Na próxima quarta, seja lá qual
for o final da história desta Copa Libertadores da América, teremos muitos
homens de todas as idades a derramar abundantes lágrimas por toda Sampa e
muitas outras cidades deste mundo redondo. Sejam elas geradas pela alegria da
vitória mais esperada ou pela decepção de ter chegado tão perto e perdido, o
certo é que o choro estará cá fora numa tristeza, ou alegria, muito mais ampla
e profunda do que as vistas nos olhos de italianos e espanhóis na final desta
Eurocopa.
Certo é que eu, como corintiana
devota de São Jorge e fã de futebol, creio na vitória. Contudo, e apesar deste
princípio futebolístico, não foi para falar de futebol que me sentei para
escrever. Sentei-me para falar das lágrimas de homens. E não sei quanto às
outras meninas, mas eu não posso ver homem chorar sem me comover de maneira profunda,
verdadeira e doída que só. Sim, choro de homem acaba com qualquer resistência minha
e me faz querer fazer qualquer coisa para encerrar com a tristeza que vejo ali.
Claro que entre as lágrimas de alegria e as de tristeza, entre aquelas derramadas por meninos manhosos e por senhores de cabelos brancos há uma grande diferença; e que para toda regra há um bom punhado de exceções. Entretanto, para minha alma de mulher, feita para cuidar de meninos, as lágrimas masculinas parecem mais sérias e acabrunhadas que as femininas. Afinal, elas rolam muito mais raramente que as nossas, saem apenas com muita força feita por um coração apertado, e são o fruto de uma tristeza verdadeira.
Sei que nós meninas também choramos pra valer. Mas verdade seja dita, choramos nos filmes, quando ouvimos uma criança chorar por causa de uma vacina, porque fomos contrariadas, porque o corte de cabelo ficou horrível, porque o amor de nossa vida distraiu-se e cometeu uma gafe pequenina e etc. e tal. Chorar faz parte da natureza feminina, uma habilidade aprendida em anos de aperfeiçoamento para amolecer os corações masculinos desde que nascemos. Eu, manhosa desde pequena, chorava sempre que me sentia sem sono e sozinha à noite e, poucos minutos depois, lá estava meu pai a consolar a sua menina.
Hoje, tantos anos depois, não há dor maior para mim do que imaginar que, por qualquer razão, aquele homem forte que sempre cuidou de toda a minha família esteja a chorar. Apenas a idéia do choro de meu pai me apavora, porque sei que haver lágrimas a rolar por seu rosto significa que elas tiverem que vencer uma força descomunal.
Se pudesse, claro que gostaria que apenas lágrimas de alegria rolassem de hoje em diante nos rostos de todos: homens e meninos, moças e velhinhas. Mas este é um sonho grande demais para uma humanidade inteira. Não? Então, espero que choremos mais de alegria que de pesar para que cada lágrima valha muito mais a pena. E que o choro desta quarta-feira seja de alegria para mim, o choro de uma das alegrias mais esfuziantes que já senti.
Um beijo cheio de carinho e muita
saudade daqueles que vivem no meu coração, mas não estão aqui.
Boa semana.
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