quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

2018



2018

Estamos às vésperas de um ano novo. Lá vem 2018 a dizer-nos ao que veio em poucos dias, e a primeira coisa que me assombra é perceber que já são 18 anos deste século onde a relatividade do tempo parece-me uma realidade mais concreta.   Tudo acontece rápido demais e, ao mesmo tempo, em alguns casos, os minutos arrastam-se feito lesma preguiçosa. Conectados numa rede infinita via Wi-fi sabemos de tudo o que se passa no mundo quase que instantaneamente e, contudo, não conseguimos resolver nossos problemas mais rapidamente. Não senhores.

Vivemos um tempo de guerras eternas, crises econômicas sem fim, e de um retrocesso antidemocrático mundial mais assustador do que qualquer filme de terror. Haja alho e galho de arruda para afastar assombração nesses tempos nos quais as posições mais extremistas parecem ser a melhor solução para muitos. Ave cruz virge crispim, como diria a Céu. Não tem dó de mim.

Pois, apesar dessa impressão horrorosa de que a humanidade está a dar passos para trás, a verdade é que há muita gente boa por aí; e por aqui também. O negócio é não darmos tanta importância àqueles que se acham gente importante na vida, e olharmos com mais cuidado e atenção aos que estão do nosso lado. E se olharmos direitinho, não há como não ver, há muita gente boa no pedaço. Gente de coração gigante, gente altruísta, gente que está sempre disposta a nos apoiar, a ajudar.

Sendo assim, e apesar de toda a porcaria que aconteceu no velho 2017, o fato é que se olharmos com mais cuidado, de perto e bem divagar, podemos ver que a humanidade não está assim tão perdida, e nem o nosso tempo. Apenas andamos a dar poder e importância demais às pessoas erradas.   E isso sim, isso devemos mudar.


Então, que venha 2018 e que nele eu tenha mais tempo para dar atenção a quem realmente merece: à família, aos amigos; aos meus queridos. Que este ano novo tenha mais sorte que os anteriores e que não possamos estragá-lo muito antes que chegue ao seu fim. Oxalá!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A rainha




A rainha


Nem morto

nem deposto, segue

vivo o meu rei feito de sons e ilusão.

Sendo assim, então,

apenas será por toda a eternidade,

numa equação contrária à minha curiosidade,

muito raro e difícil consegui-lo ver .

Meu rei,

resta-me crer. Crer que a fantasia é a mais pura

e concreta verdade que em mim habita.

Creio, em silêncio, e ainda feito o poeta,

que tudo valerá a pena desde que não sejam a alma

minha e a alheia pequenas.

É tão alto, meu carvalho, e minha alma nunca foi pequena; não.

Ela é sim um tanto tola;

e louca, veste-se de rainha, como se todo dia

fosse terça de carnaval,

para fingir que pode ver ao seu rei;

você.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Chico Bento Natal 2017


Natal...



... Para mim tem desenho especial da turma da Mônica desde que o mundo é mundo. Chico Bento, o meu personagem favorito.


domingo, 17 de dezembro de 2017

O Mar me Leva

brasil e sua grandeza


brasil

O Brasil tem mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, exatamente, 8.514.875,5 Km2 de extensão territorial. Sendo assim, e mesmo levando em consideração que somos quase 208 milhões de brasileiros, não podemos dizer que falta-nos espaço. Não, não nos falta espaço. Somos um gigante que ocupa quase a metade de todo o território da América do Sul e o quinto maior país em extensão territorial do planeta. Pois 1, somos grandes pra caramba!

Na fila esperando ser atendida para resolver uma dessas pendências burocráticas da vida, revista Piauí nas mãos, li mais uma vez um artigo sobre o Massacre de Pau D’Arco. Nele dez homens e mulheres, trabalhadores rurais que lutavam pela reforma agrária, foram assassinados numa emboscada por policiais civis e militares. Motivos e motivações políticas à parte de ambos os lados da questão, o que pensar de um país do tamanho do nosso que assassina aos seus cidadãos por disputa de terras?

