Manifestações em São Paulo, junho/2013 - Fonte: O Estado de São Paulo |
E de repente o brasileiro sai à
rua. Talvez sem muita direção ainda, pois não temos muito este hábito por cá;
mas sai para rua a mostrar seu desconforto. E, apesar da desconfiança que tal questão nos causa, pelo menos para nós que já temos anos de janela e não
acreditamos tão piamente na alma humana, dá-me imensa satisfação pensar que
estamos reaprendendo aquilo que nunca deveríamos ter esquecido: que temos que lutar,
pelo menos tentar lutar, por aquilo que acreditamos ser justo.
O próximo será um ano de eleições
e, portanto, fica difícil não imaginar que há interesses outros em qualquer movimento
de caráter político que ponha a cara na rua por estes dias. Eu sei. E mesmo que
afirmem que não há partidos políticos envolvidos e que aquela seja uma
demonstração dos cidadãos sem um ou quaisquer lideres a guiá-los, como prega o
Movimento Passe Livre responsável pelas manifestações contra os aumentos nos
transportes coletivos em São Paulo, mesmo assim, senta-se confortavelmente a
pulga, e sua desconfiança, atrás de nossa orelha, não? Senta-se, mas não
deveria se sentar.
Sei que isso de manifestação
pública parece pouco, quando não nada, adiantar de algo neste país onde até a independência
foi negociada pelas partes interessadas, os donos de Portugal e os donos do
Brasil, sem nenhuma influência da população. Contudo, não podemos esquecer que vez
ou outra as pessoas deste país lembraram-se do peso que todos juntos temos e
tentaram, verdadeiramente, fazer parte da vida política do país como deveria
sempre fazer todo cidadão. E já saímos pelas ruas contra a ditadura e contra a
corrupção, por direitos iguais a todos e por mais justiça na nação. Saímos, e
espero que saiamos cada vez mais.
Espero, como quase todos esperam,
que nestes momentos saibamos usar nossos argumentos e não as mãos, porque
acredito piamente que batalhas justas são aquelas travadas e vencidas com
palavras. Ideias não existem para serem defendidas pela força, pois se este é o
caso o argumento está perdido desde o princípio. Antes de lutar por transportes
mais baratos, por salários melhores ou por uma cidade menos violenta, devemos
lembrar que a democracia é o bem maior de qualquer cidadão.
No próximo dia 13 teremos uma manifestação
aqui em Fortaleza por uma cidade menos violenta. Não há como negar que nos
últimos anos a violência cresceu muito e que hoje não vemos mais a
tranquilidade dos dias que tínhamos no começo deste século. Assim como no
Brasil inteiro, aqui a má distribuição de renda e o pouco respeito pelo bem-estar
comunitário cobra preços cada vez mais altos e a vida torna-se mais e mais
difícil para todos e para cada um. Então, mesmo que seja lenta a mudança,
espero que aprendamos a fazer política neste país e que as ruas fiquem mais cheias de gente sempre que isso for necessário.
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