quarta-feira, 27 de julho de 2022

Creep 2 and Arlo Parks poetry








Creep


When you were here before

Couldn't look you in the eye

You're just like an angel

Your skin makes me cry

You float like a feather

In a beautiful world

I wish I was special

You're so fuckin' special

But I'm a creep

I'm a weirdo

What the hell am I doin' here?

I don't belong here

I don't care if it hurts

I wanna have control

I want a perfect body

I want a perfect soul

I want you to notice

When I'm not around

So fuckin' special

I wish I was special

But I'm a creep

I'm a weirdo

What the hell am I doin' here?

I don't belong here

She's running out the door (run)

She's running out

She run, run, run, run,

Run...

Whatever makes you happy

Whatever you want

You're so fuckin' special

I wish I was special

But I'm a creep

I'm a weirdo

What the hell am I doin' here?

I don't belong here

I don't belong here


quarta-feira, 20 de julho de 2022

Meu Carlos

 


Não se mate

 

Carlos, sossegue, o amor

é isso que você está vendo:

hoje beija, amanhã não beija,

depois de amanhã é domingo

e segunda-feira ninguém sabe

o que será.

 

Inútil você resistir

ou mesmo suicidar-se.

Não se mate, oh não se mate,

Reserve-se todo para

as bodas que ninguém sabe

quando virão,

se é que virão.

 

O amor, Carlos, você telúrico,

a noite passou em você,

e os recalques se sublimando,

lá dentro um barulho inefável,

rezas,

vitrolas,

santos que se persignam,

anúncios do melhor sabão,

barulho que ninguém sabe

de quê, praquê.

 

Entretanto você caminha

melancólico e vertical.

Você é a palmeira, você é o grito

que ninguém ouviu no teatro

e as luzes todas se apagam.

O amor no escuro, não, no claro,

é sempre triste, meu filho, Carlos,

mas não diga nada a ninguém,

ninguém sabe nem saberá.

Não se mate


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 19 de julho de 2022

Presente de Amigo

Presente de Amigo

Coisa que amo é  Presente vindo de além mar, 
materialização das saudades de tantos anos distantes. 
Você partiu, eu parti, e nossos mundos fisicamente tornaram-se terras distantes. Mesmo assim, estou aí e você esta aqui. 
Palavras e sons numa garrafa, 
foguetes lançados através da rede chegam aqui trazendo um pouco de ti
poemas
canções
palavras
carinho que se faz desde outros mundos
Amigo,
perdoe-me pela ausência minha
tão errática perto da tua presença sensível

Está presente aqui; sempre

assim que eu puder
pego aquele avião prometido antes do vírus
e vamos nos abraçar e tirar um retrato juntos
teremos todo o tempo do mundo
ignoremos a distância
relativa
visitarei seu Porto com minha nau errante;
eu prometo 
te amo meu presente de amigo

Para o meu querido Israel
que me manda presentes lindos, sempre.


Conversa de Fim de Tarde Depois de Três Anos no Exílio 

Os garçons empilhando as cadeiras

 você me olhando e pedindo que fale

Por favor, fale, mas não escreva

Eu evitando os toques ruins dos ponteiros do relógio que anuncia a já famosa fuga de nossos corpos cada um para sua ponta da cidade

Se o nosso amor fosse revólver, eu seria o cabo e você a mira, tal como dizia a professora Jones é terrível a existência de duas retas paralelas porque elas nunca se cruzam e elas apenas se encontram no infinito

É verdade que nunca nos interessou a questão do infinito, mas os restos das ideias matemáticas, claro que sim

Eu na verdade prefiro mil vezes a sua xícara de chá ficando fria sob a mesa. Enquanto você fala sobre raízes quadradas enquanto, você fala sobre ladrões de figos, enquanto você fala sobre o tropeço da baleia.

Subitamente eu já nem sei sobre o que você fala porque a forma como o seu dente incisivo corta e suspende toda a beleza da cafetaria. Faz com que eu novamente entenda pelo sétimo dia é chegada a hora do cuco e do canto do cuco.

