sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Apesar de todo o tempo que passou
Ele ainda continua sendo o meu Beatle favorito
E esta ainda continua sendo a melhor ideia de presente para todos no Natal

Felicidade para todos!

Natal em Todo Lugar

Anjo de Natal...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal Colorido


Nestes últimos dias tem feito muito calor, coisa que gosto muito por sinal. Nasci para o clima tropical, definitivamente. Os dias estão lindos com um céu azul claro, e há insetos por todo canto, assim como pássaros e um sol gigantesco e amarelo a torrar os miolos de todos nós: homens, pássaros e insetos, enquanto brilha firme e forte. Apareceram de uma vez por todas os shorts, os vestidos curtos, e as saias que tanto nos agradam. Meias e botas agora descansam e os deditos já podem respirar alegres em sandálias e chinelos por todo canto. Sinal que o Verão e o Natal já nos espiam.
É tempo de sentar com os amigos à noitinha para uma cerveja estúpida de gelada, tempo para passeios de bicicleta e banhos de mar até o sol se pôr, e para dias fantásticos com overdoses massacrantes de sorvete de goiaba, banana, limão e chocolate. Por estes dias gostamos de ler no parque, de estar na rua o tempo todo e de usar óculos de sol para parecermos abelhas ou moscas a bordejar. Agora é tempo de suar: suar para namorar, (e como isso é bom, não?) suar em partidas de basquete ou de futebol no final da tarde, ou naquele concerto ao ar livre que não podemos perder. Música para celebrar!
Haverá, então, momentos perfeitos para banhos de mangueira no quintal ou de chuva de verão. Haverá também as tardes na praia destinadas a dar mais cor a pele que Deus nos deu para podermos ficar, como posso dizer: mais adaptados ao colorido da ocasião. Teremos o sol a se pôr muito mais próximo da meia-noite e os dias nascendo como se já fosse meio-dia: com um calorão de rachar a cuca, como diz minha mãe. Nada de perder tempo na cama, então.  O negócio é levantar e morrer de preguiça, estirado na rede da varanda ou na toalha à beira da piscina.
E, o melhor de tudo isso, é que nada disso custa muito, ou quase nada, para ninguém; certo? Prova mais do que clara de que o importante nesta vida, e nas outras que virão, não é aquilo que podemos comprar com o dinheiro. Não senhor! E a verdade, é que também não há necessidade de grandes planejamentos, projetos ou engenhos para as coisas que aqui estão, há? Claro que não! Pois, daí, não soa tão bobo assim concluir que o melhor da vida é simples e genial ao mesmo tempo. Não é não?
Desejo, por isso tudo, tudo isso para vocês, meus queridos amigos: lindos dias coloridos e cheios de vida, copos bem gelados e beijos tão quentes que cheguem a doer, roupas curtas e noites longas, livros alegres e música para sonhar. De presente, toda a felicidade do mundo neste Natal.
Beijo com sabor de rabanada e de namoro na calçada para todos.
Feliz Natal

Natal em todo lugar


Um anjo para o Natal...

domingo, 18 de dezembro de 2011

O que tinha que ser...


