Quase
Quase dois anos de pandemia, de dias
blindados pela distância e de voz abafada por de trás de uma máscara. Nesses quase
dois anos, vivemos uma vida quase normal. Entretanto, o quase, no final de
todas as contas, significa que muito deixou de ser feito. Significa que pouco,
de fato, foi vivido para além dos feudos que criamos para nós mesmos. Acastelados
em nossas casas e apartamentos, nos escondemos e nos demos o direito a pouco. A
Pequenos grupos de amigos, a alguns membros da família, a parcos beijos e
abraços. Ao amor contido.
Deixamos de ver muitos, e muito. Não nos
demos a liberdade de simplesmente estar em qualquer lugar. Evitamos, com grande
incômodo para a alma, o contato com muitas gentes, com tantas gentes. E assim,
à força, forçados pelo medo e pela prudência, o quase chegou muito próximo ao
nada. Quase nada foi vivido verdadeiramente; sem limites ou medos.
Depois de tanto tempo, e tanto dizer
que nos mostra que muito não sabemos, a certeza que nos resta é não ter muita
certeza de como será a vida de agora para a frente. O futuro nunca foi tão
incerto para a grande maioria de nós. Para mim. Para mim, que tenho a
necessidade intrínseca de controlar minha vida à rédea curta, essa tal pandemia
chegou muito perto do caos; do fim dos tempos. De um repente, e sem a minha
permissão, o controle de minha vida, simplesmente, fugiu de mim.
Assim, depois de tudo, concluo que
quase, por estes tempos, é muito, é tudo, é nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário