sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Verdes



Onde estão teus olhos
que não os vejo
e neles não  vejo a mim?
perdida sem meus faróis verdes
ando a vagar tal personagem de Saramago
imersa numa grande imensidão branca
de  folhas sem palavras.
para onde olham teus olhos
que não olham para mim?
olhos que foram meus,
que são e serão sempre assim:
os olhos que busco
que procuro
e que quero
que busquem
a mim

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Be Here Now - Ray LaMontagne




Be Here Now

Ray LaMontagne

Don't let your mind get weary and confused
Your will be still, don't try
Don't let your heart get heavy child
Inside you there's a strength that lies
Don't let your soul get lonely child
It's only time, it will go by
Don't look for love in faces, places
It's in you, that's where you'll find kindness
Be here now, here now
Be here now, here now
Don't lose your faith in me
And I will try not to lose faith in you
Don't put your trust in walls
'Cause walls will only crush you when they fall
Be here now, here now
Be here now, here now

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Além Mar




Daqui a menos de um mês, pela primeira vez em minha vida, atravesso o oceano Atlântico em direção a Europa. Demorei uma vida para fazer isso e, apesar de haver o “antes tarde do que nunca” para me socorrer e confortar pela demora, eu creio mesmo que esta é a data mais acertada para a tal inauguração do Velho Mundo na minha vida. Eu sei, também, que há quem se pergunte agora: Mas quem disse que interessa para alguém isso de saber para onde uma fulana como esta viaja? Pois é, não interessa a ninguém.  Fosse eu, pelo menos, alguém que tivesse alguma importância para além daqueles a quem amo; uma persona pública. Mas não é o caso e, então, para que falar disso afinal?

Bom, como eu também não acho que a minha viagem interesse a mais alguém, o que vem a seguir não é a descrição de malas a fazer, roteiros, acessórios já comprados para a tal empreitada e etc. e tal. Não senhores. Quero falar daquilo que, além de importar muito para mim, é vital para quase todos nós: o fato de termos de “sair por aí” a ver o que há do lado de lá. Querer avançar e conhecer mais e mais aquilo que faz parte de quem somos nós. Sair e ver o Mundo para entender o que temos dentro de nós, mas que fica um tanto escondido.

Não sei o que todos pensam quando saem por aí, mas faço minhas as palavras de Cartola para explicar o que significa isso de sair por aí para mim – “Deixe-me ir preciso andar, vou por aí a procurar, rir para não chorar... Eu quero nascer, quero viver”.  Pois é mesmo assim que tudo se dá, pois não há como passar indiferente pela vida que se vê quando abrimos os olhos para aquilo que não faz parte do confortável cotidiano “à la Narciso” que rodeia o nosso umbigo.

Estar em outras cidades e países é ver como aquelas pessoas, tão parecidas conosco, são ao mesmo tempo um modelo distinto do que é ser gente. Hábitos distintos, cores novas, cheiros e gostos dantes nunca sentidos, reações inesperadas e fora do padrão por nós aprendido.  Aprendemos, portanto, com eles. Aprendemos que, apesar de não abandonarmos nossa identidade, podemos sim ser outro alguém que até aquele momento não conhecíamos bem porque a vida é muito mais do que imaginávamos até ali. E a mente e a alma se ampliam à medida que os quilómetros são somados nesta vida.

Para mim, uma tagarela de nascença, não há prazer maior numa viagem que ouvir uma língua diferente da minha, compreender o que o outro está a dizer e, simpática, travar uma conversa curiosa e animada. Conversar com gente que nunca mais verei e que, apesar disso, não esquecerei. Saber um pouco da vida deles e perceber como ela é, ao mesmo tempo, igual e diferente daquela que eu levo cá na minha terra. E volto diferente, renascida, maior por tudo aquilo que trago somado comigo.

Desejo a todos, meus queridos, muitas viagens nesta vida. Esta minha será única, uma mistura de passado e futuro inexplicável para mim ainda; uma volta ao ponto donde partiram meus bisavós e que reserva muito do que serei depois nesta vida.
Um beijo e boa semana.



sábado, 25 de agosto de 2012

The Rain Song - Led Zeppelin




The Rain Song
Led Zeppelin

This is the springtime of my loving
The second season I am to know
You are the sunlight in my growing
So little warmth I've felt before
It isn't hard to feel me glowing
I watched the fire that grew so low
It is the summer of my smiles
Flee from me keepers of the gloom
Speak to me only with your eyes
It is to you, I give this tune
Ain't so hard to recognize
These things are clear to all from time to time
Talk, talk, talk, talk
I've felt the coldness of my winter
I never thought it would ever go
I cursed the gloom that set upon us, upon us, upon us
But I know that I love you so
Oh, but I know that I love you so
These are the seasons of emotion
And like the winds they rise and fall
This is the wonder of devotion
I see the torch we all must hold
This is the mystery of the quotient
Upon us all, a little rain must fall

