sexta-feira, 29 de abril de 2016

29 de Abril - Dia da Dança


Dançar, um prazer imenso e eterno nesta vida. 

                                                                               Às Meninas Bailarinas...





Bailarina


por onde  andas bailarina?
por onde andas que não te vejo
aqui há muito tempo?
muito mais longo com
certeza
é  este compasso do que eu gostaria
 do  que deveria.
por onde andas
com tuas saias de fé e fantasia
com tuas piruetas  de crença
e alegria
com teus sonhos sem rugas
e melancolias?
tenho já tantas saudades
de ti minha menina bailarina.
 saudades
 de teu riso cheio de tempo
e de tua despreocupada vida.
saudades
dos tempos que morava
em minha alma
a bailar noite


e dia

quarta-feira, 27 de abril de 2016

"Francis"

Cheiro-Verde





Cheiro-verde

Cor tem cheiro e tem sabor,
sabor e cheiro da casa da gente no final da manhã.
Um raminho de dois que formam um bouquet alinhado,
adequado, atado com um laço de mato.
Casa da avó, da vizinha da frente... Feijão
Arroz
Cebola
Alho
Farinha de mandioca e as memórias, nossas estórias, na panela de ferro.
Histórias miúdas e tão importantes a serem cozidas pelas mãos que fazem a vida;
que me deram a minha.
Saudades de acordar com a manhã perdida aos domingos e de sentir
o cheiro do cheiro-verde vindo da cozinha.
Manha minha,
saudades do colo e dos olhos verdes cheirosos que me sorriam
nas minhas manhãs de menina.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

Uma canção para ouvir com o Coração



Uma canção para ouvir com o coração.



Sol de Giz de Cera (part. Tulipa Ruiz)
Emicida

Ela quer me contar um negócio sobre
cada pé de feijão que brotou no algodão,
não após dar cada detalhe do passeio dos caracóis.
Voa sorrindo, brinca no vento.
Eu vi que o mundo pode ser velho e novo ao mesmo tempo.
Viro rei, pirata e samurai, em resumo, no rumo, papai.

Sou eu quem mata o leão, quem vence o dragão,
ufa, enfrenta a vida dura
Dom Quixote doidão, de espada na mão
e ainda volto pra casa com a mistura, cantando:
Pa pa pa para, pa pa pa para (4x)

Menos um dente, joelho ralado e eu atrás tipo um velho,
cuidado, cuidado.
Cuidado pa pai, ó ó, vem vem, só só, vem vem, dó dó.
O cadarço deu um nó, pula como quem flutua
e fala de abelha, bala, olha a lua.
O cachorro comeu a canetinha de sua alteza,
princesa, cosquinha.

Sou eu quem mata o leão, quem vence o dragão,
ufa, enfrenta a vida dura
Dom Quixote doidão, de espada na mão
e ainda volto pra casa com a mistura, cantando:

Pa pa pa para, pa pa pa para (4x)



terça-feira, 19 de abril de 2016

No fundo do Poço




Chegamos ao fim, ao fundo do poço e, num final à la Monty Python, já me vejo a cair no fim de uma Terra plana fluindo numa cachoeira rumo ao espaço sideral. O Brasil está mergulhado em uma crise, e quem nos dera esta fosse apenas uma crise econômica. Não o é. Ela é uma crise social e institucional; uma profunda crise ética. Estou perdida num país que desconheço, pois, sinto que o mundo está ao contrário e que ninguém havia reparado nisso.  Afinal, quando foi que ele deu esta cambalhota e se pôs de ponta cabeça; pés para o céu e todo o sangue correndo para a nossa cabeça? Quando deixamos de pensar, de enxergar?

Não temos mais para onde correr e, encurralados entre medíocres aproveitadores de um lado e megalomaníacos gananciosos de outro, a vontade que nos dá é mesmo a de pegar o primeiro avião para bem longe. Para muito, muito, muito longe mesmo e sem destino definido porque quase qualquer lugar no mundo começa a parecer melhor do que esse aqui. Porque a impressão que tenho é a de que não há nada a salvar num país que definha nas mãos de uma esquerda corrupta e hipócrita e de uma direita arcaica, também corrupta, e imbecil.

Ó vergonha! Como ignorar os mais de 21 bilhões de Reais roubados pelo PT e todos os outros “Ps”, partidos aliados (seus comparsas) ou não, num país onde faltam escolas, não há segurança nas ruas, tantos morrem por falta de atendimento hospitalar e onde, ainda hoje, muitos passam fome? E como, ao mesmo tempo, ignorar que há tantos outros desvios do dinheiro público que grassam em todos os estados e municípios dessa nação cometidos por todos os diversos partidos políticos apenas em benefício próprio? Não há quem defender, não há em quem confiar. Não há a quem recorrer. Não há luz, nem sequer de toco de vela, no fim desse túnel o qual, todos juntos, cavamos. Afinal, quem deu tanto poder a tanta gente abjeta se não nós?