Agora um sono terrível me assola e me dá aquela moleza mais que típica das tardes de domingo. O fato é que depois de passar a noite com amigos (dos melhores), bebida e etc. e tal, acordei cedo para ver a final do Mundial de Clubes pela televisão. Algo para mim definitivamente obrigatório, afinal, como perder uma partida, uma decisão, com este Barcelona a jogar sem se arrepender depois? Pois é, e o que tinha que ser realmente se deu: Barcelona jogou muito bem e, como quase sempre, deu um espetáculo em campo. O time catalão goleou o Santos que, se um dia já foi de Pelé, hoje é de Neymar, Ganso e companhia.
Claro que eu, como boa corintiana dedicada, torci desde o princípio para o time espanhol; que isso de torcer por um time que não o seu em qualquer partida (quem dirá numa final!), só porque ele pertence a seu país não existe. Não torço por inimigos da bola; muito por convicção e por saber que não haverá brasileiro, muito menos paulista, que torça por meu Timão na mesma situação. Mesmo que apenas nos campos da bola, somos inimigos e ponto final. Por isso, se não cheguei a vibrar com os belos gols marcados hoje, é bem verdade que gostei muito de vê-los.
Mas, como não só de parcialidades e paixões vive o homem, e a mulher, devo dizer que qualquer que fosse o time brasileiro o resultado não seria outro. Não mesmo! Estamos tristemente tão distantes da qualidade da bola jogada pelos grandes europeus que trememos diante destes. O Santos, como todo time do Brasil o faria, paralisou-se frente ao Barcelona e praticamente não jogou. Assistiu ao jogo do adversário como o aprendiz que assiste, maravilhado, seu mestre a executar toda sua técnica ainda muito distante para ele.  Pois, hoje em dia, somos amadores no esporte onde já fomos grandes e estamos, pouco a pouco, deixando de jogar futebol como deve ser.
Seja pela ganância excessiva de dirigentes e a política mafiosa que abunda no futebol daqui, seja pela pouca pretensão dos jogadores quanto à qualidade no que fazem (coisa cada vez mais comum aos brasileiros, aliás) e a massiva preocupação com o tamanho de seus colares e carros, com a mídia e uma mais que desejada transferência para Europa. Seja como for, a verdade é que não somos mais os protagonistas neste espetáculo, apesar de termos muito talento para isso. Hoje, falta-nos algo que é primordial em qualquer área no mundo inteiro: o profissionalismo no que fazemos.
Doeu-me, contudo, ver a carita triste de Neymar. Aquela cara de menino apaixonado por futebol que se viu profundamente frustrado por perder no final. Nele ainda vemos a vontade, a paixão e, talvez por isso mesmo, o talento que anda em falta pelos nossos gramados. Mas, não há o que fazer, o futebol é um esporte coletivo por essência e, assim, talento algum pode vencer uma grande equipe de futebol. Venceu o melhor.
Ah, há também um homem com apenas 24 anos chamado Lionel Messi, genial e calado, que marcou dois golaços hoje. Menino grande que, se a justiça ainda existir neste mundo, será escolhido o melhor jogador do planeta outra vez.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

A Paixão nos Espera!

 


Paixão boa é aquela que não tem lógica e que nos causa grande aflição. Algo que parece acontecer como uma teimosia nossa, uma loucura que desafia a razão e que, por isso mesmo, não deveria pertencer ao mundo dito adulto. Algo que, apesar de todos os contras que possa haver, para o apaixonado é algo inexplicavelmente lógico e mágico. A paixão é aquilo que nos move para além do dia a dia, da rotina, é um alimento necessário para a alma. Podemos ter paixões distintas, isso não importa. Elas podem também durar uns poucos anos ou uma vida inteira, isso não importa também. O que importa é que toda a paixão sempre vale a pena.
Sermos loucos por nosso time do coração, por esta ou aquela banda de música que gostamos e, por eles gastarmos muito tempo e dinheiro. Dedicarmo-nos como fanáticos a nossos hobbies e voar ou mergulhar pelo mundo inteiro. Tanto faz. Podemos começar um curso de violão ou fotografia, dedicar-nos à pintura ou a poesia, abraçar as artes marciais ou as artes da cozinha; ótimo! O que importa é termos a capacidade de irmos contra aquilo que pareceria o mais certo a se fazer e, para variar, abandonar todo o bom senso. Termos, muitos anos depois da infância, a mesma capacidade de sonhar, de desejar, de crer e, principalmente, de se divertir muito tentando realizar a maluquice da vez; e, por isso, sentirmos que ainda estamos muito vivos e temos muito a fazer.
Claro que temos as responsabilidades, as contas e tudo mais, contudo, que graça tem a vida e o Mundo se a única coisa que temos são obrigações a cumprir como se fossemos máquinas criadas para executar fielmente uma programação preestabelecida desde que nos entendemos por gente. Não, assim não pode ser! Sei que nós envelhecemos; que vêm as rugas e que os cabelos perdem a cor. Sei, também, que neste momento as pessoas esperam que sejamos apenas sérios senhores e senhoras respeitáveis e competentes; contudo, este é um problema deles, não é?
A verdade é que não há uma idade certa ou errada para nada, muito menos para se apaixonar por algo novo na vida. Descobrir em si mesmo novas habilidades e qualidades, aprender, desenvolver, arriscar-se e, às vezes, mudar tudo de vez. Por isso, vamos separar um minuto e perguntar-nos: Qual será paixão da vez? O que é que queremos fazer diferente no ano que vem?
É certo que também podemos nos apaixonar por outras pessoas; e isso é bem divertido também. Entretanto, que tal descobrirmos primeiro uma paixão que só depende de nós mesmos e, depois, fazer alguém se apaixonar pelo que temos a oferecer? A paixão nos espera, basta correr um pouco atrás dela sem nenhuma timidez.
Um beijo para todos e que em 2012 tudo seja para valer!

