Por algum motivo
que me escapa, e ainda não sei se por estrema inocência ou por grande esperteza
minha, o Brasil anda a dividir-se entre duas metades: aqueles que apoiam a
Presidente da República, Sra. Dilma Rousseff, e aqueles que apoiam a saída da
dita senhora da Presidência da República o quanto antes e clamam pelo tal do Impeachment.
Escapa-me a motivação para tanta discussão já que para mim a questão é muito
simples. Não há quem apoiar ou por quem lutar nesta Brasília de Cunhas, Rousseffs
e Calheiros, pois, como cantou muito bem o malandro e safo Bezerra da Silva, “Se
gritar pega ladrão, não fica um meu irmão!”.
É verdade que a
falta de caráter geral daqueles que nos governam contribui para que a confusão
se instale. Por um lado, como apoiar um Impeachment
usado como moeda de troca, chantagem da grossa, pelo Excelentíssimo Senhor Eduardo
Cunha? Pois, não há como unir forças com um homem desses, certo? Seria o mesmo
que encarnar o Anakin Skywalker e aliar-se ao lado Dark da Força. Muito feio isso, não?
Por outro lado,
crer que a Excelentíssima Presidente da República e o Excelentíssimo Senhor Luiz
Inácio da Silva estão incólumes nos escândalos de corrupção/roubo do dinheiro
público que envolvem o país inteiro, (de Mensalão a Petrolão, dos Correios aos
Fundos de Pensões, e diversos outros roubos escandalosos que formam uma lista
longa que só), é a mesma coisa que crer no Coelhinho da Páscoa e no bom Velhinho Noel. Não dá, não é?
E, por favor,
acreditar que o tal Impeachment é um golpe das elites brasileiras para tirar do
governo um partido e uma presidente que lutam pelo povo é o mesmo que acreditar
na lengalenga old school de Chaves e
Maduro a culpar os temidos Yankees por toda e qualquer desgraça que assola a
Venezuela. É verdade que os Americanos
são uma praga a se meter na vida de todo Mundo há anos, entretanto, não foram
eles que quebraram a Venezuela. Isso os governos Chaves e Maduro fizeram sozinhos.
Aliás, assim como a desastrosa e nada hábil Presidente da nossa República
Federativa do Brasil, em seus dois mandatos, está a quebrar o Brasil.
É verdade que a
elite brasileira, assim como toda a elite deste planeta, detesta dividir seu
espaço com as classes menos favorecidas; e isso é um fato. Contudo, alguém
realmente acredita que as elites brasileiras não foram, e são, profundamente
favorecidas durante todos os anos dos governos do PT? Afinal, por que será que vemos
banqueiros, pecuaristas, doleiros, empreiteiros e outros tantos homens e
mulheres muito ricos na cadeia hoje em dia? Não são eles os verdadeiros “companheiros”
de Lula? Eu creio que sim.
Eu, por meu
lado, importo-me pouco se o tal Impeachment sairá ou não, pois acredito que com
ou sem ele não teremos a Senhora Dilma por muito tempo à frente de nosso País,
e anda a faltar pouco para vermos a mão do próprio PT a puxar, com força, o
tapete de Dilminha. Importa-me muito, isso sim, compreender este Nosso
Impedimento de perceber que não há fins que justifiquem quaisquer meios sujos.
O lugar de quem rouba dinheiro, principalmente de quem rouba muito, mas muito
dinheiro público é na cadeia e não no Congresso, no Palácio ou em qualquer
Ministério que seja; e ponto final.
Eu planejei passar o Natal e a
chegada do novo ano com meus pais; com minha mãe. Deus tinha outros planos e
minha mãe não está mais aqui. Fim dos meus planos para um Dezembro ideal sem
delongas e ponto final. Pois, como sempre ocorre com o que segue sem o nosso
desejo, tais planos celestiais não estavam abertos à discussão e Deus, e nem
ninguém mais, queria saber qual era a minha opinião, ou qual a opinião de todos
que amavam a minha Mi.
Minha mãe partiu para o tal
Além-mar divino tranquilamente. Apesar de não ter gostado muito da tal decisão
divina; eu devo admitir que não há nada melhor, hoje para mim, do que a certeza
de que para a minha mãe não existe mais qualquer sofrer. Seu sofrimento me
desesperava e, se agora ela está bem, não me importa que ela esteja tão longe
daqui. Tudo está melhor para mim também.
Todo final de ano eu faço planos.