Pois 2, somos grandes, entretanto, estamos a centenas de anos-luz de sermos grandiosos. Como povo temos nos mostrado, em grande parte, medíocres materialistas de caráter duvidoso. Seres humanos de alma pequena, aplaudimos o fato de haver privilégios para alguns poucos desde que sejamos um deles e ensinamos aos nossos filhos que há sim cidadãos de segunda e terceira classe em nosso país através de nossas ações, apesar do discurso politicamente correto que carregamos na ponta da língua para mostrar que não.  

 No Brasil andamos a criticar muito aos norte-americanos, aos europeus e a qualquer outro povo que não veja com bons olhos a chegada de imigrantes às suas terras. Porém, em sincronicidade bipolar, tratamos de forma abusiva e indigna aos cidadãos brasileiros em seu próprio país, negando aos mais pobres, e por consequência mais indefesos, os direitos básicos de qualquer cidadão.

Num país de gente míope, que vê com bons olhos a possível eleição de um hipócrita à la Jair Bolsonaro, bradamos que qualquer contraventor de origem pobre, do ladrãozinho de galinha ao grande traficante seja  condenado e morto sem julgamento enquanto aplaudimos e reverenciamos aos políticos e/ou homens de negócio, donos de mundos e fundos, que são os verdadeiros chefes do tráfico e os bandidos mais perigosos desse país.

Eu, de minha parte, vejo minha vergonha de ser brasileira crescer e crescer e crescer... Afinal o que sentir pelo meu pais, brasil (grafado com letra minúscula propositalmente) o país dos privilégios e das injustiças sociais? Dos 193 países nesse planeta imenso, o brasil figura entre um dos dez países de maior desigualdade socioeconômica de acordo com a ONU. Ou seja, em nossa pátria a única coisa grandiosa por estes dias é a pequenez da alma brasileira. 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Suassunices



Pitadas de Ariano Suassuna que morreu cedo, ainda muito jovem aos 87 anos. Ele me faz saudades há 03 anos. Saudades do brasileiro que foi e do escritor que sempre será. Saudades de suas palavras que fazem minha alma sorrir. Contagem regressiva para que seu novo livro se poste diante de meus olhos. "Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores" são mil páginas escritas durante 33 anos, lançamento póstumo dele para a minha futura alegria.

Suassunices

“Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.”


“Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.”


“Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.”
In O Auto da Compadecida


“O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado.”


“O autor que se julga um grande escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só pode ser julgado depois da sua morte. Muito tempo depois.”


Só o teu nome é o que importa!
Todos os outros são erros.
Tu tens a chave da porta
dos sonhos e pesadelos.


“O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você pode ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano são os mesmos.”


“Eu não tenho imaginação, eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo.”


“Se os alemães não leram Guimarães Rosa, Euclides da Cunha ou Machado de Assis, quem perde são eles.”


“A globalização é o novo nome do imperialismo, e o gosto médio é uma peste, é muito pior do que o mau gosto.”



“Não tenho medo (da morte). Só tenho medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo; e não ter uma morte limpa. Eu quero pelo menos uma morte limpa.”

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bicho


Bicho


Quero ser bicho do mato, macaco

agarrado aos galhos mais altos do buriti

a espiar a grandeza do mundo onde gente pisa muito raramente.

Quero ser tatu

enterrado no meio do cerrado a sentir o gosto da terra

vermelha rachada,

solo que deixa suas marcas nos pés das nossas pegadas e que não saem

com água.

Quero ser parte da terra,

grão e pó

do chão onde eu nasci.

Quero estar no meio do meu mundo e compreender mais profundo

o significado de ser brasileira,

mestiça,

filha da mistura do sangue de muitas gentes que partiram de terras além-mar;

gentes que foram arrancadas de suas terras, negras.