sábado, 10 de dezembro de 2011

A História de João e Valéria (parte 4)


Apesar de perto, não era nada fácil chegar à casa da Valéria; principalmente para o João e seu tamanhão de dinossauro perto do tamanho mini da borboletinha e sua família. Borboleta é inseto bonito, mas muito pequenito e, por isso, tem que saber se esconder muito bem dos outros bichos que são muito maiores do que ela.
João seguiu Valéria bem de perto, para não perdê-la de vista. Voaram entre as roseiras bonitas, mas cheias de espinhos, passando rente às trepadeiras unha-de-gato, que só pelo nome já provocavam tremeliques no passarinho. Depois de longos metros e uma porção de curvas feitas bem devagarinho no caminho que era estreita demais para o desengonçado sabiá, eles finalmente chegaram a uma pequena abertura entre pedras por de trás de folhagens chamadas costelas-de-adão.
“Nossa, que apertada que é a porta da tua casa, Valéria! Sei não se eu passo por ela?”, exclamou acabrunhado o sabiá a duvidar muito que caberia ele todo na casa da nova amiga. “Não seja bobo, João. Claro que você passa por ela. É só murchar um pouco o barrigão!”, e riu-se ela, com seu riso fininho, do tamanho avantajado do abdômen do amigão. O pobre João olhou para seu corpo tão maior que o dela e sentiu-se estranho e errado como nunca havia antes pensado.
“Sou mesmo gordo demais, não?” segredou ele bem baixinho para que ninguém além dos dois pudesse ouvir. “Claro que não, João! Você é passarinho e tem este monte de penas que te deixam..., bem,... fofinho. É diferente de mim, isso sim. Mas, imagina só se no mundo tudo, toda gente mesmo, fosse igualzinho. Seria muito chato, não? Não teríamos nomes diferentes para cada coisa e, todas elas teriam o mesmo sabor e a mesma cor. Não haveria todas as cores, todos os cheiros e nem todas as formas e tamanhos diferentes que vemos. Sem as diferenças o mundo seria sem graça demais porque nossos olhos não teriam nada para olhar.”
“Nisso tem razão, amarelinha. Mas, é que eu acho tão bonito ser assim tão elegante como você. Invejo-te por isso.” João disse isso com um meio sorriso tímido e de lado como, se apesar de tudo que a amiga lhe dissera, ainda não estivesse convencido. Valéria voou para bem perto dele e, olhando-o nos olhos disse doce é séria como só o sabem fazer os amigos: “João, sem o seu corpo mais pesado e mais forte que o meu meus sonhos estariam para sempre perdidos, e a vida não teria mais tanta graça para mim. Nossa aventura é possível porque você é pássaro e, contigo posso voar muito além do meu jardim.”
João abriu seu sorriso completo então; a amiga tinha mesmo razão. “Certo! Vamos em frente agorinha mesmo; enfrentar a mãe borboleta que, pelo que me parece, parece-se muito mais com um dragão.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Incompleta

Multidão - Pedro Noel da Luz

 

Soltar o abraço, deixar o laço
e ir-se ao mesmo tempo que se deixa ir
parece-me à morte,
a morte de muito do que há em mim.
sou eu mesma, mas não deixo de ser o que há
de meu nos outros,
e sou eu mesma, mas sinto-me vazia, oca,
sem o que há dos outros em mim.
apego-me, apreço inerente ao meu ser,
de um bem querer sem fim que,
por vezes, apavora.
desconheço a paz daqueles que não se importam
que não se incomodam,
que sentem-se completos à sós e,
por isso, sou apenas uma parte,
a metade, algo incompleto por natureza;
uma alma coxa do princípio ao fim.
preciso, irremediavelmente,
 do outro
para o meu pleno existir.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

That's what people are made for...


