sábado, 1 de setembro de 2018

mudo



mudo

Saíram em disparada, boiada em desespero,
escapando-me pelos dedos
todas as palavras.
Restaram poucas letras que não chegam
a poder
ou a querer
dizer coisa alguma que à pena
valha.
Esconderam-se as opiniões,
faleceram melancólicos os infinitos
e teimosos comentários,
empalideceu
todo e qualquer recado cheio de sentimentos
tresloucados
que um dia respirou demoradamente
dentro de  mim.
De pouca ou nenhuma serventia mostram-se
os dedos mudos
e a língua sem qualquer habilidade para o tato.
Hoje,
depois de tanto tempo passado
(dias, meses, anos...
uma infinidade de tempo a redigir uma Ode àquilo que um dia poderia ser a fantasia mais
real desta vida),
emudeço
lentamente.

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