Todos nós fazemos planos para o ano que se iniciará, e isso é fundamental
porque ter objetivos é o que nos move nesta vida. Sempre devemos querer mais e
devemos criar, da maneira que mais nos agrada, o tal caminho a seguir. Eu, cá
comigo, já estou a fazer planos para os próximos dois ou três anos. O Mundo é
grande demais para estarmos acomodados e, apesar de termos muito tempo, não
teremos jamais todo o tempo que gostaríamos de ter para tudo.
Pois, viver é aproveitar o
momento e ter planos futuros. Entretanto, não podemos nos esquecer de que não
somos os únicos autores desta estória e de que ela não será exatamente como nós
gostaríamos que ela fosse por muitas e muitas vezes. Levamos a vida, mas ela
também nos leva e temos que aprender a aceitar o não planejado como o certo. Como
aquilo que tinha que ser.
Eu sei que, às vezes, demora
muito para aceitarmos aquilo que não queremos. Afinal, seria tão bom se a vida
fosse exatamente como nós a imaginamos. Seria fenomenal! Contudo, como
personagens, nós desconhecemos aonde a tal trama vai nos levar e, por isso,
demora um bom pedaço de tempo para compreendermos os porquês desta vida que
Deus nos deu. Então, o negócio é aproveitar o tal enredo da melhor maneira
possível e guardar um punhado do tempo que nos é dado para os pequenos momentos
poéticos que valem por uma vida inteira. Momentos lindos, eternos e inesquecíveis
que guardamos, feito objetos de estimação, para sempre.
Assim que dobrou
a esquina, João percebeu que havia algo de errado. Apesar de não conseguir
distinguir o que lhe causava aquele estranhamento, ele sabia que alguma coisa
estava fora do lugar. Mais do que um fato, um sentimento o atingiu e, por isso,
ele diminui o passo na avenida abafada no centro da cidade.
Esquecera a
carteira, talvez. Buscou-a na mochila cinza que ele carregava, displicente, no
ombro direito. Não. Ele não tinha esquecido a carteira, nem o telefone, nem
mesmo seu caderno de anotações. João gostava de escrever. Escrever era uma
terapia e, papel e caneta estavam sempre à mão. Caderno azul e caneta preta.
O que era aquele
sentimento então? Bobeira, pensou. Continuou seu caminho em direção do trabalho
na rádio e tudo lhe parecia normal. As pessoas caminhavam apressadas, os carros
abarrotavam as ruas, fazia muito frio num dia cinza de inverno e a manhã
passava rotineiramente. Chovera muito na noite anterior e ainda agora ele podia
sentir a umidade nos ossos. Que dia gelado, pensou.
João já descia
as escadas do Metrô quando ele se lembrou: Hoje é dia 27, é isso. Por onde
andará a Ana? Há mais de um ano não nos falamos, e já se foram tantos anos
depois daquele maio. Ana...
Um homem esbarra
em João e lhe interrompe os pensamentos. João balança a cabeça jogando para
fora as tais bobeiras e continua seu caminho. O dia será cheio e ele não acha
qualquer razão para se lembrar da Ana. Esta é uma estória que já acabou há
algum tempo; há um bom tempo. A vida é outra e há outras coisas a fazer, outras
pessoas.
O trem chega à
estação, lotado, e João suspira resignado. Não há o que fazer, ele precisa
estar na rádio em meia hora. O homem se espreme entre tantas pessoas num
pequeno espaço, encostado ao lado da porta no final do último vagão. A porta se
fecha e o trem sai.
João olha
distraído para frente e seus olhos se impressionam. Alguns metros à frente,
sentada num banco a ler, está Ana. Os cabelos mais curtos, ela está menos magra,
talvez; com um vestido de inverno que João nunca havia visto. Ana...
Ontem passamos teu primeiro aniversário sem ti, Mima. Estranho isso. Estranho não ter para
quem dar o tal do Feliz Aniversário direito, não ter presente para comprar, não
haver um bolo a fazer. Foi estranho como foi estranho o meu aniversário sem ti este ano.
Como estranho será celebrar o Natal e ver o próximo ano chegar. A vida segue,
claro, e estamos bem. Contudo há esta saudade doída e uma pequena tristeza que
nos acompanha e que fala mais alto nos momentos nos quais estaríamos todos
juntos.
