Sete minutos
durou a mais longa viagem da minha vida
sete
minutos, quatorze,
de um ir e
vir sem destino,
inócuo e
desvalido
do Cais do
Sodré à Cacilhas
adindo,
assim, às lágrimas dos outros as minhas
naquele rio
que, como eu,
está
destinado a perder-se pelo mar.
sete
minutos, quatorze,
antes e
depois de ver o verde dos teus olhos
a tentar
decifrar o que faziam os meus ali
a
esconderem-se de ti, de mim,
numa tarde
quando foi difícil, doído,
o dizer,
o comer,
o sentir,
o ser.
o ser.
não me
basto, e como bem o disseste, Carlos,
não há
neste mundo pessoa que me salve de mim.
Quatorze minutos,
sete por fim, de Cacilhas ao Sodré
foram os
mais duros minutos
da viagem
mais longa que já fiz
sem olhar
para trás, sem coragem para ver
o mais forte
de todos os desejos a afogar-se
nas águas do
rio que separa,
por sete
minutos,
Lisboa de
Almada.
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