Para nós, aqui no ocidente, que estamos acostumados a ver-los como um povo radical e nada democrático, sempre cegos por crenças e culturas que não conseguimos compreender, tal força repentina contra o poder estabelecido causou certo estranhamento. Ainda mais quando lemos pasmos que a Internet e o Facebook serviram como meio de divulgação e aglutinação das idéias e desejos dos inconformados. E que, por tanto, a rede possibilitou todo este movimento revolucionário, simplesmente pelo fato de poder, democraticamente, comunicar tudo o que estava ocorrendo.
Ainda não sabemos qual será o desfecho que estas revoluções terão, se veremos sociedades mais justas e democráticas ou, muito ao revés, repúblicas islâmicas radicais nascerem. E, claro, torcemos para que tudo acabe bem e que a violência cesse o quanto antes. Entretanto, não podemos negar que nos dá certa inveja toda esta força mostrada por estes povos e nos perguntarmos: por que não lutamos por nossos direitos e ideais como o fazem eles? O que é necessário para que um povo se una para exigir que sua nação seja mais justa? Falta-nos um ditador sanguinário ou uma crença cega? Onde estão os nossos jovens e toda a sua possibilidade de comunicação? Não há nada errado em nosso país então? Não temos nós, também, motivos para sairmos às ruas e, pacificamente, exigir e gritar por condições melhores para todos e cada um de nós? Os brasileiros não existem enquanto seres sociais e cidadãos?
Talvez haja aqui poucas escolas e “shopping centers” demais. Talvez devêssemos ensinar nossas crianças a consumir menos e a pensar e ler mais. Temos em demasia e somos muito pouco, infelizmente. Fica o pensamento do amigo Carlão na canção “Sem Moral”, que para mim parece muito apropriado para descrever a sociedade tão materialista na qual vivemos:
A irrelevância da educação que não vem nem pro mal nem pro bem. Quem precisa não a tem e quem a tem desdenha... ...Temos tantos meios e nunca fomos tão desumanos.
Boa semana e um abraço longo pra todos.
Mari
Egito em dias de Revolução, 2011 |
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