Ó vergonha! Quanta gente medíocre e retrógrada, gente de alma tão pequena e de capacidade mental discutível a nos representar. Um congresso delas! Como não se assombrar com o desfile de absurdos ditos ao microfone por parlamentares que deveriam nos representar num momento tão solene e delicado, tão importante para todos nós? De fascistas e fanáticos religiosos a uma esquerda anacrônica e hipócrita, vimos e ouvimos discursos assustadores e tivemos a certeza de que estamos, definitivamente, perdidos. E, de um repente, é possível compreender como conseguimos ter o Senhor Eduardo Cunha como líder deste triste plantel.


Sinto-me perdida e triste. Profundamente triste porque percebo o quão distante estamos de algo a que se possa chamar verdadeiramente de Nação. Somos mesmo isso que vemos: um amontoado de gente que nasceu para tirar vantagem uns dos outros e ponto final? Ó meu Deus, pare este meu Mundo porque eu quero descer! 


Monsterbox

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A Farsa




A Farsa

Sou uma farsa, a metade de nada.
Uma força da natureza guardada sem promessas
de qualquer porvir.
Pálida ilusão criada pelas distorções destes olhos
que se imaginaram (que ainda se imaginam)
mais importantes do que realmente são.
Não são.
Não sou.
Nada sou para além de uma crença naquilo que um dia
poderia ter sido
porque o futuro tão promissor nunca chegou.
E não chegou por falta de pernas para, atrás dele, correr,
por falta de talento.
Por sobra de ilusões que embaçaram os olhos que não viram,
distraídos,
que a realidade era muito diferente de tudo aquilo que
no sonho se cria,
e que o tempo passava ligeiro.
Eu sou uma farsa.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

O Beijo




Hoje é dia do beijo, coisa bonita! 
E cá estão os momentos mais caros nos quais
os beijos me tocaram. 
As palavras mais verdadeiras, encantadoras e lindas, 
escritas sobre o beijo para mim, 
As palavras tontas, parvitas, que eu escrevi 
para o homem que sabe escrever sobre o beijo como ninguém, 
A imagem de beijo que mais amo,
e a cena de cinema que é pura poesia, o amor pela arte em forma de
beijos roubados durante anos de um amor
sem fim.

Um beijo não é apenas um beijo


Um beijo não é apenas um beijo
E é por isso que putos e putas
As pessoas mais puras abaixo do céu
Não o dão à toa
Um beijo não é apenas um beijo:
É uma promessa
É um deslumbre
É um assombro
Devastador
É a verdade que jamais poderá ser escrita ou falada
Tal como o teu amor
Um beijo nunca será apenas um beijo
Muito menos se for o teu e o meu

de Carlos Nobre



Português

Deixa pra lá o tu e vem ser você
Que mal pode fazer ao verter
O te em se, se este é apenas um pronome
Que nem jus faz ao nome
Pelo qual eu chamaria a você
Venha estar comigo, não precisamos de artigos
E verá como se encaixa
A minha lingüística à tua gramática
Quando eu beijar você.




Ainda Há Tempo - Criolo



Ainda Há Tempo
Criolo
 
Cê quer saber? Então, vou te falar
Por que as pessoas sadias adoecem?
Bem alimentadas, ou não
Por que perecem?
Tudo está guardado na mente
O que você quer nem sempre condiz com o que outro sente
Eu tô falando é de atenção que dá colo ao coração
E faz marmanjo chorar
Se faltar um simples sorriso, às vezes, um olhar
Que se vem da pessoa errada, não conta
Amizade é importante, mas o amor escancara a tampa
E o que te faz feliz também provoca dor
A cadência do surdo no coro que se forjou
E aliás, cá pra nós, até o mais desandado
Dá um tempo na função, quando percebe que é amado
E as pessoas se olham e não se falam
Se esbarram na rua e se maltratam
Usam a desculpa de que nem Cristo agradou
Falô! Cê vai querer mesmo se comparar com o Senhor?

''As pessoas não são más, mano, elas só estão perdidas. Ainda há tempo.''

Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música possa te levar amor

Exemplo não sou, tô longe de ser
Cidadão comum com vontade de vencer
Rap, que energia é essa?
Um dom, um karma, uma dívida , uma prece?
Infelizmente tem alguns que desmerecem
É tanta coisa na cabeça. Sai fora, me esquece
Sem saúde, sem paz, o nosso povo padece
No Grajaú, só, no frio de dá dó
Esperando a lotação pra ir pro evento de rap
Lembrei de alguém que não tá mais entre a gente
A dona morte vem, carrega os mano na mó pressa
Uma estrela a mais no céu, um rimador falta na Terra
Deus sabe sempre o que tá fazendo
Mesmo sabendo disso eu sofro, vai vendo
Quem tem noção das coisas, sente o peso da maldade
A cobrança é maior, inteligência atrai vaidade
E quem se deixou levar fraquejou
Essa é a verdade, aprenda com os erros
Não se sinta um covarde
Na praia, Jesus me carregou no colo
Eu vi o par de pegadas, não entendi o óbvio
Que o fardo não é maior do que posso carregar
Se a vida é o jogo, então, vamos ganhar

''As pessoas não são más, mano, elas só estão perdidas. Ainda há tempo.''

Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música possa te levar amor

Então me fala, fala, pergunta que não cala:
Se o rap é pro bem, então por que tanta gente atrapalha?
Com o poder da mente, a maldade paralisa
O mecanismo do sistema é sugar sua alma vivo
Seu sangue, seu suor, são só detalhe nisso
Chuva ácida será bem pior que um lançamento de um míssil
Entre o céu e o inferno, no Grajaú me localizo
Flutuando na hipocrisia do lodo e do fascismo
Pronto pra rimar um doido, criolo mestiço
Eu não sou preto, eu não sou branco, eu sou do rap, eu sou bem isso
Quem perdeu a noção por luxúria, tá perdido
Quem perdeu a razão por dinheiro, eu nem te digo
Saúde e microfone é a fórmula que preciso
Porque se o rap tá comigo, eu não me sinto excluído

(As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Vamos resgatar, meu. Ainda há tempo. Ainda há tempo)

(Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música possa te levar amor)

Não quero acreditar que o amor que tem no coração da gente
vai ser menor que a nossa vaidade, meu, que a nossa arrogância, meu

terça-feira, 12 de abril de 2016

A Lua



São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
Vinicius de Moraes


A LUA FOI AO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
Paulo Leminski


Satélite

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.

Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.

Manuel Bandeira



sábado, 9 de abril de 2016

Nove


Nove

Tantos anos de um repente e já não cabes mais em mim,
eu diminui para ti que te agigantas a cada dia,
todo santo dia.
Nove são os anos passados desde o momento em que olhei os teus olhos ainda fechados,
cabelos muito negros,
o rosto avermelhado; eu sorria.
Nascia o primeiro afilhado há nove anos e eu não cabia em mim ao ver,
pela primeira vez, o menino com o qual eu conversava enquanto ele ainda morava
na barriga da mamãe.
Eu falava, ele ouvia; e desde sempre sou a madrinha que há nove anos deixou de ser
simplesmente gente para ganhar asas
e virar ser com poderes sobrenaturais; madrinhais.
Meu menino,
 meu riso,
meu carinho,
meus braços não te levantam mais do chão e meu colo é pequeno demais para abrigar-te.
Teus pés já são maiores que os meus e, sem mim, tu já podes caminhar tão longe
com toda a tua inteligência a surpreender-me com
tamanha sabedoria.
Eita menino amoroso, esperto, carinhoso
e genioso,
te amo tanto e cada vez mais porque desde o primeiro dia,
há nove anos atrás,
à medida que tu cresces e eu te conheço, te reconheço,
cresce nove vezes mais o infinito amor que por ti eu tenho
e que não terminará jamais.

Ao meu Pedro.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Paixão



Paixão



Toda a obscena tristeza escondida nas rendas e malhas de uma vida,

boa vida cheia de suaves e doces alegrias de uma rotina

que aprendemos a amar.

Porém, lá dentro, cá dentro, esconde-se o amor não vivido

com seus momentos que mudariam nossas vidas;

os sentimentos que não cabiam,

tão amplos e vastos,

bonitos,

em nossas mãos.

Toda a obscena tristeza mora escondida em nossa casa

que não chegou a ser construída

por medos,

receios.

Então, apesar  de não ser o que se intencionava fazer,

matamos, covardes,

nesta vida,


 a paixão.


domingo, 3 de abril de 2016

Amanhã


Amanhã

Queria não ser tão teimosa e crente
cega e demente mesmo com os olhos arregalados
a ver o que se passa logo à frente.
A verdade diante de meus olhos,
debaixo do meu nariz,
eu com a cara lavada de fatos nela esfregados.
E nada.
Nada diminui o tamanho oceânico desta crença
que criou raiz.
Raízes fortes e longas que eu abraço e que se agarram à minha
alma a fazer,
sem qualquer dúvida ou medo,
as mãos e os dedos, a  boca e a língua florescerem.
O Mundo iludido e florido sorri.
Eu sorrio porque
brotaram flores tão lindas neste caminho torto que construímos
que delas eu cuido
pelas manhãs  de todos os dias e assim que aponta a Lua
do lado direito do meu mar.
Crente e cega vidente, eu espero sem contar as voltas dos relógios o dia
no qual o amanhã  chegará.