domingo, 8 de julho de 2012

A fita vermelha




Passou a menina de fita vermelha no cabelo
trazendo com ela o reflexo de um tempo  antigo e iluminado,
um tempo visto por olhos de há muito tempo.
Passaram com a fita vermelha
os heróis da tela da sala de cinema de tardes cheias de futuro
e a possibilidade infinita do porvir.
Veio com ela o cheiro de terra depois da chuva
e dos almoços de domingo,  insinuou-se o perfume das camélias
da rua-universo de minha infância.
Ouviu-se o riso solto a divertir-se em brincadeiras sem propósito,
o som dos discos de vinil e seus lados B
e a voz de minha mãe todas as manhãs  a dar bom dia.
A fita trouxe também silenciosos desejos,
a ânsia de viver e sonhar de uma alma que ignora o tempo
como se fosse verdadeiramente possível, em algum tempo,
o tempo ignorar.

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