segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Borboletas




Borboletas

Em minha casa as borboletas moram em livros
cheios de rima.
Elas alimentam-se de suas palavras
ao mesmo tempo
que as espalham pelos ares,
pelos cantos do meu apartamento que, suave, respira
ao som da poesia
feita e refeita
pelas mariposas e suas asas coloridas.
Aqui as borboletas passeiam pelos jardins de Lisboa
ao lado de Fernando;
o Pessoa.
Elas admiram desde longe as montanhas de Minas,
e as pernas das meninas que caminham por Mariana,
Tiradentes, Ouro Preto e
Itabira
ao lado do meu querido Carlos; amor desta e de
outras vidas.
Encantadas, as borboletas aqui de casa são apaixonadas pela terra,
pelas plantas pequenas e rasteiras
e por tudo que parece não ter tanta importância assim nessa terra
de meu Deus.
Elas, ao lado do Manoel feito de barro constroem
uma ode aos insetos, aos galhinhos esquecidos
e às Maria-sem-vergonhas que,
livres,
crescem sem qualquer importância à beira do caminho.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Divas




Divas


Madonna nasceu no dia 16 de agosto há sessenta anos. Pois, nunca imaginei que ela n’algum dia teria 60 anos. Não senhores. Madonna seria sempre, e para todo o sempre, jovem; pois que ela é o ícone feminino da minha adolescência, aquela que representou o que nós queríamos ser no futuro; mulheres fortes e donas de nossos lindinhos narizes. Assim somos. Bom, pelo menos, assim sou eu e muitas da minha geração.

Madonna é divina porque nos representa, através da música, naquilo que de mais caro nós, mulheres, temos hoje em dia. Desde Madonna nós sabemos que podemos ser quem quisermos, como quisermos e quando quisermos sem ter que dar satisfação alguma a qualquer ser vivente deste planeta. E, além disso de tudo isso, e mesmo sem cantar tanto assim, com muita inteligência e competência, a tal senhora tornou-se a representação viva da música popular mundial a partir dos anos 80. MDNN é diva moderna!

Neste mesmo dia sessenta anos depois, Aretha Franklin permitiu-se partir. Perdemos sua voz hoje e assim o mundo ficou mais silencioso; nós ficamos um tanto mudos sem a voz de uma mulher que representou uma parte importante da história americana e do Mundo Ocidental. Aretha cantou para pedir respeito, cantou no funeral de Martin Luther King, cantou na posse de Barack Obama. Aretha, última representante de Billie, Ella, Sarah e Simone entre nós, a divina voz adocicada e inconfundível do soul era diva à moda antiga.

Entre Aretha Franklin e Madonna há uma enorme distância, muita música diferente feita, muitos anos passados, muitos direitos adquiridos ao longo do caminho. Contudo, vendo e ouvindo Beyonce a cantar por estes dias, não há como não pensar que as mulheres e meninas de hoje são a soma destas mulheres tão diferentes; de todas as mulheres. Que nossas divas e sua música vivam para sempre. Amém!


quinta-feira, 16 de agosto de 2018

domingo, 12 de agosto de 2018

Crença...





Passaporte Para a Fé
Gabriel O Pensador

Muitos dizem que o mundo é dos espertos
Que não dá pra ninguém dormir no ponto
E com um olho fechado e outro aberto
Acordamos já prontos pro confronto
Frente a frente com o inimigo eu me vi
Era eu mesmo no espelho a refletir
Nessa guerra entre o ego e o amor
A diferença tá no preço ou no valor?
Muitos sonham, alguns fazem, poucos vivem
Muitos gritam, alguns falam, poucos dizem
Mas só quando fica tudo por um triz
É que a gente de repente entende o que o silêncio diz

É, cê pensa que sabe o que você quer
Mas quem você pensa que você é?
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé
Não tente ser o que você não é
Esteja aqui agora onde estiver
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé

Passaporte para a fé
Passaporte para a vida
Para a morte, para onde você quer
O que será que a vida é
Um pesadelo ou um sonho?
Quem disse que nunca sonha tá dormindo em pé
Um sonho intenso é como se fosse uma prece
Então comece aceitando a paz e não o estresse
Se pudesse escolhe entre acordar, dormir, ficar, partir
Você ficava eternamente aqui?
Só quem sobe o Evereste
Desce e volta pra contar
Quem passou pela avalanche
Hoje sabe onde pisar
É, sei que a sombra entristece
Mas também anestesia
Deixe o sonho te acordar
E trabalhe, confie, confie, confie, confia