Muita coisa
aconteceu depois de você ter ido para o seu além-mar celestial; coisas bonitas
e coisas horríveis. Toda vez que algo triste acontece me conforta o fato de você
não estar aqui para vê-las e penso: ainda bem que a Mima não viu toda esta
tristeza. As bonitas eu espero que você possa ver daí dando uma espichadela de
olhos para cá. Ver, por exemplo, que a Vitória está crescendo linda, que o
Nícolas está a cada dia mais falante e esperto, que o Papai vai bem apesar de
ainda estar um tanto amuado. Ele tem se esforçado muito, mãe; muito mesmo. O
Sérgio e eu estamos bem.
Sabe Mima, toda
vez que rio alto me lembro de ti. Lembro-me da tua risada feliz e cheia e te
imagino rindo muito aí. Imagino-te com a vovó Estela, com todos os meus avôs e seus
irmãos e te sinto muito feliz. Apenas acho muito chato isso de não haver
qualquer forma de te ouvir e ver. Faz-me muita falta a tua voz, e a melhor
invenção do mundo, atualmente, seria um telefone ou uma internet que pudesse
nos conectar. Se encontrar aí o senhor Steve Jobs, veja se ele não pode nos ajudar
com muita inspiração, tá bom?
Mima, desculpa o
meu atraso para te escrever. Queria ter escrito ontem, porém, não consegui. Contudo,
tenha certeza de que me lembrei de ti o dia todo, desde o momento no qual abri
meus olhos. Amo-te, mãe, e isso não mudará nunca e vale para cá e para o além. Feliz
Aniversário Mima!
Calhorda, no dicionário, significa: pessoa desprezível ou de
baixo nível moral. Aqui no Brasil o vocábulo ganhou novos contornos e anda a
ser um sinônimo mui utilizado para nomear os políticos que nos representam. No Brasil
político é sinônimo de calhorda. É verdade que não é bem assim, e que boa parte
da classe política deste país está cheia de boas intenções, apesar de agir
muito pouco em sua maioria. Contudo, não há como negar que estamos metidos numa
espécie de show de horrores no que diz respeito aos que nos governam, pois, não
precisamos prestar muita atenção para percebermos que temos, espalhados por
todos os antros e cargos públicos desta Nação, ladrões de carreira, evangélicos
retrógrados de carteirinha, mentirosos contumazes, corruptos crônicos, prevaricadores,
chupins com pouca massa cinzenta e os oportunistas anjos-do-pau-oco de costume.
Por estes dias, o Cara-de-Pau bola da vez, o Sr. Eduardo
Cunha, deu uma entrevista para padre ver, (no caso dele pastor evangélico), a
demonstrar com sua conversinha para boi dormir que ele nunca fez nadica de nada
errado na vida. E, à la Maluf, explicou que nunca mentiu sobre não ter o
dinheiro no exterior que ele deveras tem. Todo santo-empresário-do-bem, Cunha explicou
que tanto dinheiro foi ganho com a venda de carne e outros alimentos ao Congo,
apesar de não haver como prová-lo já que isso ocorreu no século passado e a tal
empresa não existe mais. E que é natural que ele não possa explicar parte do
dinheiro “em seu nome”, pois, e de fato, ele não sabe direito de onde veem os US$
1,3 milhões em depósitos feitos em suas contas, que não são suas; porque ele,
Cunha, não as administra e é, apenas, aquele que pode usufruir do dinheiro todo.
A primeira pergunta que me vem à cabeça, depois de ouvir a
entrevista, é por que será que na minha conta, aqui no Brasil mesmo, nunca
nenhum dinheiro jamais foi depositado por milagre sem que eu soubesse de onde
vinha? E sinto-me tão pobre que acho que o certo, atualmente, é criarmos
algumas novas classes para descrever os tipos de gentes aqui no Brasil, porque
isso de classe A B C e D não dá mais conta da disparidade de dinheiro que
existe entre quem trabalha e produz algo e aqueles que governam este país. Acho
que devemos deixar a timidez de lado e irmos, sem qualquer pudor, até o Z, não?
A segunda pergunta que me vem à cabeça, na atual conjuntura,
é: ainda é feio e pecado darmos uns bons tapas na cara dos políticos em meu
país ou isso já começa a ser visto como um ato honrado? Pergunto porque o
limite de indignação anda a níveis estratosféricos e a paciência, pelo menos a
minha e a de muita gente que eu conheço, já acabou faz um par de anos; pelo
menos.