...Be Kind

A História de João e Valéria (parte 3)


Valéria não acreditava no que ouvira. O monstro com asas gigantescas e barrigão que mais parecia um balão não a comera. Não senhor! Muito ao revés de feri-la, o tal sujeito cheio de penas queria era saber se ela estava bem. Por isso, mesmo ainda cheia de medo e com suas pernas, grossas como fios de cabelo, a tremer feito bandeira em dia de vento, a borboleta abriu seus olhos bem devagarzinho.  Pois que não havia outro jeito de fazê-lo, já que as pestanas da menina pareciam ter dado as mãos de tão grudadas que estavam umas nas outras.
Contudo, assim que os olhos conseguiram coragem e se abriram, eles viram o João bem de perto. E, àquela distância perceberam a carita de bons amigos que tinha o passarinho. O sabiá, zeloso com a menina, passou bem suave uma de suas asas por detrás da pequena cabeça dela e a levantou com uma gentileza bonita para que ela pudesse beber um pouco da gota d’água que, com a outra asa, o amigo-sabiá oferecia.
“Beba um gole de água para ficar mais calminha e ganhar fôlego, borboletinha.” Disse João. E, assim fez a borboleta menina. Percebendo, à medida que a água descia pela goela adentro, que desaparecia todo o medo dela. Apesar de Valéria ainda não o saber, naquele momento uma nova amizade se fazia.
João sentou-se ao lado da borboleta e esperou um pouco para ver se ela lhe dizia algo. Afinal, era a primeira vez que ele iria conversar com uma borboleta e aquilo o deixava muito nervoso mesmo. Mas, como nada saía da boquinha da menina, ele decidiu se apresentar.
“Olá. Meu nome é João. Qual é o seu?” João fez a tal pergunta e ficou a olhar para a nova amiga a espera da resposta que demorava muito a sair. Tanto demorava que o pássaro já imaginava se ela havia compreendido a sua pergunta. Talvez as borboletas não falassem a mesma língua dos pássaros e ele, que na escola não havia estudado outros idiomas, não sabia uma palavra de borboletês. “Que problemão seria aquele, não?” matutava o sabiá.  Foi daí, no meio da cisma, que João ouviu: “Eu me chamo Valéria. Muito prazer!”
“Sim, sim, o prazer é todo meu.” respondeu João apertando a mão-tamanho -miniatura da amiga. “Desculpe-me se te assustei, não tive a intenção. Mas..., é que te vi ali sentada tão tristonha, tão pensativa e... E eu achava que para uma borboleta era impossível ficar triste porque vocês são tão bonitas. O que há de errado Valéria?”
Valéria olhou-o mais curiosa ainda, mais do que tudo na vida, ela não imaginava que um bicho grande como aquele se importaria com ela. E, por isso, quis dividir com ele aquele segredo pesado que andava apertando seu peito há muito tempo.
“Sabe o que é João.” Começou ela. “Eu queria muito conhecer o mundo, sair daqui do meu jardim para ver tudo o que existe por aí. Só que eu sou uma borboleta muito pequena e não nasci para isso porque minhas asas não têm a força necessária para tal aventura. Queria tanto ser como as borboletas monarcas que voam muito, muito longe. Já até sonhei ser uma delas e passar sobre lagos, florestas, montanhas e nem sei mais o quê. No meu sonho vôo tão longe... Mas isso não é para mim.”, suspirou ela, “tenho que ficar aqui. Conhecer no máximo umas poucas ruas, casas e jardins que ficam perto daqui.”
João apertou os olhos como fazem meninos danados quando têm idéias fantasticamente boas e malucas e, com as asas na cintura gritou: “Tive uma idéia, eu já sei! Vamos nós dois nesta aventura pelos céus. Eu sou pássaro, não tão grande quanto o gavião. Eu sei. Mas posso voar bem e carregar-te não será problema. Faremos a viagem por partes, um pouco a cada dia: hoje aqui, amanhã ali. E, tcharam, um dia acordamos no Japão, se quisermos. Que tal, quer viajar comigo?”
Os olhinhos de Valéria arregalaram-se tanto à medida que João falava que, ao final, pareciam ter dobrado de tamanho. Ela e seus olhos não se continham de tanta alegria e, iluminada, a borboleta menina abraçou o novo amigo já sem medo algum. Algo lhe dizia que poderia, sim, confiar nele e que seu sonho realizar-se-ia afinal.
“Você me ajudaria mesmo, João? Posso confiar? Vai mesmo fazer esta viagem comigo?” perguntou apressada a amalucada borboleta voando ao redor de João. “Claro!” riu-se o sabiá. “Pode confiar e, além do mais, eu também andava a procura de uma aventura; e esta sua me parece genial. Vamos conhecer o Mundo!” exclamou João.
“Xiiii..., será que a minha mãe vai deixar?” lembrou Valéria já meio amuada. E até que ela tinha razão para a carita preocupada, pois, sua mãe era muito brava.  “Vamos lá pedir para ela. Eu te ajudo” ofereceu-se o amigo. Assim, com toda a coragem de volta para seu corpo, sorriu Valéria dizendo: “Vamos logo, então!”
E, assim partiram os dois em direção a casa dela.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Sócrates a elegância e genialidade em campo


Bola de futebol...é um utensílio semivivo,
 de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mãos.

