Passos
Duas mulheres caminham de braços dados
durante tantos passos
por um longo espaço de tempo;
caminho sabido pelos dois pares de pés que caminham
lado a lado
por desejo
muito mais do que por destino.
Braços que se separam apenas quando o espaço assim os obriga
na cidade onde pouco amparo para o carinho é projetado.
A mulher de cabelos já brancos a frente
segue, um tanto indecisa, o caminho que tantos outros passos
marcam
enquanto as mãos mais jovem
cheias de pressa,
com gestos bruscos, e um tanto brutos, organizam a blusa emaranhada
daquela que sempre foi a sua guia.
Amor compulsório e bravo de mãe e filha não permite espaço
para o desalinho,
para o desacato.
No final da escada rolante enlace automático
dos braços tão íntimos aos abraços...
As duas mulheres, mãe e filha, seguem em frente e tomam um
caminho
distinto
daquele que seguem, por obrigação, os meus olhos e os meus
passos.
E, assim, eu não sei qual desfecho terá esta estória de pés,
mãos e braços
que, por acaso, cruzou o meu caminho num dia de céu cinza e
poucas palavras.
Seguem sozinhos os meus pés saudosos
lembrando
o quão bom foi o tempo no qual a frente deles
seguia um par de pés pequenos que lhes mostravam
o destino.
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