Quero ser bicho pequeno, formiga, taturana ou

lagartixa,

para compreender finalmente que nas coisas desimportantes

habita o que tem valor verdadeiro.

Ver a importância  e a beleza de ser  feito flor:

pequena e passageira.


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Saudades Brilhantes


Saudades Brilhantes
Quando eu era muito mais jovem do que hoje, menina mesmo, a ideia de que algum dia, num futuro longínquo, eu morreria assustava-me muito. Sentia-me em pânico, paralisada pelo desespero que me dava a lembrança de que minha vida seria finita. Pois 1, apesar de ser algo óbvio afinal todos morreremos um dia, a verdade é que ignoramos que a morte seja algo real a maioria do tempo. A verdade é que sempre achamos que temos mais tempo, e que sempre será cedo.

Como bem dizia minha mãe: “não nascemos para ser semente”, ou seja, não estaremos aqui parados em estado latente para sempre. A mudança é parte integrante de quem somos e está impressa em nosso DNA, portanto, a transformação será Ad Eternum nossa sina. Nascemos para crescer, aprender e aprender mais. Para nos transformarmos; para mudar uma e tantas outras vezes antes da mudança definitivamente deste planeta.  Seremos então anjo, uma energia, alma penada, e etc. e tal.

Há alguns anos perdi completamente o medo da morte, apesar de ainda temer muitas das maneiras de morrer. Como canta Gilberto Gil: “Não tenho medo da morte, mas sim medo de morrer... É que a morte já é depois que eu deixar de respirar. Morrer ainda é aqui... Ainda pode haver dor ou vontade de mijar.” Pois 2, com o passar do tempo eu aprendi e compreendi que a minha morte será aquela menos sentida por mim. De mim mesma não sentirei saudades, não haverá lágrimas nos meus olhos pela minha morte; e eu não sentirei falta do meu abraço e de ouvir a minha própria voz. Mais do que medo, atualmente sinto uma curiosidade interessante. Como será o lado de lá?

Muito mais difícil que morrer é perder a alguém que amamos; fato. A perda de quem amamos é dor estranha que não passa e que se torna nossa companheira diária; uma espécie de mágoa que nos transforma definitivamente. Eu, por exemplo, sinto-me diferente depois que a Mima voltou a ser anjo. Sem a Dona Odila aqui me faltam uns pedaços, feito um quebra-cabeça que perdeu algumas peças. Ainda sou eu, porém, agora há alguns espaços vazios e sou diferente.

Bom, c’est la vie! Já somos adultos e a vida continua. E depois de um tempo, ela volta a ser muito boa. Volta a ser a vida de sempre com seus altos e baixos; com direito a dias mais tristonhos e outros alegres por demais da conta. Com o tempo, aprendemos que as saudades de todos e de cada um tem seu espaço dentro da gente. Afinal, nosso coração figurativo, aquele onde guardamos os sentimentos, terá sempre mais espaço para os amores e as saudades boas.


A verdade, é que mais do que a morte de minha mãe, vê-la sofrer me apavorava. Ela não merecia; ninguém merece. Lembro-me de pedir a Deus que ela não sofresse sem me importar o quanto tempo teríamos. Ela poderia ir antes de sofrer mais do que pouco; essa era a única coisa que eu queria. E assim foi, e eu sou grata a Deus. Vê-la partir foi milhares de vezes mais fácil do que vê-la sofrer. Sendo assim, desejo a todos que o sofrimento nesta vida seja bem pouco, pouquinho mesmo, e que as saudades dos que amam sejam bonitas e boas como as minhas saudades da Mima são. E elas são brilhantes. Amém!

Um abraço apertado ao Dani, meu amigo e afilhado.


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Os repentes



Os repentes


De um repente o Mundo gira, pião eletrônico enlouquecido,

e muda profundamente a vida.

O inesperado acontece despretensioso e frugal,

o tempo todo.