1954 - 2011 (04.12.11)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1° de Dezembro (e todos os outros dias)

Amor não machuca nem mata, mas a falta de cuidados e de informação pode magoar muito mesmo

O beijo

 

Um beijo não é apenas um beijo


Um beijo não é apenas um beijo
E é por isso que putos e putas
As pessoas mais puras abaixo do céu
Não o dão à toa
Um beijo não é apenas um beijo:
É uma promessa
É um deslumbre
É um assombro
Devastador
É a verdade que jamais poderá ser escrita ou falada
Tal como o teu amor
Um beijo nunca será apenas um beijo
Muito menos se for o teu e o meu

Poema de Carlos Nobre - in Algodão Uma falaciosa Noção de Intimidade

as palavras mais belas que já ouvi para descrever o beijo,
ainda mais se for meu e teu

terça-feira, 22 de novembro de 2011

pássaro azul


Queria caminhar, caminhar
e caminhar, e caminhar mais.
andar tanto e, por cansaço, esquecer,
esquecer promessas não ditas,
esquecer a esperança n’aquilo
que não se vê.
exaurir pernas até que
a dor fosse o único pensamento
possível de existir.
E assim, o coração ocupar-se-ia
apenas da dura tarefa de carregar
 um pouco de sangue a toda parte do corpo
 consumido pelos passos.
e, então, ficaria para todo o sempre
calado no peito o ingênuo pássaro azul
que, apesar de tudo, ainda
cisma
que deve cantar.

sábado, 19 de novembro de 2011

A história de João e Valéria (parte 2)




A borboletinha pensava na vida há algum tempo, ali sentada no galho da pitangueira que naquela época do ano estava carregada de flores, mas ainda nem sombra da fruta alaranjada que, logo-logo, a coloriria. Valéria havia se perdido em seus pensamentos. Isso porque em toda cuca que se preza há um mundo de pensamentos escondidos, mesmo nas pequenas cabecitas das borboletas que pareciam cabeças de alfinetes com antenas. E nestes pensamentos compridos a pequena havia se perdido.
Tão distraída estava, que nem notou que bem perto dela, fazendo sombra sobre suas asas, estava João.  Por isso, quando ela ouviu aquele “Bom dia, borboleta!” dito de forma simpática e sorridente, não entendeu bem de onde vinha o tal som. De repente, olhando para cima, Valéria percebeu aquela enorme barriga laranja apoiada no galho perto do seu. “Meu Deus do céu!”, pensou ela e...
ZUUUMMMMMM... A borboleta saiu voando como uma louca, à moda dos foguetes que alcançam até a Lua, sem sequer responder ao cumprimento do João que, com a cara mais sem graça do mundo, não entendeu toda aquela pressa. E, querendo mesmo conversar com a pequena amarela, saiu a voar atrás dela.
Valéria já se imaginava amassada, geléia de borboleta, no meio daquele bicão do pássaro que voava atrás dela. A pequena voava como nunca havia voado antes, tamanha era a velocidade e tão ousadas eram as manobras radicais feitas por ela. Tão impressionante era a perseguição que abelhas, joaninhas e até mesmo as sempre-ocupadas formigas pararam para ver toda a ação.
Pobre dela, o coração de nossa amiga batia rápido, feito bateria de rock pesado, e parecia que ia saltar pela boca da miudinha quando suas asas começaram a fraquejar e uma dor espetada ganhou vida nas suas asas bem ali, bem perto das suas costas magrelas. Valéria não agüentava mais. Ainda fez muita força, tirou vontade de todo o seu corpo, até das canelas, mas suas asas não a obedeciam mais e, assim, a borboleta começou a girar e caiu.
Ela foi caindo em rodopio, de maneira lenta como caem as pipas coloridas nas tardes de verão; Valéria caiu em câmera lenta. Por isso, não se machucou muito não... Ufa, que bom para ela ser daquele jeito: tão magrela. Entretanto, tão cansada estava a menina borboleta que ela não conseguia erguer nem mesmo a mão. Caiu entre os pés de Maria sem-vergonha e ficou paradinha ali. Quem sabe assim o pássaro não a encontraria, não?
Mas que nada, mal haviam passado alguns segundos e lá estava o carnívoro bicão do sabiá que a perseguira. João abriu seu bico ao mesmo tempo em que Valéria fechou seus olhos redondos e pequenitos, ela não queria ver a desgraça sendo feita. Isso não! E, já começara a rezar quando do bico, ao invés de bicadas, saiu um sorriso. “Ah, você está bem. Graças a Deus!”, disse João.

