Archie Shepp - american musician |
Noite mais fria do ano ontem em Sampa, de acordo com os minguados 13°C que os termômetros nas ruas mostravam antes das 8 da noite, nos lembrando enquanto caminhávamos do carro para o teatro que o inverno chegará aqui muito em breve. Noite boa para o vinho com amigos e a música que nos aguardava. Programa perfeito. E, apesar do frio lá fora, ontem foi uma das noites mais quentes dentro do teatro, pois nele tocava o saxofonista Archie Shepp com músicos tão fantásticos quanto ele, Darryl Hall (contrabaixo), Tom McClung (piano) e Steve McCraven (bateria) numa das últimas apresentações do Jazz na Fábrica que aconteceu durante todo o mês no Sesc Pompéia.
Depois de quase um mês de espera, ingressos na mão e grande expectativa de minha parte, finalmente estávamos lá. E, por mais que eu já gostasse do som feito por este senhor americano, lenda do Jazz e da cultura de seu país, nada do que já ouvira dele antes pode ser comparado ao som produzido ao vivo. Logo de cara o som do quarteto encheu o teatro e aqueceu nossos corpos de forma inigualável, tomando todo o espaço, vibrando tanto fora quanto dentro de nós que estávamos lá pasmos com o que ouvíamos: um som orgânico e vivo. Uma força imensa produzida por homens cheios de talento e experiência, uma música que, como o bom vinho ou whisky, demora anos para ser amadurecida,e que tem um gosto único.
Realmente não posso deixar de pensar que os anos fizeram, e fazem, muito bem à estes músicos de gestos naturais, (hora suaves e mansos e em outros momentos rápidos, fortes e decididos), que produziram com seus instrumentos uma sonoridade tão cativante que me marcará pela vida toda. Esta foi uma noite que não esquecerei certamente e da qual já sinto saudade. O Sr. Shepp, devido aos anos que se somam desde o seu nascimento em 1937, já caminha com certa dificuldade, contudo, a música por ele feita não deixa rastro de que os anos tenham deteriorado sua arte, mas sim o inverso disto. A música, deste sábado frio, tinha tanta vida e densidade que pôde mesmo ser sentida na pele, e sob ela também.
Infelizmente nada nesta vida é eterno, nem mesmo os homens talentosos, (mitos modernos que influenciaram a cultura e a sociedade) e, provavelmente não terei muitas outras chances de presenciar esta música ao vivo novamente. Só me resta agradecer a vida esta oportunidade de ter ouvido de corpo inteiro o Jazz feito pelo Sr. Archie Shepp e seus músicos na companhia de amigos queridos e de ter sentido calor num dia tão frio. Uma das melhores coisas da vida é, sem dúvida, compartilhar o que temos de melhor.
Um abraço quente e um grande beijo, para esta semana que começa com temperaturas bem pequenas.
Boa semana =)
Mari
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