Nesta minha vida, tão cheia de
meninos com meus sobrinhos e afilhado, imaginava que a chegada de mais um menino
não deveria causar espanto ou grande emoção. Afinal, seria mais um menino; mais
uma paixão. Sim. Porque, não sei por que cargas d’água, os meninos me encantam
mais e além do que as meninas são capazes de fazer. Não que eu os ame mais do
que a elas, não é uma questão de intensidade no amor. Mas eles são um mistério
à parte, uma vida diferente da minha que me dá imenso prazer ver crescer. Por
isso, quando penso em ter filhos, sempre penso em meu menino de cabelos
encaracolados. Mas esta é outra estória.
Contudo, mais do que tudo, a
chegada deste novo menino me assustou profundamente porque ele será filho do
menino que esteve comigo a vida toda; meu irmão será pai. E, se sempre me foi
muito difícil compreender meu irmão, entender seus problemas e seus motivos,
aceitar a maneira como ele leva sua vida. Desta mesma forma, me foi difícil
aceitar a maneira como o meu sobrinho surge neste mundo, pois, não foi assim
que eu imaginei, que eu sonhei e como eu queria que fosse, a chegada do
primeiro filho do meu irmão.
Somos, e sempre o fomos, tão diferentes um do
outro, brigamos tanto durante a infância e levamos nossas vidas tão
independentes um do outro que chega a ser incomodo. Eu sei disso. Entretanto,
amo-o e aprendi com ele que aos irmãos amamos porque amamos, simplesmente.
Porque eles são feitos da mesmíssima matéria que somos nós, o sangue nos une e
o amor é incondicional, mesmo que não haja muito em comum. E como é difícil aceitar tanta diferença, e
como, ao mesmo tempo, vejo o quanto ainda preciso aprender para aceitar toda e
qualquer diferença.
Sérgio foi o primeiro menino que
esperei na minha vida, o irmão que me minha mãe havia feito para mim. E, sendo
assim, ele sempre foi meu sem o ser de verdade, pois ninguém o é. Por isso, não
me espanta a raiva que às vezes sinto quando ele faz algo que eu julgo errado,
já que quero o melhor para ele e algo que não me parece o melhor me apavora. Mas,
quem sou eu para querer dizer o que será o melhor para ele, se nem sempre faço
o que é melhor para mim mesma? Como posso querer que ele não cometa erros, se
sei que todos erramos o tempo todo? Loucura minha, eu sei.
Serei tia, mais uma vez, e estou
ansiosa pela chegada deste meu novo menino, mesmo que a princípio a ideia tenha
me assustado muito. Desculpe-me, menino. A verdade é que já te quero bem, que
não vejo a hora de conhecer seu rosto e ouvir seu nome. Serei sua tia com
muito orgulho e todo o prazer que há nesta vida. Bem vindo seja.
Sérgio, meu irmão, e eu. |
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