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

100 Anos de Nelson Rodriguês 23.08.2012



Uma crônica de Nelson Rodrigues sobre a sua maior paixão, o Fluminense. Juntam-se aqui, assim, várias paixões: a minha pelas crônicas fantásticas de Nelson, a  paixão dos dois, ele e eu, pelo futebol (O Esporte!), e a paixão dele pelo seu time de coração. Pois, quem poderá entender a alma humana... Paixão não tem explicação.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sereia


Por que fui ouvir-te, sereia?
Por que fui ouvir-te e lançar-me ao mar?
Nadador inato, sem bússola,
nado em direção às pedras.
Se o medo me parasse, mas não me pára.
Se a razão me falasse, mas ela cala.
Se a fantasia não fosse tão real, mas ela o é.
Soubesse eu que o fim viria pelo canto,
e teria furado os ouvidos à sangue frio; fugido.
Soubesse eu que sereias realmente existiam?
Eu não sabia, juro por Deus que não. Apesar de procura-las por uma vida,
encantado pela sua possibilidade de beleza.
Nado, mesmo sabendo que vou me afogar,
e que nas pedras firmes não haverá porto seguro,
apenas dilaceração.
Pois vão carne e alma de encontro às rochas,
cientes do final.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012


"Ou a mulher é fria ou morde. 
Sem dentada não há amor possível."


Nelson terá 100 anos por estes dias; 
um anjo às avessas que compreendeu que o pecado é a salvação das nossas almas.
Gênio das letras e tricolor de coração, porque a perfeição não existe; 
nem mesmo para os gênios.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Poesia


Tiempo para cerrar los ojos...

Mudas



de manos mudas me quedo,
manos huecas de sentimientos
 y llenas del más blanco silencio.
el silencio de muerte profundo y pacifico,
un peligro que encanta como sirenas.
y el silencio me abraza, me envuelve y
a mis oídos susurra pidiéndome que
con él yo me vaya.
y así, como se la mudez fuera parte de su propia naturaleza,
se acostumbran al blanco de la ausencia de letras,
palabras
y poemas
estas manos
que se olvidaron que un día, más que todo,
les gustaba hablar.
Foto de Cida Garcia

terça-feira, 14 de agosto de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012

Porque Nenhum Homem é Perfeito, só o meu Pai.




Amanhã será mais uma vez o dia dos pais, e hoje li uma crônica de Xico Sá sobre esta estória dos pais não quererem que suas filhas se casem; nunca! E achei muita graça daquilo porque, apesar da intenção cômica do fato, sei o quão verdadeiro ele é. Pai nenhum quer ver sua filha casada porque homem nenhum será, algum dia, bom o bastante para ela. Então, como encarar aquele sujeito que fará, quase que com certeza, sua menina chorar sem querer esganá-lo e, ainda por cima, gostar dele? Duro, não?

Bom, não sei se esta é uma realidade para todos os pais, contudo é a realidade que, discretamente, eu vejo como filha do meu pai e amiga de vários pais de meninas. Porque, não é que o seu Jesus parece ser a única pessoa no Universo que acha até bom o fato de eu não querer me casar, não fazendo, assim, coro com minha mãe, tias, primas e amigas que acham que isso de eu ser uma mulher sozinha é mesmo muito estranho?

Brincadeiras à parte, neste dia dos pais, eu queria mesmo, e de verdade, dizer o quanto meu pai é importante para mim e para a nossa família. Um homem forte e honesto, dedicado e sério que me ensinou muito do que eu sei nesta vida. Ensinou-me a fazer as coisas certas sem esperar recompensa alguma por elas pelo simples fato delas serem certas. Que nada é mais valioso do que aquilo que pensamos e sentimos e que, por isso, não medimos o valor e o tamanho real das pessoas com a fita métrica, mas sim, pelas ideias e ações delas.

O meu pai, seu Jesus para quase todos e para mim Papito, merece muito mais do que  tudo que eu posso dar-lhe hoje como presente de dia dos pais. Porque ele, junto com minha mãe, é mesmo o melhor pai do mundo. Sei que isso soa pueril, mas não o é.  Não o é porque não posso imaginar pais melhores para mim e, a bem da verdade, não posso medir o quão importante isso é na vida de alguém.  Afinal, todas as coisas boas que trago comigo, meu caráter e minhas crenças, foram em grande parte forjadas com a ajuda dos meus pais.

