sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Um menino feito de vento





A primeira coisa que eu vi quando Diego nasceu foi sua mão de dedos muito longos e magros; mãos de pianista com seus dedinhos de aranha bem branquinhos e impressionantemente longos para um recém-nascido. Diego era, naquele momento, ainda muito parecido com seu irmão, o meu Pedro, mas, ao mesmo tempo, aquele menino já dava mostras das diferenças e novidades que nos mostraria durante a vida.

Nesta última quarta-feira, sentada com ele na sala e com seu braço quebrado à altura do punho na minha mão, lembrei-me desse momento: de seus dedos compridos a saírem para o mundo como se quisessem tateá-lo. Dieguito nasceu em movimento. Hoje, aos 3 anos e meio, ele  já mostrou ao que veio. Ainda muito branquinho e magrelo, com seu perfil longilíneo e dourado tal anjo torto, nada rechonchudo ou tranquilo, este menino desafia a ordem das coisas e a maneira como elas são e estão. Diego é movimento constante e uma personalidade forte e desafiadora que parece não conhecer o significado da palavra sossego, um menino feito de vento.

E lá estávamos nós: ele com dor no braço que quebrara numa queda até rotineira no meio da sua correria diária, e eu com dor na alma vendo seu braço antes reto agora quase a formar um esse na minha mão. Foram poucos os minutos entre a queda e a nossa saída às pressas para o hospital, entretanto, não houve como não sofrer por ver o meu Magrelo ferido. E nestes momentos dá mesmo vontade de ser muito mais do que um ser comum. Ser gente parece pouco demais. Dá vontade de ter superpoderes, de poder consertar tudo, de voltar no tempo e de ter feito algo diferente para mudar o presente. Mas, não há como voltar atrás, infelizmente.

Sei que logo a dor passará e que Diego esquecerá tudo o que aconteceu neste Halloween desastrado. Ficará apenas uma cicatriz que no futuro se juntará a outas a mostrar sinais de seu percurso pela vida de menino a virar homem; e ainda há muito tempo pela frente. Tempo para nos conhecermos mais e para aumentar e aprofundar este amor que hoje existe entre nós; um amor que, ao oposto de tudo que Diego faz, nasceu lentamente para durar para sempre.


Um beijo para todos que amo, família e amigos.  Um beijo especial para o Diego que, mesmo sem o ser no papel, é meu afilhado de coração.

Um beijo da Madrinha Didi!


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