É, cê pensa que sabe o que você quer
Mas quem você pensa que você é?
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé
Não tente ser o que você não é
Esteja aqui agora onde estiver
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé
Cê pensa que sabe o que você quer (quem é você?)
Mas quem você pensa que você é? (Quem tu pensa que é?)
Seu erro pode ser um golpe de sorte
O medo pode ser seu passaporte para a fé (você é você)
Não tente ser o que você não é (seja você mesmo)
Esteja aqui agora onde estiver (mas não seja sempre o mesmo)
A vida no seu peito bate forte
A vontade de viver é o passaporte para a fé

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Uma Carta




Uma Carta

Domingo serão três anos sem ti, Mima. Será também dia dos pais e isso, essa coincidência de datas, me incomoda desde o dia no qual tu viraste um passarinho para sempre. Impossível estar simplesmente feliz sem pensar em nada. Sem lembrar que não estás aqui. Aliás, estes têm sido tempos difíceis para mim. Ano esquisito, meses estranhos, semana particularmente difícil, esta, porque... Porque sim. Porque para todos há os tais momentos difíceis, eu creio. Porque eu sou uma pessoa difícil. Mima, tu tinhas razão. Sou mesmo ranzinza, mandona e com uma paciência tão pequena em momentos que, às vezes, me assombra ter gente tão boa perto de mim.

Saudades de ouvir-te me chamar de ranzinza, de escutar tuas bobagens sem fim, de ter colo... O teu colo. Sorriso. Sei, sou grande, sei tomar conta de mim. Eu sei. Porém, isso de voltar para São Paulo trouxe cores novas às minhas saudades. Depois de três anos, as tais saudades são menos agudas, verdade. Contudo, ao mesmo tempo, elas tornaram-se mais amplas aqui, mais reais. Agora, vivendo na minha cidade, na tua cidade, as saudades se fazem tão presentes que me assustam. Te queria aqui comigo.

Sabes, toda vez que algo ruim acontece no Mundo, eu penso: "que bom que a Mima não está aqui". Mas, andas a perder as coisas boas também. E isso; isso é foda. Desculpa o palavrão, mãe, mas é isso mesmo. Das coisas mais bonitas que andas a perder, Mima, estão os miúdos. Você iria amar ter conhecido a Vitória, ela é uma figura. Menina danada, falante, divertida e cheia de personalidade. Ela te adoraria, sei bem. O Nico é mais na dele. Quieto mais do que falante, cheio de mistérios a esconder o que se passa na cabecinha dele. Lindo. Miguel está a chegar. Terás mais um neto, mãe! Quem diria?

Eu daqui imagino-te a espiar tudo d’alguma nuvem, louca para dar opinião em tudo que acontece. A falar das tuas não importando quando ou com quem. Eu adorava isso! Podias vir para conversarmos, não? Conversa curta, não peço muito. Me contentaria com qualquer coisa, umas palavrinhas bobas e umas risadas exageradas.  Te lembras das gargalhadas?

Eu me lembro e sinto saudades tão grandes delas e de ti que as tais alcançariam terras além mar hoje. Eu estou bem, não te preocupes. Gosto de reclamar, sabes como é. Como eu sou. Te amo sempre e para sempre. E se puder, baixar aí da nuvem, eu topo uma conversa à qualquer hora do dia ou da noite. Não precisa marcar hora nem bater à minha porta, pois toda casa minha será sempre tua também. Fica bem, Mima. Beijos todos.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Guardar





Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não
  se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto
                 é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é,
velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela
                                    ou ser por ela.
          Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
                         Do que pássaros sem vôos.
  Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se
                          declara e declama um poema:
                                     Para guardá-lo:
            Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
                  Guarde o que quer que guarda um poema:
                              Por isso o lance do poema:
                       Por guardar-se o que se quer guardar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Um de Nós






Um de Nós
Marcelo Jeneci

Um de nós
Vai sentir a falta de um de nós
Cada um, numa noite alta vai sofrer
Vou te ver, abraçar o vento com alguém
Que te faça bem

Vou sorrir, mas nesse momento eu vou chorar
Por sentir na carne a dor que dá
Quando alguém ocupa o seu lugar
Que não é somente um lugar
Foi um sonho que acabou

Amanha vai ser diferente
Eu vou seguir
Onde vai toda essa gente
Eu quero ir
E andar onde ninguém andou
E voar quando ninguém voou
Por ai

Um de nós
Ao chegar na frente de onde for
Vai lembrar do nosso primeiro grande amor