sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Complicada



Por vezes me pergunto o porquê de complicarmos tanto a vida e, a bem da mais profunda verdade, não conheço alguém que o faça melhor que eu. Pois, que, talvez, esta seja a minha qualidade mais apurada: complicar. Entende-se complicar aqui por não entender, e não permitir, que a vida seja vivida da maneira mais simples. Ao oposto da simplicidade, gosto de tudo que se afasta do comum, do corriqueiro e do mais adequado àquilo que seria mais fácil na vida.

Não sei bem porque estas ideias vieram saltar cá dentro nos miolos. Talvez porque seja a mais pura verdade, ou porque eu tenha voltado cá para Lisboa e escolhido um albergue para ficar. Bom, o albergue em si é muito agradável e eu queria ver gente; afinal viajar sozinha tem suas questões e pode, sem querer, ficar solitário demais até para quem a solidão agrada. Não é o caso agora aqui. Entretanto, o fato do elevador estar quebrado e haver cinco andares de escadas até o andar do albergue... Bom isso foi de chorar. Sorte minha, e tenho que agradecer de joelhos aos meus anjos da guarda de plantão eterno, que assim que subi os primeiros degraus apareceram dois alemães gigantes que levaram minha mala grande e seus vinte e oito quilos cinco andares acima.

Então, aqui sentada me pergunto: por que não passei mais uma semana em Barcelona estudando e aproveitando aquela cidade com minhas novas amigas de viagem? Resposta: porque sou uma cabeçuda de marca maior, crente no impossível como se ele fosse fácil e curiosa até o último fio de cabelo. Assim é. Contudo, à altura da vida na qual me encontro e quando seria muito mais comum ter o oposto disso tudo, sinto-me muito bem fazendo tudo isso apesar dos pesares todos. Sinto-me viva.

Não sei se encontrarei aqui o que busco, até porque quem gosta de complicar a vida nunca sabe exatamente o que procura, e quando acha logo acha mais alguma coisa para procurar. Espero encontrar algumas respostas e ser compreensiva o bastante para aceita-las. Eu compreensiva? Difícil, sei bem. Espero também conhecer mais e mais gente. Muita gente. Ouvir outras vezes na minha vida várias línguas faladas ao mesmo tempo a dar um nó no meu cérebro e, por isso, uma saudade apertada do meu querido Português.    
                                                                                                                                                                                                                                                            
Uma coisa eu já entendi depois de tantos dias longe de casa. Entendi que sou profundamente brasileira e que meus pés se sentem muitos mais confortáveis quando pisam a sua terra.  Por tanto, não importando onde eu esteja, sentirei sempre saudades profundas do Brasil.

Beijos e saudades de todos.

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