Portanto eu pego minha bicicleta e como e de costume você faz o meu retrato. Os cabelos todos desenhados no vento em jeito de menino que está sempre indo embora a mesma hora. E que amanhã se tudo der certo voltará a mesma hora para o mesmo amor, para a mesma mesa, para a mesma explosão. Com toda a certeza a mesma fuga porque você e eu, a gente, é feita de matéria escorregadia, isto é, manteiga, azeite, geleia e espanto."


by Matilde Campilho

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Hoje Eu Sei

Outros

 


Outros

 

Aos outros não conheço

Para além do meu mundo estão aonde meus pés

Não vão

Passam ao largo

Deste mundo que não me diz respeito

Casa onde não guardo leito,

Sem som

Sem sol

Sem sal

Nem doces nem amargos...

Os outros não têm cor,

a cor que eu sei ser tua

Mesmo por estes dias lentos

Nos quais aos poucos

aprendo que

Te (des)conheço

 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Paixão em Campo

 



Paixão em Campo

(os Macaquitos mandam abraços e bananas)

 

Voamos para a Argentina de asa quebrada; feridos. Time cheio de baixas a ponto de ser difícil imaginar que teríamos uma boa chance contra o Boca Juniors em La Bombonera. Seria uma guerra, árdua luta que dependeria muito mais de garra, alma e sorte do que da bela habilidade com a bola nos pés.

Fomos imbuídos do espirito alvinegro corintiano e assim entramos em campo. Ou seja, não importava muito a forma, jogar bonito não era a meta, muitos gols a nosso favor nem pensar. O objetivo era segurá-los e sairmos da casa de Maradona classificados; o que já seria um feito, fato consumado apenas uma vez pelo Santos Futebol Clube de Pelé.

Fomos, vimos la Bombonera abarrotada cantando como sempre, sem arrefecer, e vencemos!

Zero a zero no tempo regulamentar depois de Benedetto ter perdido um pênalti na trave direita, (e sim, eu acredito na intervenção divina e depois do penal perdido por Roger Guedes na nossa Arena, o certo, o justo, aquilo que São Jorge e São Cássio permitiriam, seria a igualdade para os dois times e nada de gols).

Disputa levada à cobrança de pênaltis, a la copa do Mundo de 1994. Não gosto disso de decidir qualquer partida assim, contudo, estava claro desde o começo que assim deveria ser. Nós tínhamos o Gigante a fechar o gol e uma vontade ímpar de vencer.

Nervos à flor da pele, coração disparado a cada cobrança e algumas unhas perdidas. Mesmo sabendo que sina de corintiano é essa, sofrer e seguir em frente já que vencer quando ninguém espera, sem muitas condições para tal, é o que nos agrada; os nervos sempre nos acompanham.

Benedetto nos ajuda mais uma vez, e a la Mundial de 1994 homenageia Baggio e bate o último pênalti do Boca na Lua. Final da sequência de penais e mais uma vez empate. Cobranças alternadas decisivas e, como de costume, o Gigante quadriplica de tamanho nas decisões. Cássio defende uma boa cobrança e então...

Então Gil caminha em direção a bola e faz seu gol. Boca desclassificado na Libertadores dentro de casa, fato que acontecera apenas em 1963.

Linda lição do destino, ver aos Hermanos mudos depois que o nosso zagueiro negro decretou com os pés a derrota do Boca Juniors. Depois de termos presenciado cenas de racismo em campo protagonizadas por tantos argentinos e outros, esse foi mesmo um desfecho bonito de se ver.

Enquanto muitos gritam macaquitos aos brasileiros em campo com a intenção de nos ofender, eu de cá dou de ombros. Somos 5 vezes Campeões do Mundo, Campeões nas últimas 3 Libertadores e temos 5 times classificados para as quartas de final no campeonato atual. Pelé foi e sempre será Pelé, negro, brasileiro e o Deus do futebol.

Gil calou a Bombonera e nós, os macaquitos, de cá continuamos a vencer e mandamos abraços e bananas aos hermanitos cheios de inveja. Nós somos macacos muito competentes, somos mesmo apaixonados por futebol e muito bons.