Caminho pelo cais, Parque das Nações em Lisboa. |
Depois de um mês longe de casa, (e
pode parecer pouquíssimo para alguns já que parece pouco, assim falando, até
pra mim) percebi, como dizem cá os tugas, que meu lugar é mesmo onde nasci. E disso
não tenho mais dúvida alguma. Claro que viajar pelo mundo é muito giro mesmo,
do caraças como poucas coisas podem ser. Afinal, quando saímos de casa vemos o quão diferente
a vida pode ser e, com isso e por isso, aprendemos muito mais sobre o que
significa ser uma pessoa ao ampliarmos nossa visão para longe do universo que
conhecemos bem.
Sentimo-nos muito perdidos
também, principalmente quando viajamos sozinhos, porque nada é exatamente como
sabemos ser e a cada novo passo precisamos aprender. Aprender como se dizem algumas
coisas e que há coisas que não devemos dizer, aprender como entramos e saímos
das estações do Metrô e que, antes de tudo, que por aqui as moedas são algo
fundamental sempre. Sem elas, às vezes, não há como locomover-se. Aprendemos a
ver as coisas a partir de um ponto de vista que não é o nosso.
Durante este um mês aqui
conversei com algumas pessoas de lugares diferentes sobre a situação da Europa
e do mundo em geral. Sobre como o Brasil parece estar bem, e mais todo o blábláblá
que se conta por aí sobre o milagre brasileiro já estar a acontecer agora. Não
duvido que nossa situação esteja mesmo melhorando economicamente, claro. Mas para
além destas fronteiras, estamos tão distantes da cidadania que precisamos
atingir que chega a dar um dó danado pensar. Temos muito a aprender.
Espero, algum dia, perceber em
meu país o respeito pelo indivíduo e pelo bem público como vi nestes dias aqui.
Poder caminhar sem medo pelas ruas sem importar a hora do dia ou da noite,
confiar nas pessoas e naquilo que elas dizem e fazem simplesmente porque assim
é que deve ser como vi, hoje, ao entrar num transporte público e não ter quem o
cobrasse de mim. Paguei porque tinha que pagar, porque era o certo a fazer, sem
que ninguém dissesse ou fizesse nada para aferir se o pagamento havia sido
feito ou não. Sei que deve haver aqueles que simplesmente não pagam, que há por
cá muitos problemas também. Mas, por princípio confia-se na lisura do cidadão,
e isso é muito bom de ver.
Por isso, não há dúvida sobre a importância
da Europa para o mundo que hoje temos. Aqui começou a civilização que
conhecemos no ocidente e me parece, também, que aqui se encontra, ainda, um
exemplo a seguir. Como um ponto de equilíbrio entre as jovens Américas e os
países da Ásia, uma Europa forte e unida é o melhor para todos nós, mesmo que o
próprio europeu duvide muito disso, pois precisamos provar para nós mesmos que
somos capazes de conviver bem como cidadãos.
Foi-me preciso sair para entender
que não há lugar para mim como a minha casa, e que por mais bonito que me possa
parecer o jardim alheio, o importante é que eu cuide bem do meu jardim. O melhor
lugar do mundo para eu viver é onde estão aqueles que amo, pois sem eles não há
grandes motivos para seguir fazendo qualquer coisa nesta vida; e este lugar
será sempre o Brasil. O negócio, então, é batalhar muito por uma casa melhor
para mim e não, simplesmente, pensar que o melhor é dar as costas e sair.
Um abraço estorricado de tão apertado para todos, que a
saudade é oceânica.
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