quarta-feira, 27 de junho de 2018

Dias de Copa




Dias de Copa

Alguns, muitos, dizem que isso de Copa do Mundo é uma bobagem. Circo para as massas que têm parco pão. Pois que, feito truque cheio de ilusão, durante os dias do famigerado campeonato, disputa de uma taça tão nossa quanto a malandragem, o mundo pára. Nos dias de Copa nos esquecemos dos achaques, das tramoias, dos problemas existenciais, das chatices da humanidade, e do quão aborrecida pode ser toda e qualquer rotina. Pois sim, isso de Copa do Mundo de futebol é de fato um veneno que mata o pensamento crítico; uma assassina em potencial, e com todo o potencial, de nossos pobres neurônios. Ainda bem que ela só acontece quadrienalmente, não? 

Não! Não mesmo, porque por mim Copa do Mundo aconteceria mais a miúde e sempre por aqui; pertinho de mim. E que me perdoem os homens e mulheres sérios demais para baixar a guarda por meros 30 dias e que dão de ombros à redonda por via de regra.  A Copa do Mundo de Futebol é um acontecimento ímpar, um embate de nações longe do campo de guerra; ela é dias de diversão e celebração garantidos. O êxtase em caso de vitória na final.

Eu sei, eu sei, durante a Copa muita palhaçada acontece dentro e fora dos campos, no âmbito público e privado. Verdade. Entretanto, o fato é que a falta da Copa não mudaria a direção do Mundo tanto assim. Por exemplo, não deixaríamos de ter tanta corrupção por Terras Brasilis e, num passe de mágica, não seríamos um povo social-e-politicamente mais consciente de seu papel como cidadão se por aqui ignorássemos a pelota. Não.

E quase nada é tão bom, nessa vida que Deus nos deu, como ver algo incrível diante dos nossos olhos criado com algo tão singelo como uma bola. E nessa Copa na Rússia já tivemos momentos únicos a provar que fazer um gol pode ser uma alegria que transcende a qualquer lógica. Quem não viu, veja: a primeira partida do monstro da bola CR7, a alegria dos peruanos na sua única vitória em Copas há décadas, o louco e apaixonado apoio da torcida argentina à sua equipe, a inesquecível vitória da Coreia frente a gigantesca Alemanha. Tudo, tudinho mesmos, uma beleza. E que venham mais dias de Copa!








sexta-feira, 22 de junho de 2018

My Gorilla...




Humility (feat. George Benson)
Gorillaz

Calling the world from isolation
'Cause right now, that's the ball where we're betrayed
And if you're coming back to find me
You better have good aim

Shoot it true
I need you in the picture
That's why I'm calling you
(Calling you)

I'm alone between the left hand
Reset myself and get back on track
I don't want this isolation
See the state I'm in now?

Caught in the hard to win the raffle
'Cause right now, that's the ball where we be chained

Shoot it true
I want you in the picture
That's why I'm calling you
(Calling you)

I'm alone between the left hand
Reset myself and get back on track
I don't want this isolation
See the state I'm in now?

If I pick it up when I know that it's broken
Do I put it back?
Or do I head out onto the lonesome track and let you go?

I'm alone between the left hand
(If I pick it up when I know that it's broken
Do I put it back?)
I don't want this isolation
(Or do I head out onto the lonesome track and let you go?)
See the state I'm in now?

If I pick it up when I know that it's broken
Do I put it back?
Or do I head out onto the lonesome track and let you go?




Olho para o chão frio e inexpressivo, tão mudo quanto
Chaplin
no  cinema,
e percebo que meu mundo se desgasta
e envelhece
preto e branco; de boca calada.
Mudo Carlitos das minhas saudades,
muda eu;
e o mundo muda em velocidade apressada.
Já vejo o fim desta ano, que mal começou,
a rondar as esquinas. Trem bala de aço...
Por onde tenho andado?
Por onde andei?
Olho o chão que estático me fita
teimosamente.
De onde virá este pó sem fim que insistente
se agrupa nos cantos,
no chão ao lado da porta,
sob a mesa na sala e aqui, aos meus pés?
A sujeira do mundo impõe-se e a mim
me vence depois de tantas vezes eu ter tentado
limpar meus sapatos;
queria um chão imaculado.
Perfeição inútil e impossível de atingir na vida real
e palpável. Vontade estúpida de quem ainda não compreendeu
por onde passam os pés no caminho que não
é só meu:
ruas
becos
descaminhos.
Do pó ao pó, eu me desmancho
lentamente
e deixo meu rastro insignificante pelo mundo
frio.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Sabotage...








