quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Pessoa


 



Não, não é cansaço...

É uma quantidade de desilusão

Que se me entranha na espécie de pensar,

É um domingo às avessas

Do sentimento,

Um feriado passado no abismo...

 

 

A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.

 

 

O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.


Fernando Pessoa

 

 

domingo, 20 de novembro de 2022

Liniker - Intimidade

A Copa do Mundo Agridoce

 


A Copa do Mundo Agridoce

 

Começa mais uma Copa do Mundo e eu, como sempre, me assanho. Olhos famintos por todos os jogos, camisa nova do Brasil, horas e horas de programas sobre a bola. E a busca por outros que como eu respiram o gramado da cancha felizes por estes dias para uma boa prosa de horas é um prazer. Sim, gosto de futebol desde que me lembro por gente. Talvez por querer passar algum tempo com meu pai e ter o que falar com ele. Coisa de meninos, sabe? Pode ser.

Entretanto, não há, para mim, como não se apaixonar por um jogo de xadrez cheio de emoção e movimento. Peças todas vivas e alertas, a estratégia que anula o oponente, ataque contra defesa, os lances geniais e inesperados. A inteligência e as capacidades físicas unidas a favor da beleza de gols únicos; como não amar tudo isso? Não sei.

Desta vez algo me diz, simplesmente porque sim, que mais uma vez verei a minha seleção campeã. Quiçá? Aceito apostas. Chances temos, como quase todos os times as têm. Porém, o mundo todo há de convir que 20 anos sem um título é tempo demais para nós. A mais mágica de todas as seleções de futebol tem que brilhar mais uma vez; não? Sim! E isso será muito bom para nós brasileiros apesar de todos os pesares.

E os pesares são tantos que, mesmo com todo o fanatismo pela redonda a rolar, não conseguimos mais ignorar o tamanho das injustiças do mundo do futebol, de sua cobiça infinita por dinheiro e poder, de seus desmandos e absurdos que ocorrem apenas para que tenhamos nós, pobres mortais, um mês de muito circo e pouco pão.

A copa no Qatar traz consigo mais questionamentos sobre o quão equivocada foi esta escolha de país para o evento do que as maravilhas que todo o infindo dinheiro dos xeiques catares pode comprar. Afinal, como celebrar uma nação onde a liberdade é um bem restrito a homens héteros e com alguns dinheiros no bolso? Um país misógino, xenófobo, homofóbico. Um país? Pois, não há como celebra-lo.

Como foi difícil celebrar a Rússia de 18, o Brasil de 14, a África do Sul de 10... a Argentina de 78. Esta é uma história antiga, não?

Curioso torna-se, porém, o fato de percebermos que um país artificialmente fantástico em sua essência não consiga de forma alguma esconder as mazelas humanas, que pululam num mundo tão agridoce quanto o nosso, de nossos olhos nem mesmo enquanto a tenda do grande circo está armada e o picadeiro iluminado.

Que venha o hexa sem direito a grandes festas e ilusões.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Baby


Baby

Você precisa saber da piscina

Da margarina, da Carolina, da gasolina

Você precisa saber de mim

 

Baby, baby, eu sei que é assim

Baby, baby, eu sei que é assim

 

Você precisa tomar um sorvete

Na lanchonete, andar com a gente, me ver de perto

Ouvir aquela canção do Roberto

 

Baby, baby, há quanto tempo

Baby, baby, há quanto tempo

 

Você precisa aprender inglês

Precisa aprender o que eu sei

E o que eu não sei mais

E o que eu não sei mais

 

Não sei, comigo vai tudo azul

Contigo vai tudo em paz

Vivemos na melhor cidade

Da América do Sul, da América do Sul

 

Você precisa, você precisa, você precisa

Não sei, leia na minha camisa

 

Baby, baby, I love you

Baby, baby, I love you

Baby, baby, I love you

Baby, baby, I love you

Baby, baby, I love you


I will miss you, baby, forever.


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

OmarAmar

 


OmarAmar

Há tempos perdi-me no labirinto construído

pelo contorno da tua boca

silenciosa

Esperando que me devores

e me engulas sem cerimônias, sem resistências

sem reticências

Vagam pelas vagas das tuas coxas minhas mãos

mornas, enquanto

Enamorados pelo canto esquerdo do teu sorriso tão sonoro

mergulham meus olhos nas tuas curvas ondas

Dentes felizes na carne

Unhas felinas, preguiçosas, passeiam pelos teus flancos

francos

Mergulho em ti

Tu mergulhas em mim

Afogamo-nos

O mar amar

amar no mar

Há amor

amor

OmarAmar