Os planos para hoje eram sentar-me e escrever sobre a minha dificuldade
em acomodar-me com a vida que tenho; com o que hoje sei e vivo. E o fato se
deve porque um amigo escreveu sobre o quão boa pode ser a vida, e ela o é
muitas vezes, quando percebemos que vivê-la com simplicidade e tranquilidade a
enriquece muita mais do que possa parecer. E eu, apesar de concordar plenamente
com o fato, e de certa maneira buscar uma vida mais simples e tranquila, devo
admitir que não é do meu feitio sentir-me completamente feliz; simplesmente não
sei fazer isso.
Por isso mesmo, estou sempre a buscar algo a mais, como se
sempre faltasse algo em mim ou para mim, como se minha alma quisesse,
frenética, abarcar o Mundo. Então, há sempre novos lugares, novas pessoas,
paixões impossíveis e poéticas, novos conhecimentos, mais filmes para assistir,
mais livros para ler, o escrever sempre que possível, o trabalhar com
dedicação, o correr na praia (o mais novo suplício ou prazer, ainda não sei
bem) e mais, e mais... Um mais que não tem fim.
Pois, os planos eram estes. Contudo, e sabendo que há sempre
um “mas” na vida, uma má notícia abalou a tal determinação. Na noite passada,
por conta de um acidente de carro na estrada, perdemos um menino que trabalhou
conosco, com quem convivemos, um amigo. Rochelle Felipe, 28 anos, está morto e
não há o quê possamos fazer. E neste ponto, o simples soa-me mais como um tapa
na cara, como um açoite ou coisa que o valha. Tudo, em segundos, torna-se nada;
e nada nesta vida pode ser mais simples e, ao mesmo tempo, mais imperativo que
isso: a vida, simplesmente muda sem pedir licença nem nada, e fazer aquilo que
nos deixa feliz é a única coisa que deve importar. Sempre!
E eu, apesar de toda vontade de conhecer aquilo que ainda não
sei, penso apenas na felicidade que é ouvir o Pedro a gritar – Madrinha! – e correr
de sorriso e braços abertos pra mim. Na satisfação que sinto ao ouvir as
gargalhadas múltiplas e exageradas do Lucas ao meu lado no cinema. No amor
incomensurável que sinto quando estou na casa dos meus pais e, feito criança,
volto a deitar-me sobre o colo deles. No amor que vejo feito em gente quando o
Nico está lá em casa conosco, o filho do meu irmão, e eu tenho toda a família
reunida. No carinho e prazer que sinto quando estou com meus amigos a rir e
jogar conversa fora como se não fosse existir mais nenhuma segunda-feira neste
mundo. Na alegria que é entender, que mesmo lá do seu jeito, meu irmão está a
construir sua vida e está feliz.
Pois, no final das contas, nós precisamos de pouco para
sermos felizes. Pena que isso seja, na maioria das vezes, tão difícil de
entender apesar de todo o nosso saber.
Um beijo aos amores desta vida: minha família, meus meninos e
meus amigos.
E paz para o Felipe e sua família.
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