Chistes à parte, a verdade é que andamos a afundar o país na
merda mais uma vez, infelizmente, e que isso é algo muito ruim para todos nós. Pois
nós, os brasileiros de pouco dinheiro, vivemos num país violento, injusto e sem
infra-estrutura que reserva aos seus cidadãos com pouca grana uma vida, no
mínimo, difícil. Claro é que o senhor Cunha não é o único, ele é apenas um de
um bando cruel que nos assalta há anos. Porém, o mais importante é lembrarmos
que somos nós os que damos a eles o poder e os cargos dos quais agora tiram
todo o proveito possível. Então, mesmo que demore um pouco, e se começarmos a
prestar mais e mais atenção em tudo que se passa por aqui, nas urnas poderemos
retirar toda essa gente podre que grassa e desgraça no Planalto Central e
adjacências.
O ano de 2015 resolveu ser uma
vertigem. Assim tem sido este ano no qual tudo parece querer acontecer de um
repente e sem muitos rodeios. A característica destes 365 dias que ainda não
findaram tem sido a velocidade; a sua característica camaleônica para a mudança
instantânea. Meu mundo, neste ano, já mudou algumas vezes e me sinto, nalguns
dias, como se tivesse numa montanha-russa moderna: a ver o mundo de ponta
cabeça.
Não posso dizer que tenha sido um
ano ruim, ou um ano pior do que os outros, já que nele coisas muito boas,
excelentes, e outras, as ruins, (aquelas para as quais não temos vontade alguma
e rezamos para que elas aconteçam apenas bem longe de nós), aconteceram de
maneira equilibrada. Ganhamos a Vitória e perdemos a minha Mãe. Vi como o mundo
é lindo na companhia de meus pais, de meus sobrinhos e afilhados, e coisas
horríveis pela televisão. Despedi-me do amor desta vida e vejo o amor dar seus
primeiros passos nas vidas dos meus miúdos. Pois, nada do tédio e da mesmice
dos anos que passam sem deixar marcas para o tal do 2015, que este ano, sem
muito aviso, veio para não ser esquecido jamais.
“C’est la vie!”, e contra a vida não
podemos lutar, não devemos fazê-lo. Devemos é compreender que por mais que
queiramos controlá-la, por mais que achemos que somos donos de nossos narizes e
que teremos nossas vidas em nossas mãos, nunca o faremos por completo. A vida é
mudança e movimento; sempre. E sem
mudança não haveria graça alguma em estar vivo. Não haveria perdas, é certo,
mas nem ganhos, não teríamos com o que sonhar e nem pelo que lutar. Sem saber que tudo acaba, e acaba
definitivamente, nada teria para nós o valor imenso que tem. Somos efêmeros,
como é tudo aquilo que nos cerca e que fazemos, e por isso, o certo não é lutar
contra a vida, mas aproveitá-la da melhor maneira que sabemos e podemos.
É verdade que as mudanças, vez ou
outra, deixam-nos zonzos, e que tanto rir muito como chorar demais faz parte da
estória. Porém, como já disse o outro, e eu mesma em outros momentos já
plagiei: a promessa que temos é de que a vida pode ser bela, não fácil. Então,
que venham mais anos, como o maluco ano de 2015, cheio de novidades.
Não, nenhum time
de futebol é mais importante do que as coisas mais importantes da vida. A
família, os grandes amigos, a carreira e muito mais, sempre que paramos e
pensamos a sério sobre a questão, veem primeiro, não? Sim, estas coisas veem
primeiro. Porém veem sem uma afirmativa categórica e final em meio a um muxoxo.
Veem, né?!
Não há o que
discutir sobre isso, contudo, não há como discutir também, e da mesmíssima maneira,
a grande paixão que acompanha o futebol. Ter um time do coração é ter um amor eterno
e desinteressado, algo próprio das almas inocentes que creem em heróis e
milagres, e que nos acompanha desde a infância. É sentir uma paixão rotunda e
perfeita como a bola que não necessita lógica ou explicação. Algo que se compreende
automática e plenamente com a expressão: é o meu time de coração.
Pois que o
coração bate mais rápido apenas por um time só. Sempre. E torna-se difícil
assistir impavidamente a uma partida qualquer deste time que em nossa alma se sobrepõe
a tal da seleção nacional sem qualquer sombrinha de dúvida que seja. Gosto da Seleção
Canarinha, claro, mas o Timão é o Timão e ponto final. E com ele há a ansiedade, há o desejo de
chutar a bola, há a certeza de que os nossos olhos fazem toda a diferença no
final da contenda e que, por isso, não podemos desgrudar-los da tela plana até
o último segundo com pena de um castigo fatal; perder.