Apenas nós, crentes em nossas eternidades finitas,

não queremos crer que assim seja. Assim é.

A vida muda ao dobrarmos uma esquina qualquer por falha humana

ou ironia divina;

sem razões evidentes para o nosso raciocinar limitado

que se agarra aos fatos que os olhos veem

e naquilo que acreditamos saber.

Enlouquecemos sem as nossas reles razões tão caras;

meninas dos olhos alimentadas pelas ilusões da grandeza humana.

Tolos somos;

somos pouco,

não somos nada diante do Baobá que da altura das nuvens nos olha ínfimos.

Entretanto, com toda a razão que pode haver,

enlouquecemos

quando um repente vem, sorrateiro,

e leva para longe um amor verdadeiro. Sem morrer, então, amiúde morremos

de um repente.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Atemporal





Atemporal

Já quis prender o tempo entre os dedos para ele passar bem devagar, já quis que ele avançasse mais veloz que a luz para que o futuro chegasse. Há dois anos desejo que ele volte um pouco, uns quatro anos pelo menos, para eu poder reviver meses e dias que me dão muita saudade. Queria poder ter feito as coisas de maneira melhor. Queria que a vida fosse como eu imagino que ela devesse ser, e ser um ser “super”, cheio de poderes, para poder mandar no tempo. Apenas gosto que as coisas sejam como eu quero que elas sejam. É pedir demais? (Risos...)

Sim, sou um tanto ansiosa e um bocado mandona; sei bem. Minha mãe dizia que eu sou ranzinza. E sim 2, tenho o meu bocado de mau humor a correr pelas veias. Bem, o tempo não volta e, apesar de todos os erros, tentei verdadeiramente fazer sempre o melhor com o tempo que tive. Se não o fiz foi porque não sabia como fazê-lo então por falta de conhecimento, de amadurecimento, de um tanto de coragem vez ou outra. Errei. Todos nós erramos e não há o que fazer. Pois... Deveríamos ter um tempo para os ensaios na vida também, não? Seria bom; seria muito bom.

Bom, amanhã minha mãe faria 76 anos se ainda estivesse por aqui. Para mim ela faz 76 anos amanhã; e hoje, como há um ano, sentei-me para escrever porque me lembrei dela. Porque me lembrei dela com mais saudades do que as costumeiras. Pois2... Já vivi o bastante para carregar comigo, de braço dado, um par de saudades cheias de dengos de gentes que, por um ou outro motivo, não estão perto de mim.  Fico assim-assim, um tanto melancólica, nestes dias de saudades porque a falta de quem se ama dói num lugar mais profundo n’alma. Dias difíceis de pieguices memoráveis e escritas chorosas. Haja doce e vinho para aguentar tal jornada!

Bem, como o tempo não volta a trás já que ele é bicho, milhares de vezes, mais teimoso do que eu. Resta-me desejar a minha mãe um feliz Aniversário à distância e sem a certeza de que a mensagem chegará até ela. Feito cartas sem endereço certo; cartas em tempo de guerra. Mima, queria que você estivesse aqui para os beijos e abraços de aniversário de carne e osso. Como não está, mando-os via pensamento. Esteja certa de que te amo demais da conta e para sempre, porque para o meu amor o tempo é inexistente.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O DesImportante


O DesImportante


Um dia serei apenas parca memória para os meus,

no momento seguinte menos que isso.

O tempo e o mundo continuarão rotineiros e eternos

sem por qualquer instante aperceberem-se da falta minha.

Falta alguma

Falta ínfima

Falta nenhuma

Medida exata da importância dos homens sobre a Terra

é a medida das formigas;

nunca chorei morte de formiga.

Nem mesmo as que morreram de morte matada

pela minha mão assassina.

Um dia deixarei de ser, tranquilamente, diante de uma janela

a observar durante o meu último dia

todas as lembranças de uma vida inteira num

desfile de carnaval das minhas memórias perdidas.

