Os poemas andam a versar sobre tudo e
sobre o nada.
Apenas não há mais poesia alguma sobre você,
nenhuma palavra.
Hoje eles falam daquilo que está calado,
do oco que se sente quando descobre-se
que a alma fugiu de dentro da gente;
andorinha apressada pelo chegar de
outra estação.
E fito a vida a passar feito árvore sem folhas
num outono com duração eterna.
Não há mais flores, borboletas e os frutos
que se enxerga quando vivemos em verão. Não.
Sobrou-me o meu branco desbotado sem a tua cor
de terra, de canela.
Sobrou-me o inverno que chega sem perdão.
Não há mais poesia. Ela mingua de frio
num silêncio pacífico e vazio
de eternos dias sem você, enquanto
a vida se descolore.
Nenhum comentário:
Postar um comentário