Estava com saudades do meu teclado, das palavras e de falar com todos, pois há muito não escrevia se quer uma minguada linha. Várias idéias, temas, frases e mesmo parágrafos passaram pela minha cabeça em momentos propícios para idéias, mas impróprios para a escrita, como dirigindo o carro ou em meus banhos que demoram mais do que devem porque fico devaneando durante os mesmos quase sempre. Adoro água. Não escrevi durante as últimas semanas por motivos diametralmente opostos como a total falta de tempo em dias de doze horas de trabalho e dias ociosos como estes de minhas férias onde, apesar da sobra amazônica de tempo, faltava-me, mesmo assim, a oportunidade para fazer-lo. O que me fez pensar no quão difícil e importante é termos o equilíbrio entre tudo em nossas vidas.
Sem perceber, mergulhamos em nosso trabalho, em relações apaixonadas ou frustrantes, em causas perdidas ou nem tanto assim e, sem darmos conta do que está ocorrendo, deixamos de lado muita coisa que nos é muito importante também. Percebemos que algo está errado quando corpo e mente começam a reclamar em alto e bom tom, mas, com certa freqüência então, já é tarde demais para o conserto de tudo o que foi feito. Percebemos neste momento que os excessos não perdoam jamais e que depois deles vêm as dores do corpo e da alma a cobrar o seu devido quinhão da vida que ainda nos resta.
Entretanto, parece-me que o ser humano é tudo menos um animal que nasceu para ser equilibrado e prudente, pois muito de todas as coisas fantásticas produzidas pelo homem são o fruto de extrema dedicação e nenhum equilíbrio em relação ao tempo despendido à criação destas obras e às outras áreas da vida daqueles que as conceberam. E assim, gênios da ciência e das artes são (ou foram) pais, maridos, filhos e amigos dispersos, negligentes e, vilmente, egocêntricos com uma freqüência que nos incomoda. Numa sina que parece mostrar-nos que nunca poderemos ser completamente felizes, tendo que escolher o que deverá ser deixado para trás.
Mesmo para nós, seres comuns e donos de feitos apenas corriqueiros, é difícil manter o equilíbrio entre o trabalho necessário e o lazer desejado, entre os amigos presentes e a família nem-tanto-assim, entre os filhos pequenos e o marido já incomodado, entre a realidade racional e o sonho fantasioso. É, neste momento dá-nos a vontade de sermos mais do que um e, feito deuses, sermos capazes de estarmos em todos os lugares ao mesmo tempo; mas então, não seriamos humanos. E tenho, cá para mim, que ser desumano não seja o objetivo de ninguém, certo?
Resta-nos tentar alcançar um equilíbrio possível que nos garanta paz de espírito e o menor número de ressentimentos para, daí, alcançarmos uma felicidade que seja, pelo menos, assim-assim. Vale lembrar que, seja como for, devemos aproveitar tudo o que há de bom nesta curta existência e, sempre que possível, rirmos das besteiras que, imperfeitos, cometemos nesta busca de sermos semideuses, bem próximo do Olimpo mas com os pés na terra.
Uma boa semana e um beijo desequilibrado para todos vocês.
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