sábado, 24 de novembro de 2012

Sete Minutos



Sete minutos durou a mais longa viagem da minha vida
sete minutos, quatorze,
de um ir e vir sem destino,
inócuo e desvalido
do Cais do Sodré à Cacilhas
adindo, assim, às lágrimas dos outros as minhas
naquele rio que, como eu,
está destinado a perder-se pelo mar.
sete minutos, quatorze,
antes e depois de ver o verde dos teus olhos
a tentar decifrar o que faziam os meus ali
a esconderem-se de ti, de mim,
numa tarde quando foi difícil, doído,
o dizer,
o comer,
o sentir,
o ser.
não me basto, e como bem o disseste, Carlos,
não há neste  mundo pessoa que me salve de mim.
Quatorze minutos, sete por fim, de Cacilhas ao Sodré
foram os mais duros minutos
da viagem mais longa que já fiz
sem olhar para trás, sem coragem para ver
o mais forte de todos os desejos a afogar-se
nas águas do rio que separa,
por sete minutos,
Lisboa de Almada.

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