Por vezes me pergunto o porquê de
complicarmos tanto a vida e, a bem da mais profunda verdade, não conheço alguém
que o faça melhor que eu. Pois, que, talvez, esta seja a minha qualidade mais
apurada: complicar. Entende-se complicar aqui por não entender, e não permitir,
que a vida seja vivida da maneira mais simples. Ao oposto da simplicidade,
gosto de tudo que se afasta do comum, do corriqueiro e do mais adequado àquilo
que seria mais fácil na vida.
Não sei bem porque estas ideias
vieram saltar cá dentro nos miolos. Talvez porque seja a mais pura verdade, ou
porque eu tenha voltado cá para Lisboa e escolhido um albergue para ficar. Bom,
o albergue em si é muito agradável e eu queria ver gente; afinal viajar sozinha
tem suas questões e pode, sem querer, ficar solitário demais até para quem a solidão
agrada. Não é o caso agora aqui. Entretanto, o fato do elevador estar quebrado
e haver cinco andares de escadas até o andar do albergue... Bom isso foi de
chorar. Sorte minha, e tenho que agradecer de joelhos aos meus anjos da guarda
de plantão eterno, que assim que subi os primeiros degraus apareceram dois alemães
gigantes que levaram minha mala grande e seus vinte e oito quilos cinco andares
acima.
Então, aqui sentada me pergunto:
por que não passei mais uma semana em Barcelona estudando e aproveitando aquela
cidade com minhas novas amigas de viagem? Resposta: porque sou uma cabeçuda de
marca maior, crente no impossível como se ele fosse fácil e curiosa até o último
fio de cabelo. Assim é. Contudo, à altura da vida na qual me encontro e quando
seria muito mais comum ter o oposto disso tudo, sinto-me muito bem fazendo tudo
isso apesar dos pesares todos. Sinto-me viva.
Não sei se encontrarei aqui o que
busco, até porque quem gosta de complicar a vida nunca sabe exatamente o que
procura, e quando acha logo acha mais alguma coisa para procurar. Espero encontrar
algumas respostas e ser compreensiva o bastante para aceita-las. Eu compreensiva?
Difícil, sei bem. Espero também conhecer mais e mais gente. Muita gente. Ouvir outras
vezes na minha vida várias línguas faladas ao mesmo tempo a dar um nó no meu
cérebro e, por isso, uma saudade apertada do meu querido Português.
Uma coisa eu já entendi depois de
tantos dias longe de casa. Entendi que sou profundamente brasileira e que meus
pés se sentem muitos mais confortáveis quando pisam a sua terra. Por tanto, não importando onde eu esteja,
sentirei sempre saudades profundas do Brasil.
Beijos e saudades de todos.
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