me desse momento: de seus dedos compridos a saírem para o mundo
como se quisessem tateá-lo. Dieguito nasceu em movimento. Hoje, aos 3 anos e
meio, ele já mostrou ao que veio. Ainda
muito branquinho e magrelo, com seu perfil longilíneo e dourado tal anjo torto,
nada rechonchudo ou tranquilo, este menino desafia a ordem das coisas e a
maneira como elas são e estão. Diego é movimento constante e uma personalidade
forte e desafiadora que parece não conhecer o significado da palavra sossego,
um menino feito de vento.
E lá estávamos nós: ele com dor
no braço que quebrara numa queda até rotineira no meio da sua correria diária,
e eu com dor na alma vendo seu braço antes reto agora quase a formar um esse na
minha mão. Foram poucos os minutos entre a queda e a nossa saída às pressas
para o hospital, entretanto, não houve como não sofrer por ver o meu Magrelo
ferido. E nestes momentos dá mesmo vontade de ser muito mais do que um ser
comum. Ser gente parece pouco demais. Dá vontade de ter superpoderes, de poder
consertar tudo, de voltar no tempo e de ter feito algo diferente para mudar o
presente. Mas, não há como voltar atrás, infelizmente.
Sei que logo a dor passará e que
Diego esquecerá tudo o que aconteceu neste Halloween desastrado. Ficará apenas
uma cicatriz que no futuro se juntará a outas a mostrar sinais de seu percurso
pela vida de menino a virar homem; e ainda há muito tempo pela frente. Tempo para
nos conhecermos mais e para aumentar e aprofundar este amor que hoje existe
entre nós; um amor que, ao oposto de tudo que Diego faz, nasceu lentamente para
durar para sempre.
Um beijo para todos que amo,
família e amigos. Um beijo especial para
o Diego que, mesmo sem o ser no papel, é meu afilhado de coração.
Um beijo da Madrinha
Didi!
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