Hacia El Amor (part. Ibeyi)
Emicida

Cat, bird, snake, horse
We all bleed
The same colour
South, East, West, North
We all cry
Joy and sorrow

We can share our tears
We can bathe our fears
We're heading towards love
We're children of the deeds
Watering the seeds
We're heading towards love

Hacia el amor
Saravá, Ibeyi
Saravá

Seja como água
Bruce Lee, Kung Fu
Sem trégua, trago a régua, voodoo (hu!)
Mil légua, mil língua, tipo busuu
E o som do tambor como primeiro Bluetooth (connection)
Ano de Xangô
Licença, Exu
Elégua leva as mágoa tudo, tudo, tudo
Tamo no caminho, não ando sozinho
Quando Oxum me traz as flores
Nanã me tira os espinhos
Orun acima do avião, tipo Daileon
Rico Galeão, Modo Baile on
Canta enquanto encanta
Hermano de los animales y las plantas
Pra quem crê em Oxalá, mano
Toda sexta é santa

La noche, mi color
Por toda suerte
Ojos de Atahualpa en mi mapa
Vuelco la muerte
Mamacita enseña: Hijo, sejas fuerte
Invisible a los problemas
Mis poemas son el puente
Libre, cuerpo, mente
Anti boina verde
Traje del camuflaje
Soldado en la Calle Trece
Enemigos tienen ojos pero no pueden ver-me
Sus muslos, piernas y brazos no pueden alcanzar-me
Nunca!

We can share our tears
We can bathe our fears
We're heading towards love
We're children of the deeds
Watering the seeds
We're heading towards love

We can share our tears (compartilhamos nossas lágrimas)
We can bathe our fears (nossos medos)
We're heading towards love (e seguimos sempre no caminho do amor, tendeu?)
We're children of the deeds
Watering the seeds
We're heading towards love (seguimos sempre o caminho do amor)
(Do amor)
Hacia el amor

domingo, 17 de junho de 2018

Em Casa



Em Casa


Mais uma vez dei a volta em mim mesma, e feito caranguejo, andei para trás. Não foi a primeira vez já que isso de ir e vir, de querer partir, parece fazer parte de mim. Não sei ainda se esta mudança será a última pois que a vida é longa e o Mundo grande que só. Contudo, e apesar de tudo, voltei para a minha cidade com a intenção de ficar. Vontade de criar novas raízes e, quiçá, sentir-me mais árvore do que passarinho. Quem sabe?

Um pouco mais de um mês na minha cidade cinza em dias curtos de outono frio, e uma nova rotina começa a se estabelecer. Muito trabalho, meus amigos de décadas e a família bem perto, as saudades de todos e tudo que eu deixei em Fortaleza a aumentar; como sempre. E aquela sensação estranha que é fazer de um lugar novo a sua casa ainda está por cá. Adaptar-se a uma nova vista pela janela demora um certo tempo determinado por fatores que nos escapam à lógica. Acontece aos poucos; a passos de formiga cheia de preguiça.

Gosto de estar aqui e dos novos desafios que são próprios de toda a mudança. Gosto de ter voltado, já que o fiz porque quis. Entretanto, ainda andava a sentir-me em terra estrangeira desde que cheguei, com um banzo a bater no peito, sentimento dos desterrados, que eu não deveria sentir em terras paulistanas; minha terra.

E, de repente, na noite de sábado, ouço depois de muitos anos um par de canções do rock de São Paulo que foi grande parte da trilha sonora da minha adolescência na década de 80. Rock com pé no Punk Rock do Ira, Inocentes, Ratos de Porão, Titãs, Ultraje a Rigor... Música cinza, dura e crítica como os que nasceram por aqui. E de repente, de um repente, senti-me em casa como antes. Eu estou na minha cidade; estou em casa.





 Envelheço Na Cidade

Ira

Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade

Essa vida é jogo rápido
Para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer

Juventude se abraça
Faz de tudo pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade

Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário

Meus amigos, minha rua
As garotas da minha rua
Não os sinto, não os tenho
Mais um ano sem você

As garotas desfilando
Os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade
Não pertenço a ninguém