Light


You’re made of light
and, though it is something beautiful
to see, that is all
you will be: a piece of light till the end of times,
until the end of my time here.
wonderfully untouchable as all light can be,
and it does not matter
if sometimes, as in that photograph,
it seems to me the light
of the Sun that I see
when I look at thee,
and the fact that I believe you are
the one
does not change a thing, dear.
because reality is not made of light
neither now nor one day
it will
be

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A história de João e Valéria (parte 1)


1
Valéria era uma borboleta miudinha, pequena e amarela como os botões das capas de chuva das crianças que brincavam naquela praça todo final de tarde. Mas, apesar de sua pequenez, Valéria era uma borboleta menina muito corajosa. Tão destemida e curiosa que, às vezes, sua mãe a chamava para o jantar assim: “Venha aqui minha Borboleta Leão!” Sim, Valéria era um inseto danado e xereta que, por se crer muito maior do que era realmente, já havia se metido em muita confusão.
Mas, apesar de toda coragem que havia naquela barriguita, Valéria andava muito triste por muitos e muitos dias. Tão tristonha andava ela que suas antenas apontavam para o chão, e as asas, que mais pareciam ser feitas de papel de pipa de tão fininhas que eram, estavam murchas; se é que se pode dizer isto de asas. Mas, tão murchinhas estavam elas, que mais pareciam cara de menino quando acorda e vê que está chovendo em pleno domingo de praia e, naquele dia, não haverá futebol.
Valéria andava triste por um motivo que era até bem simples: ela tinha ganas de ver o mundo para além de seu jardim. É sim! Aquela borboleta menina queria sair dali, queria conhecer seu bairro, sua cidade e seu país. Ela queria ver o mundo todo, grande como ele só. Grande como apenas o Mundo pode ser. Entretanto, ela era pequena demais para isso, e suas asas de papel de seda não tinham a força e a firmeza necessárias para esta grande jornada. Valéria era um tipo de borboleta que voava lindamente, como bailarina a rodopiar na brisa, mas que não podia ir muito longe não.
“Ai... Ai...” Suspirava ela sentada num galho da pitangueira bem perto do escorregador vermelho.


Opinião


Papo antigo e solução idem. Legalize Já!