Então, meu pai, queria apenas te agradecer por tudo que você fez por mim durante toda a minha vida porque sei que sou quem sou porque sempre fui muito amada e cuidada por ti e pela minha Mi. Um beijo e um abraço muito fortes pra ti. Você é mesmo o homem da minha vida sempre, e para sempre.  Eu te amo!   ( E, veja se me perdoa por eu estar tão longe de ti, ok?!)

Um beijo forte para todos os meus amigos e seus pais. Um beijo forte para todos os meus amigos que são pais, e muita paciência e força para aqueles que são pais de meninas. Vocês precisarão. Um beijo especial para o meu irmão que será pai do Nicolas este ano. 

Feliz Dia dos Pais para todos!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os Milagres Humanos


Oscar Pistorius, corredor.

Sempre, ou quase sempre, quando ouvimos aquela conversa motivacional, algo meio lamechas, uma luz de alerta acende em nossas mentes. E daí para ouvir, cá dentro do cérebro, o nosso Grilo Falante particular a dizer um redondo: “Ah tá bom, lá vem o papinho furado do querer é poder, do crer no tal do pensamento positivo”, demora muito pouco. E nos dias em que a síndrome de São Tomé nos ataca, não há palavra de alento que não receba uma torção de um nariz duvidoso. Eu sei.

Todavia, há momentos que nos assombram e que mostram que o tal do crer, cega e teimosamente, pode concretamente dar espaço a realizações humanas fantásticas que beiram o milagre. Nestas Olimpíadas londrinas tivemos várias demonstrações de que a vontade, a disciplina e a perseverança podem levar homens e mulheres a realizarem feitos pouco prováveis para a maioria de nós. E, mas do que tudo, certo é que a crença destes atletas em suas capacidades é, tal como o amor, cega feito toupeira.

Por isso, vemos um Hermes moderno, negro e sem asas nos pés, que parece ter nascido para correr mais rapidamente do que a velocidade do nosso pensamento. O rapaz monstruoso em suas qualidades, Usain Bolt desafia a ciência e faz graça da nossa falta de compreensão daquilo que para ele parece natural: ser mais rápido do que qualquer mortal. Há também os chineses, um povo sábio e guerreiro de muitos séculos passados, que hoje parecem querer provar que são perfeitos em tudo que fazem e nos causam muita suspeita. Uma nação programada para ganhar medalhas às dezenas, como pode ser?

Há mesmo países que investem muito em seus atletas e, mesmo que a crença deles não seja menos valorosa por isso, me parece que o fato desses países gerarem homens e mulheres geniais nos soa um pouco rotineiro e mais fácil de compreender. Por isso, ver um Michael Phelps tornar-se o homem que mais ganhou medalhas desde sempre, 21 no total, quase que se torna banal porque, de certa forma, esperávamos isso dele. Todos nós esperávamos que Phelps ganhasse mais algumas medalhas. E ele ganhou.

Mas, e há sempre um mas (como diz convicto um bom amigo meu), aquele que provou que pode muito além do que qualquer um poderia crer não ganhou nenhuma medalha. Não. Na verdade, ele terminou a prova em último lugar e, apesar disso, mostrou-se grandioso como apenas um milagre pode ser. O sul-africano Oscar Pistorius, que não tem pés e parte das pernas, correu as finais dos 400 metros rasos para homens nestes jogos.  

E a pergunta que não sai da minha cabeça é: como um homem que é bi amputado desde os 11 meses de idade decide que será corredor olímpico? Que loucura é esta? Não sei. Não sei mesmo como isso acontece. Sei, contudo, que este foi o maior feito que eu vi nestes jogos e uma prova concreta de que a fé que temos em nós mesmos pode realizar milagres sim. Acho que Pistorius nasceu com uma alma cega que não percebeu que seu corpo havia perdido suas pernas e naturalmente, por tanto, decidiu que ele seria corredor olímpico.

Toda minha admiração a este homem que mostrou que nada, nem mesmo nós mesmos, somos um obstáculo intransponível.

Um beijo e toda a fé do mundo para vocês, meus queridos e crentes amigos.



sábado, 4 de agosto de 2012

Força



Queria ter força, a força daqueles que calam
apesar da ânsia, e se entregam ao silêncio.
A força que talvez seja a mais bela expressão
do que não é ser forte:
a força do medo e do receio; do bom senso
de fingir-se forte enquanto a alma é estrangulada pelo apego.
Mas a fraqueza da vontade que vence qualquer razão de ser,
e, por isso mesmo, tem mais verdade que qualquer
realidade lógica, me toma. Sou fraca.
E navego com o vento, o calor e a correnteza dos
sentimentos que me carregam.
Entrego-me, fraca que sou, a força das fraquezas que
me invadem e consomem.