“Tia, posso usar os seus “sneakers” pra ir pra
aula de inglês?” Assim, pelo celular, de maneira banal e despretensiosa, dei-me
conta do avançado das coisas por estes dias. Pois, a verdade é que não
precisamos de muito para perceber que alguém cresceu e que a adolescia já está
a chegar, ou chegou, sem avisos prévios ou preparativos para tal. Gigi já tem
onze anos. já?! E, sem perceber quando e como o fato deu-se, o fato é que os "pezitos", antes tão menores que os meus, já têm, agora, praticamente o mesmo
tamanho dos que me sustentam há tanto tempo. Lembro-me, então, que eu aos onze anos
já tinha o tamanho que tenho hoje e, se ainda os tivesse, poderia usar meus
tênis daquela época como se o tempo não tivesse passado.
E assim estamos, a
esta altura da vida, a ver a chegada das namoradas daquele que tempos atrás se
interessava apenas por dinossauros de plástico e afins, e a não perceber muito
bem quem anda a habitar o corpo do menino que antes era apenas doce e nosso,
exclusiva e egoisticamente nosso, e que hoje se irrita com tudo e importa-se
apenas consigo mesmo e com o estar com seus
amigos. E sentimo-nos um bocado órfãos em alguns momentos, e este é um
sentimento que, apesar de trágico por um lado, faz-me achar graça da situação
toda e ajuda-me a ver a graça e a beleza que há nesta vida.
Com meus
adolescentes de plantão: Fábio, Lucas e Giovana, eu já posso compreender melhor
as pessoas, “gente feita”, que o futuro me trará. E, neste momento e, ao mesmo
tempo, num exercício de acrobata de circo, me contorço e compreendo melhor aquelas
pessoas que construíram o passado que fez de mim quem hoje sou. Vejo meus pais,
agora, de maneira mais clara e fiel do que antes. Ao ver meus meninos deixando
de ser o que sempre foram pra mim, meus meninos, os percebo como aquilo que
sempre serão: indivíduos únicos e completos em si mesmos, seres independentes
de tudo e de todos para viver. E isso, para minha mais completa alegria e angústia,
quer dizer que eles não dependerão mais de mim. Ficará então, como razão de
nossos laços, tirando os nove fora e a tal da minha dependência, apenas todo o
amor e a admiração pelas pessoas que eles serão.
Desta maneira,
percebo melhor o homem e a mulher que são os meus pais e, para além do amor
incondicional de filha, admiro-os cada vez mais. Admiro-os e espero poder fazer
por meus sobrinhos e afilhado aquilo que eles fizeram por mim: amá-los e
admirá-los, não apesar de qualquer coisa, mas por tudo o que eles são.
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