domingo, 13 de novembro de 2011

Des-Humanos



Durante muitos dias evitei, com dedicação, ver as imagens da morte de Muamar Kaddafi que foram mundialmente transmitidas tal final de um campeonato mundial. Fugia delas, pois sabia que haveria ali o terror que prefiro evitar, e sobre o qual, portanto, não gosto de falar. Não consigo ter a compreensão exata de qual parte de nossa humanidade mostra-se nestes momentos terríveis que chamamos desumanos. Mesmo assim, evitando-as a todo custo, não houve como escapar a flashes e linhas que me revelaram mais do que o necessário, e que fizeram com que o fato tenha me assombrado com uma insistência curiosa demais desde então.
Claro está que não falo aqui de nenhum santo, homem puro, que foi brutalmente assassinado, sei que não. Sei também que ele foi, durante anos a fio, responsável por atos tão ou mais terríveis que este. Entretanto, o que me assombrou foi a certeza de que a morte que assisti não deveria ter sido o destino de homem ou animal algum, seja ele bom ou mau. O que me entristeceu foi dar-me conta de que pessoas comuns, antes vítimas do ditador, tornaram-se algozes tão cruéis que nos fizeram sentir pena de um homem que, de acordo com seus atos pregressos, não mereceria nossa compaixão. E, outra vez, em nome do bem o que presenciei foi o mal acontecer.
Ficaram-me perguntas a martelar a cabeça, e a clareza incômoda de que tais atos cruéis dos quais somos tão capazes podem ser chamados de tudo, menos de desumanos. Ou eles não são uma reação antes de qualquer coisa humana? Não são? São? Se procurarmos a definição de desumano em dicionários encontraremos: falto de humanidade, cruel, bárbaro. Pois bem, o quão contraditório pode ser saber que os humanos são aqueles que mais têm a capacidade de cometer atos desumanos? Difícil mesurar, não?
Como pode haver prazer em deixar, ver e/ou fazer o outro sofrer? Compreendo que, num momento de dor, sejamos capazes de meter uma bala no peito ou no crânio de alguém e, ainda assim equivocados, termos a sensação de que aquilo que chamamos de justiça foi feita. Mas, a tortura... Esta foge de minhas possibilidades de compreensão e me faz, sempre, chorar. Chorar pela vergonha de perceber a desumanidade que pode haver em qualquer um de nós.
Na verdade me parece que, pouco a pouco, perdemos a capacidade de perceber no outro um ser humano também; voltando a tempos bárbaros há muito passados. Apenas isso, me faz compreender a nossa falta de compaixão com aqueles que padecem sofrimentos que nós, por obra divina, desconhecemos. Não sabemos o que significa estar em meio a uma guerra, nem o que é sentir seu corpo e mente violados de toda e qualquer maneira imaginada. Desconhecemos a dor que um homem deve sentir quando a fome é tanta que a pele da barriga parece poder beijar aquela que cobre as costas naturalmente tão longínquas. Por que deixamos ainda que coisas assim aconteçam todos os dias?
Por algum motivo, não muito claro para mim, lembrei-me agora de um poema de Manoel Bandeira que me incomodou muito quando li pela primeira vez. Deixo-o com vocês.
Um beijo e boa semana, mais uma vez.

O BICHO
VI ONTEM um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
de Manoel Bandeira

Cariño...

Morena MíA

Miguel Bose

Morena mía
Voy a contarte hasta diez
uno es el sol que te alumbra
dos tus piernas que mandan
somos tres en tu cama, tres
Morena mía
el cuarto viene después
cinco tus continentes
seis las medias faenas
de mis medios calientes.
Sigo contando ahorita
Bien, bien, bien, bien, bien

Morena mía
siete son los pecados cometidos
suman ocho conmigo
nueve los que te cobro
más de diez he sentido...

Y por mi parte sobra el arte
lo que me das, dámelo, dámelo bien
un poco aquí y un poco ¿a quién?

CHORUS:
Cuando tu boca, me toca, me pone y me provoca
me muerde y me destroza
toda siempre es poca y muévete bién
que nadie como tú me sabe hacer café.

Morena agata, y me mata, me mata y me remata
vamos pal infierno, pon que no sea eterno
suave y bien, bien
que nadie como tú me sabe hacer café
Pero cuando tu boca, me toca, me pone, me provoca
me muerde y me destroza
toda siempre es poca y muévete bien, bien, bien
que nadie como tú me sabe hacer....uff café.

Morena mía
si esto no es felicidad
que baje Dios y lo vea
y aunque no se lo crea
esto es gloria...
Y por mi parte pongo el arte, lo que me das,
dámelo y dalo bien
un poco así y un poco ¿a quién?
Pero cuando tu boca, me toca, me pone y me provoca,
me muerde y me destroza
toda siempre es poca y muévete bien
que nadie como tú me sabe hacer café.

Morena agata, y me mata, me mata y me remata
vamos pal infierno, pon que no sea eterno
Suave bien bien, que nadie como tú me sabe hacer café

Y es que cuando tu boca, me toca, me pone, me provoca
me muerde y me destroza
toda siempre es poca y muévete bien, bien, bien
que nadie como tú me sabe hacer..uff café.

Bien, bien, bien, bien, bien, bien...
Bien, bien, bien, bien, bien, bien...
Bien, bien, bien, bien, bien, bien... Café...
Bien, bien, bien, bien, bien, bien... Café...
Bien, bien, bien, bien, bien, bien... Café...