E nesse dia sentirei mais uma última vez as saudades de tudo

que para mim foi mistério.

Saudades dos amores perdidos,

dos meninos ainda não crescidos,

do olhar da minha mãe a me ver a mim,

de ti.

domingo, 12 de novembro de 2017

A não-defesa de William Waack



A não-defesa de William Waack


William Waack, um jornalista com profundos conhecimentos sociológicos e econômicos, é um inteligente homem de 65 anos com décadas de experiência na profissão. Podemos concordar ou não com seus pontos de vista político-econômicos, contudo, não há como negar que ele é um profundo conhecedor dos assuntos pelo qual versa e, via de regra, uma opinião a ser ouvida. Eu gosto de ouvir suas análises políticas e econômicas sobre nosso país, América Latina, Rússia, sobre os EUA e outros; mesmo que nem sempre concorde com o que ele diz.

Bem, gostava de ouvi-lo até seu afastamento da TV. O Sr. Waack foi afastado por ter feito, sem saber que estava sendo gravado, um comentário de intenção jocosa, verdadeiramente de mau gosto, e um tanto racista. Pois, ele cometeu um erro. Vale deixar claro aqui, antes de continuar, que não haverá nem um ataque ao dito jornalista, nem tão pouco uma eloquente defesa de sua figura. Mas sim e apenas uma reflexão sobre o fato em si, sem paixões e ou radicalismos.

Parêntesis: (Não gosto do radicalismo assumido pelo pensamento brasileiro, seja ele de esquerda e ou de direita; como, aliás, não acredito mais haver algo que possamos chamar de esquerda e ou direita na política. Para mim há interesses econômico-financeiros e a busca do poder e ponto.).

Bom, sendo mulher, desde sempre eu soube que vivia num mundo que não era completamente meu. O mundo, não obstante todas as mudanças e conquistas das ditas minorias, ainda pertence aos homens heterossexuais, brancos e com dinheiro. Uma parte cada vez menor da população mundial é a nossa dita maioria, não? Ou seja, estamos caminhando para uma sociedade muito distinta daquela que hoje temos, não há dúvidas, mas ainda há muito que andar. E sim, ainda temos que fincar o pé em alguns momentos e lutar por uma realidade mais igualitária para todos nós. Porém, a polarização de opiniões e as ações radicais são mais nocivas do que qualquer outra coisa.

Eu, particularmente, fiquei decepcionada com a tal “piadinha” preconceituosa do Sr. Waack porque não espero algo assim de pessoas inteligentes; pelo menos não das verdadeiramente inteligentes. Contudo, apesar de saber que ele está errado e que não devemos diminuir em demasia a importância do ato, também sei que comentários do gênero sobre mulheres, gays, pobres, velhos, negros, sobre os filhinhos de papai, os gordos, sobre as pessoas feias, ou seja, sobre todo e qualquer tipo de pessoa podem ser ditos por todos nós. Somos, todos nós, seres cheios de defeitos, e esperar a perfeição de qualquer um será sempre um erro.


Portanto, apesar de não gostar do que ouvi de William Waack e de compreender que como uma figura pública seus atos reverberam de forma mais ampla, também não acho correto crucificá-lo. Compreendo porque a empresa resolveu afastá-lo durante um tempo já que em tudo isso há a necessidade da manutenção de uma face politicamente correta da empresa. Mesmo que a realidade não seja bem assim, afinal, negócios são negócios. No entanto, isso está muito distante da caça às bruxas que alguns fomentam. Se não achamos correto que haja as KKKs a acender suas tochas por aí, e não o é obviamente, não devemos nós acender as nossas também. Devemos?

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Um Chico novo, O novo Chico



O Novo Chico

Como se um, o Chico único como ele só, não bastasse, 

ganhamos um Chico novinho. O novo Chico! 

