Nada
Como se tudo
fosse assunto antigo, o mundo para mim anda a apresentar-se repetitivo e desinteressante.
Nada inspirar-me como dantes. De um repente, sem eu saber dos porquês e sem
senões converti-me em mera observadora de tudo que passa sem paciência para as
tragédias ou apetite para as tramas. O fato é que cansei-me de tudo.
Cansei-me das discussões
acaloradas e de lutar por aquilo que penso ser o certo, cansei-me da crença e
da busca sem descanso por um sentido real e verdadeiro para a vida. Direitos iguais,
a busca por um mundo mais justo para todos, e todo o etc. e tal que acompanha
àqueles que gostariam que vivêssemos em sociedades que não privilegiassem
poucos, tais coisas não existem e nunca existiram para além da nossa parca e vã
capacidade de compreender a realidade. O mundo pertence aos que têm dinheiro e
ponto final.
Então, seja
porque assim a idade pede-me, pois que a todos chega a idade da descrença e do
cinismo, seja porque os que mandam nesse mundo andam descarados num grau
superlativo e batem, sem dó nem piedade, forte demais, nas nossas ilusões. A verdade
é que toda e qualquer solução proposta por qualquer um que tenha o poder e o
dinheiro ao seu lado soa-me como uma falácia construída para nos distrair. Um imaginário
mundo de promessas que nunca se realizarão.
Aqui em Terra
Brasilis, no meu quintal, tudo anda de mal a pior, e andamos a descer a ladeira
sem direito a freios; descontroladamente. Em alguns dias teremos eleições neste
país onde a única coisa que parece ter evoluído sem direito à marcha à ré é o
tamanho da violência com a qual convivemos. Estamos em guerra, armados de fuzis
e bombas a assassinar toda e qualquer possibilidade de futuro. E eu, como
muitos aqui, votarei sem esperar que nada mude, pois parece-me que o nada é
tudo que nos resta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário