Há um par de dias li algo que me diz respeito mais do que eu
desejaria – “Tornou-se pedra, a menina que um dia foi flor.” Não sei quem disse isso, nem o porquê do tal dizer. Contudo, é verdade que a vida parece transformar a
todas nós, meninas, por um ou outro motivo, por alguns ou vários motivos durante os
anos, de flor em pedra. Portanto, mais ou menos duras, no final das contas, não há como negar que não
podemos ser as pequenas flores que um dia fomos. O tempo nos endurece,
fortalece.
Simplesmente acontece assim porque, provavelmente, simplesmente
não há outra maneira de ser. Então, como parte da educação que não nos é dada
formalmente na escola ou em casa, aprendemos pela vida que ela não é tão bonita e
poética quanto nós pensávamos ser. Aprendemos, também, que somos muito mais
fortes do que acham que somos, do que nós mesmas pensávamos ser. Há uma força
gigantesca nas mulheres, não a força física, claro, mas a força de sermos, mais
do que independentes (e não creio que um dia o seremos realmente) alguém de quem
se pode depender. E, talvez, nesta qualidade resida a nossa natureza de rocha.
Talvez.
Entretanto, e apesar da força que demonstramos todos os dias,
não há como deixar de ser flor porque esta é nossa essência. Característica
natural das meninas, ou algo fabricado por nossos costumes que, por mais que
pareça distante do que somos à medida que o tempo passa, nunca realmente é deixado para
trás. Seremos sempre aquelas que se magoam com a falta de fantasia e beleza com
a qual a vida caminha em alguns momentos; as que amam para além da medida certa
e que, por isso mesmo, às vezes, deixam de amar. Ou fingem deixar.
Choramos quando o amor acaba porque não entendemos como ele
pode deixar de existir. E choramos porque alguém morreu, porque a saudade
aperta, porque o filme é belo e, nalguns dias do mês, choramos sem nem ao menos
saber o porquê de estarmos chorando. Choramos em abundância, é verdade. Porém,
e ao mesmo tempo, temos esta capacidade de assumir todas as responsabilidades
que se impõem diante de nós, sejam elas nossas ou não, e, sem titubear por um
instante, ir em frente. Somos os seres fracos mais fortes que conhecemos numa
dicotomia que parece impossível compreender.
Creio, então, que mais do que flor ou pedra unicamente, somos a flor e a pedra ao mesmo tempo. Afinal, uma natureza não exclui a outra e o plural parece mesmo a melhor maneira de nos descrever, como o fez tão bem Frida Kahlo, uma das mulheres com mais "plurales" que este mundo viu nascer.
Creio, então, que mais do que flor ou pedra unicamente, somos a flor e a pedra ao mesmo tempo. Afinal, uma natureza não exclui a outra e o plural parece mesmo a melhor maneira de nos descrever, como o fez tão bem Frida Kahlo, uma das mulheres com mais "plurales" que este mundo viu nascer.
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