Domingo é dia de
bola, e neste domingo mesmo com o placar a marcar 3 a 0 para mim, os nervos
estavam à flor da pele. Não dá para não sentir o coração apressado e a garganta
em nó. Faltam apenas 8 rodadas para o final deste Campeonato Nacional onde sou
líder e, com um misto da soberba certeza de quem sente que tudo dará certo e do
cuidado de quem sabe que nada está definido, começo a tecer a nova faixa na
imaginação. Sim, assim como em 2012 na Libertadores e no Mundial, sinto que a
Taça é nossa e que é apenas uma questão de dias, um mês e pouco, para o grito
cá guardado sair enlouquecido pela boca afora. É Campeão!
Como é duro ser
Andorinha
E ter o coração divido em partes
Espalhadas por tantos lugares
Norte
Sul
E muito além do mar
Pois mesmo dona de asas
A saudade sempre está
Do lado de lá
Onde eu não posso estar.
Frida Kahlo me impressiona desde há
muito tempo pela sua coragem e força. Ela é um acontecimento que ecoa até hoje,
feito os Beatles e Gandhi, tal como Picasso, Chaplin ou Guevara; e gosto dela
como se gosta dos gênios: com uma pontinha de inveja de sua grandiosidade. Procuro
em mim um pouco de Frida Kahlo como quando menina, muito pequena e inocente,
queria ter as qualidades de uma princesa ou da Mulher Maravilha. Frida é
heroína, é modelo a ser seguido para grande parte das mulheres latinas e, quiçá,
de outras praças mais distantes também.
Nunca quis ser pintora e mal sei
desenhar flores e casinhas, coisa que não me importa. Pois, e apesar de gostar
muito das obras da Senhora Kahlo e de saber de toda a sua importância na
pintura e cultura latino-americana do século passado, o fato é que a admiro em
demasia pela mulher que ela foi. Frida era corajosa e inteligente, aquela menina
tinha toda a coragem necessária para abraçar seus sentimentos e, sem medos,
deixá-los fluir. Frida não tinha medo de sentir e de expressar livre e
claramente o que se passava dentro dela. Ela não tinha barreiras ou fronteira
erguidas ao redor dela.
Por algum motivo que me foge, em
nossa cultura, o pensar e o sentir tornaram-se opostos em algum momento. Amar profundamente
a alguém ou ter os sentimentos vivos e à flor da pele, passou a ser um defeito feio; um aleijão o qual
devemos esconder do mundo inteiro, um erro. Por quê, hein? Bem, claro é que não
devemos depositar toda a nossa capacidade de felicidade na vida em alguém ou em
qualquer coisa que seja. A vida não é assim. Ela não é apenas uma só, única e
simples; nunca foi não senhor. A vida é complexa, confusa às vezes, e ela é tão
melhor quanto maiores forem as ramificações que damos a ela. Isto é certo.
Entretanto, não podemos negar que há
pessoas que nos fazem uma falta danada que só e que serão sempre únicas e essências.
As nossas porções de grande felicidade instantânea e vital. Mãe, pai, amigos, os
irmãos, filhos, sobrinhos e afilhados, os amores vividos, o homem de nossa
vida... Como esquecer qualquer uma dessas pessoas ou não se sentir um pouco
mais vazio quando uma delas não está aqui? Não dá. Então, apesar de tentar
encarar tudo nesta vida da melhor maneira possível, e de saber que deverei
continuar a viver e a aproveitar esta vida que me é dada. Apesar disso, também
sei que não posso me permitir um meio sentir. Sentir as coisas com freios é tão
sem razão de ser quanto descer um escorregador se agarrando nas bordas para
evitar que a velocidade aumente. O bom é sentir o vento no rosto e ter a
sensação de que estamos quase a voar, é soltar as mãos na montanha russa e
gritar.
O bom é amar e deixar isso sempre muito
claro, mesmo que do outro lado da conversa, do poema, do beijo ou do abraço a
outra pessoa não esteja pronta ou disposta para um amor tão explicito como este.
É, a vida não é perfeita, ela é boa, bonita e divertida. Contudo, o amor, mesmo
o não tão perfeito ou correspondido, não é ou será feio ou ruim. Jamais. O amor
é um bem-querer mais que, simplesmente, um querer toda santa vez. Amar
profundamente as pessoas e todas as coisas desta vida não é um sinal de pouca inteligência
ou de um vazio interior terrível. Antes, esta é uma capacidade dos que não têm
medo e que já compreenderam que uma vida não foi feita para ser vivida sozinha.
“Amuralhar o próprio sofrimento é
arriscar que ele te devore desde o interior.”