segunda-feira, 22 de março de 2021

Everything Is Everything


Everything is everything

What is meant to be, will be

After winter, must come spring

Change, it comes eventually

Everything is everything

What is meant to be, will be

After winter, must come spring

Change, it comes eventually

I wrote these words for everyone who struggles in their youth

Who won't accept deception, instead of what is truth

It seems we lose the game

Before we even start to play

Who made these rules? (Who made these rules?)

We're so confused (We're so confused)

Easily led astray

Let me tell ya that

 

Everything is everything

Everything is everything

After winter, must come spring

Everything is everything

 

I philosophy

Possibly speak tongues

Beat drum, Abyssinian, street Baptist

Rap this in fine linen, from the beginning

My practice extending across the atlas

I begat this

Flipping in the ghetto on a dirty mattress

You can't match this rapper slash actress

More powerful than two Cleopatras

Bomb graffiti on the tomb of Nefertiti

MCs ain't ready to take it to the Serengeti

My rhymes is heavy like the mind of sister Betty (Betty Shabazz)

L-Boogie spars with stars and constellations

Then came down for a little conversation

Adjacent to the king, fear no human being

Roll with cherubims to Nassau Coliseum

Now hear this mixture, where Hip Hop meets scripture

Develop a negative into a positive picture

Now everything is everything

What is meant to be, will be

After winter, must come spring

Change, it comes eventually

Sometimes it seems

We'll touch that dream

But things come slow or not at all

And the ones on top, won't make it stop

So convinced that they might fall

Let's love ourselves and we can't fail

To make a better situation

Tomorrow, our seeds will grow

All we need is dedication

Let me tell ya that


Partida

 


Partida

antes o coração partia em dois com estrondo

dramático e passional

como se espera de um coração que seja,

                                  para além de apenas um órgão músculo qualquer,

amoroso.

Partia seguido de pranto copioso e com muito a dizer

Partia dolorido, abalado, abatido

Partia como se nunca mais pudesse voltar a ser um

Partia

Agora, depois de tantas partidas, de voltas e idas

Parte em silêncio e contido o coração

que, todavia, ama.

Lentamente e sem um pio

ele parte como se nada estivesse ocorrendo cá dentro

Pois depois de tanto tempo,

aprendeu o órgão, com o poeta,

a fingir;                                                    e seguir.

quarta-feira, 17 de março de 2021

Bichos aCuados

 



Bichos aCuados

 

Andamos feito bichos acuados. Cabeça baixa, rabo entre as pernas, e o medo desconfiado de quem já apanhou tantas vezes na vida que teme sempre a aproximação de uma mão que se estende. Viramos bichos desconfiados, bichos frios do asfalto. Bichos tristes; acabrunhados.

Não sei bem como as pessoas no meu país, e no mundo, se sentem depois de um ano inteiro com a vida que virada de ponta cabeça. Também não sei bem como me sinto. Um tanto apática, um pouco covarde, mais indiferente de deveria estar, de coração partido diariamente. Cheia de ideias e coisas a dizer, a sentir que as palavras, anêmicas, morrem na garganta sem coragem para até a boca chegar.

Sinto vontade de chorar todo santo dia e, ao mesmo tempo, quero ser forte. Sou forte. Sou forte, contudo anda um tanto difícil ver tanta gente mais perdida do que eu. Tantos sem rumo, sem comida, sem casa, sem esperança, sem futuro. O Brasil perdeu-se, e numa curva mais fechada, sem freios, rolou barranco abaixo. Rolamos, quase todos, junto com a nação.

Somos uma nação, não? Não sei. A mim me parece que estamos a nos assemelhar muito mais a uma turba que só deseja sobreviver. Seja lá como for. Nunca antes meu mundo se pareceu tanto com o mundo do livro “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago. Em São Paulo, onde cenas do filme foram rodadas, parecemos viver, em modo menos fantástico, a tragédia da perda da nossa humanidade paulatinamente.

Hoje o poema “O Bicho” de Manuel Bandeira ecoa na minha cabeça.

 

O Bicho

 

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Avec le do de la cuillère

domingo, 14 de março de 2021

Tainted lOvE on an on...





















 


Março

 



Março

 

Março

Marco amargo

Sentada numa balsa de pedra ao lado de Saramago

Ignoro, sóbria e sombria, a vida

                                                     que passa ao largo de quem sou eu

expio os nossos pecados

os meus pecados

os teus pecados

pecado

 

me calo

 

enquanto homo sapiens involuídos coroados e eleitos

vomitam seu estofo podre sobre os nossos pratos

eles são os escolhidos,

ungidos por um deus sanguinário de metralhadora nas mãos

 

me calo

mesmo diante de tantos gritos de dor