terça-feira, 13 de março de 2012

Inverno 3




Deserto


Queria-me deserto, árido e seco por fora e por dentro
Impossibilitado para água hoje. Sempre.
Queria-me deserto sem flor ou sons; apenas areia
Areia seca que racha os pés, que corta a pele com o vento,
sem águas, sem mágoas, sem sentimentos.
Queria-me deserto sem nuvem que fosse
 a ameaçar esta grandeza: A imensidão do nada,
a SOLIDÃO plena.
Uma planície tão larga que engolisse qualquer horizonte.
Queria-me deserto sem cor ou miragem que fosse
a ameaçar  este oco. O nada por dentro e por fora,
abaixo da casca fina de um sonho.
Queria-me deserto sem lembranças de
qualquer pronome: eu, tu ou quem quer
que fosse.

Palavras

palavras não são nada:
não são pássaros azuis
não são gestos de amor ou paixão
não são as frutas que esquecidas apodrecem na fruteira
nem o mar escuro e denso como a noite
palavras doces ou amargas
não importa
elas jamais deixarão de ser aquilo que são:
apenas palavras

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