Olhos surdos


Missing your Sunday Words... Where have they gone, Preto?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

deep blue

 

All My Mistakes

Avett Brothers

Shooting off vicious collections of words
The losers make facts by the things they have heard
And I find myself trying hard to defend them
I made decisions some right and some wrong
And I let some love go I wish wasn't gone
These things and more I wish I had not done
But I can't go back
And I don't want to
'Cause all my mistakes
They brought me to you
I have some "friends" they don't know who I am
So I write quotations around the word friends
But I have a couple that have always been there for me
And I missed some fun 'cause I worked through the dawn
Expecting your praise when I returned home
But I paid the cost 'cause I got left alone for the songs
But I can't go back
And I don't want to
'Cause all my mistakes
They brought me to you


Manoel de Barros

A lua faz silêncio para os pássaros,
                                - eu escuto este escândalo!
Um perfume vermelho me pensou.
(Eu contamino a luz do anoitecer?)
Esses vazios me restritam mais.
Alguns pedaços de mim já são desterro.
..............................................................
(É a sensatez que aumenta os absurdos?)
De noite bebo água de merenda.
Me mantimento de ventos.
Descomo sem opulências...
Desculpe a delicadeza.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Certezas


Tão certo quanto o sal que sinto no mar
e que descansa manso na areia,
é certo que estou aqui e você me escuta silencioso ao entardecer.
Certo é que o sol pode fazer,
suspeitoso das intenções melancólicas
das sombras,
que o suor desça sinuoso pelo
meu pescoço
ao mesmo tempo que escorregue
pelo seu.
E assim, porque assim teria que ser, mergulharemos
no mar morno e salgado,
ensolarado com a mistura do suor e do calor
desta nossa certeza silenciosa
ao entardecer.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Há sempre um mas...


Algodão - Uma Falaciosa Noção de Intimidade by Carlos Nobre Neves

Hoje tem Marmelada...

Selton Mello e Paulo José em O Palhaço


Habituamo-nos tanto a falarmos das coisas erradas que temos aqui no Brasil que, vez ou outra, vale à pena pisar no freio e falar um pouco sobre o que temos de bom; sobre o nosso melhor. Vamos a ele então? Bem, neste último domingo fui ao cinema para ver O Palhaço, filme dirigido, estrelado e com roteiro co-escrito por Selton Mello. Sim, que o rapaz está a pensar-se um Woody Allen, um Almodóvar ou coisa que o valha, tão amplo que se mostra na película. Mas a verdade é que o filme, de, por e para os brasileiros, é mais do que bom, ele é uma sensível obra poética do princípio ao final.
Desta feita, com uma declaração assim, meus amigos devem estar a pensar: Olha que este deve ser mesmo o maior feito brasileiro na sétima arte nos últimos tempos e etc. e tal, não? Bem, lembrem apenas que sou eu a dizer-lo e, vai daí que meu gosto e desgosto devem ser levados em consideração para que vocês evitem uma decepção das grandes depois de assistir o tal filme e pensar: o que foi que ela viu aqui?
Entretanto, vi em O Palhaço algo que não se vê no cinema todo o tempo, não senhor. Selton nos traz um filme enxuto e significativo como os bons poemas de Carlos Drummond. Econômico em suas palavras e linhas, o diretor fala-nos muito mais pelo que não é dito, mas pode ser sentido e visto nas entrelinhas que são desenhadas à medida que a trama se desenrola diante de nossos olhos. Em O Palhaço, mais do que os diálogos, são os silêncios que nos têm algo a dizer.
Em meio a todos estes silêncios e a figura do palhaço tão melancólico e perdido, um solitário Benjamin remete-nos a Carlitos, o Carlos Chaplin que, tão palhaço como ele, foi um gênio na arte de mostrar-nos uma enchente de sentimentos e sensações sem precisar de uma única palavra sequer. E, tal como nos filmes de Carlitos, os olhos em O Palhaço são marcantes e nos contam contos muito para além do que dão conta as palavras.
Por isso, não esperem deste filme momentos grandiloqüentes e dramáticos ou muita ação, não. Há nele o drama, a graça, o estranhamento e a beleza, contudo, isso tudo nos é dado de forma delicada e simples e, justamente neste fato é que reside toda sua genialidade: o belo que há na simplicidade, basta-nos termos olhos e  coração bem abertos para ver.
Este é sim um convite para o cinema. Bom filme meus amigos!
Paulo José  no filme O Palhaço

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carlos Drummond de Andrade (31 de Outubro de 1902)

    Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.



Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
Feliz Aniversário ao meu primeiro Carlos, o Drummond,
neste dia em que nasceu a poesia em Itabira há 109 anos atrás.