Há algum tempo atrás, mais ou menos um mês se mal me lembro, (porque há coisas das quais não devemos nos lembrar bem por princípio), comentou-se muito o fato de que o Senhor Prefeito da cidade de São Paulo havia fundado um novo partido, o PSD (Partido Social Democrático). Pois bem, falou-se muito dos motivos de tal fundação nada ideológicos, da promiscuidade partidária com os vários pulos de cerca que políticos dão no Brasil, e sobre o fato de o Sr. Kassab e seu partido, tão simpáticos, não serem oposição ao governo nem a nossa presidente Dilma nem a ninguém de agora em diante. Este fato isoladamente já seria preocupante, contudo, ele apenas representa uma “tendência fora de moda” estabelecida no Brasil: somos um país sem oposição partidária e filosófico-ideológica no Congresso Nacional. O que equivale dizer que somos, hoje, um país de um olho só.
O fato é tão sério e assustador que chegou a ser manchete no periódico “El País” na Espanha com o título: “La oposición se desangra en Brasil”, algo como a oposição se empobrece no Brasil. No artigo o El País mostra que hoje dos 513 deputados federais, apenas 96 são membros de partidos que fazem oposição ao governo enquanto no senado a situação não é nada diferente, dos 81 senadores, apenas 23 são opositores ao governo. Por seu lado, a esquálida oposição sente-se incomodar com sua posição tão pouco privilegiada e, num movimento de salve-se quem puder, move-se para tentar frear a migração de membros do PSDB e do DEM para o mais novo aliado de Dilma, o PSD.
Num país onde a corrupção tem índices dignos de Guinness Book, onde a justiça não só tarda como falha muitas vezes, onde os interesses de poucos tendem a prevalecer em detrimento daquilo que seria para o bem comum e, onde ideologia e contos da Carochinha habitam o mesmo espaço mítico do era uma vez, saber que não há oposição ao governo federal assusta muito. Mesmo. Não apenas pelo fato de que nenhum apoio dado em âmbito político é gratuito e, tanto apoio assim ao governo deve estar a custar-nos muito caro, mas porque assim a situação torna-se insalubre e perigosamente próxima de uma “ditadura institucionalizada”.
Em todo e qualquer país democrático é fundamental que as diversas opiniões e correntes sociais estejam representadas em seu governo, e que as instituições que regulam e dirigem a vida do mesmo tenham a necessária autonomia e isenção para trabalhar em prol dos cidadãos deste país. Pensar então que no Brasil haja apenas uma corrente político-ideológica deveria ser impossível, afinal, há tanta diversidade aqui que poderíamos ser várias nações. Verificar que há cada vez menos gente para fiscalizar como nossos recursos são utilizados pelo poder público e não fazer nada é uma temeridade de nossa parte. Estamos a deixar raposas a cuidar de nossas galinhas sem nenhum cachorro por perto e, ainda mais, sem as devidas armas para que possamos nos defender. Ou alguém acha que o MEC tem sido isento e feito o que deve pela Educação e Cultura deste país, por exemplo.
Bom, depois de tanto blábláblá, só me resta nos perguntar o que ainda estamos fazendo aqui de braços cruzados. Que tal pensarmos mais na educação de nossos filhos e netos para começar e ensinarmos a eles o que significa a palavra cidadão. Que acham de mostrar que há vida para além dos jogos eletrônicos, shopping centers e viagens a Miami só para começar.
Para lembrar: cidadão s. m. 1. Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado livre.
Boa semana e um beijo pra todos.
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