Río de la Plata |
Chegamos à Montevideo e a
primeira impressão que tenho é a de que a cidade lembra-me muito de Santos, no
litoral paulista. Não sei por que esta foi a impressão que bateu-me, ou
abateu-me. Talvez por seus edifícios de tamanho mediano, suas ruas arborizadas e
seu calçadão sem fim margeando o rio-feito-mar. Talvez, principalmente, porque
haja este rio que mais parece ao mar por seu tamanho sem fim para os nossos
olhos; o Rio da Plata neste ponto parece muito maior do que nossa imaginação
para rios pode prever. Se não fosse por suas águas escuras e por sabermos que
ainda não estamos defronte do oceano que nos aguarda alguns quilômetros adiante,
não fosse por isso, poderíamos crer, cegamente, que estamos defronte a um mar.
Lembrei-me do Tejo, que não tem
estas águas escuras de terra como o Rio da Prata, mas que também tem suas pretensões
à mar. O Tejo apresentou-se lindamente para mim, há um ano, com suas águas azuis
e cheias de história e estórias. Rio donde saíram as caravelas que nos
descobriram, rio que se debruça sobre o mar e que parece por ele ser recebido
de braços abertos convidando-o a navegar por suas águas. Vendo o Tejo chegar ao
Atlântico, compreendi porque parecia tão necessário aos portugueses navegar.
Lindo, também, se apresenta hoje
este rio latino e imponente, cheio de praias e barcos. Rio que separa
Montevideo e Buenos Aires, disso eu sei. No entanto, ainda não sei o quê este
rio me fará compreender. E por isso, assim que me vi cara a cara com ele,
estiquei o pescoço e apertei os olhos para ver se conseguia, com um esforço
tamanho, enxergar o país que fica do lado de lá do rio. Claro que não vi nada
além de água, céu e nuvens que mais pareciam montanhas a margear o rio. Apenas na
imaginação e nas lembranças Buenos Aires está presente e, por isso, posso
vê-la.
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