terça-feira, 23 de abril de 2013

Incomensurável



Não sei do tamanho das minhas saudades
que estão para além dos morros, para além do mar.
Sem fim nem começo, como todo sentimento
que se impõe sem percebermos,
a nascer pelas madrugadas caladas e repetitivas
silencioso e verdadeiro por seu caráter obscuro,
escuso; anormal.
Longe das vergonhas do dia eles passeiam
a respirar por noites úmidas e sem olhos.
Vagam nus, porque apenas assim podem estar;
nus e covardes tão plenos de sua covardia
visceral que fedem.
Não sei do tamanho das minhas saudades
do tamanho do teu medo
do tamanho deste desejo ridículo e abjeto,
tão consciente de não ter lugar em lugar algum
que como as saudades
nasceram sem querer
e não sabem
onde
quando
e como
hão de morrer.


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