Não mais o Buarque de Holanda, mas o Brown baiano como o pai. 

O seu Carlos deve de estar para lá do orgulho paterno,

pois que ser pai de um novo Chico é honra grande demais da conta. 

E o menino, como parece corriqueiro na família, 

(qualidade impressa no dna), 

nasceu com a música dentro de si.

Ela corre feito louca em seu sangue mestiço e por isso mesmo tão rico:

talento de Buarque somado ao talento de Brown;

tudo junto e misturado como tudo e como todos

no meu país.

Eu e o meu conhecimento formal nenhum de música e

que nada canto.

Cresci encantada, e ainda me encanto, com as canções do Chico avô.

Hoje, ao ouvir o menino, já prevejo que de modo particular,

com seu jeito de ser,

também o Chico menino encantar-me-a.









domingo, 5 de novembro de 2017

Destino


Destino

cheios de coragem partimos rumo ao desconhecido
singrando os mares sem saber com exatidão
onde aportar
de olhos e pés na Lua
a flutuar e sem saber se poderíamos à Terra
voltar
partimos grandiosos
desejo mais que humano de descobrir aquilo que está pare além dos olhos
e no mais profundo d’alma
saímos
deixando para trás tudo aquilo que um dia foi-nos caro
raro
partimos pequenos
vamos, beduínos, a vagar dentro de nós mesmos
na pueril tentativa de descobrir para qual fim
serve a tal da nossa vida
a sua
a minha
para pouco
ou muito, para tudo
para o nosso único ato divino: damos vida a outras vidas
e, sem necessitar de explicações,
tudo faz sentido



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O mesmo Refrão


O mesmo Refrão

Em 1992 nos achávamos muito espertos e que daquele momento em diante faríamos tudo certo. Um novo Brasil nascia, a ditadura que marcara nossa infância ficara para trás e a democracia solidificava-se com eleições diretas. Votamos, em 1989, nas primeiras eleições presidenciais desde o início dos anos 60 e, em 1992, saímos às ruas para protestar contra o corrupto presidente Fernando Collor de Mello e toda a sua hipocrisia.

Gabriel o Pensador, eu e toda a nossa geração, acreditávamos que nosso país seria diferente daquele ponto em diante, o Brasil estava mudando para melhor. Pois... Depois tivemos Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e, finalmente, Temer (o nosso Lord Sidious tupiniquim) e, vinte e cinco anos depois, nós todos temos a certeza de que fomos e somos feitos de bobos, de que a merda continua literalmente a mesma e, de que nem sequer as moscas mudaram tanto assim.

 Hoje fica mais do que claro que toda a nossa crença se deu muito mais por sermos todos imaturos demais, inocentes, do que por fatos que a validassem. Uma das poucas coisas que mudou, e que ficou clara para nós agora, é a de que a corrupção no Brasil e a falta de caráter de praticamente todos que nos governam evoluiu exponencialmente, profissionalizando-se de forma inimaginável; coisa de filme de cinema com trama criativa.


Em 1992 Gabriel o Pensador lançou a canção “Tô Feliz (Matei o Presidente)” porque à época a tal canção e seu título um tanto agressivo faziam todo o sentido. Pois (nº2), vinte e cinco anos depois temos o lançamento de “Tô Feliz (Matei o Presidente) 2 e a canção, ao contrário da vida aqui no país, nunca fez tanto sentido como o faz agora. Apesar de gostar muito de tudo o que Gabriel canta e de ter adorado a tal nova versão, não há como não sentir, vinte e cinco anos depois, uma profunda tristeza e uma imensa decepção por ainda ter que gritar o mesmo refrão.





Tô Feliz (Matei o Presidente) 2
Gabriel O Pensador

Todo mundo bateu palma quando o copo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil

A criminalidade toma conta da minha mente
Achei que não teria que fazê-lo novamente
Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente
E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente
Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino
Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino
Agora, palestrante, autor de livro infantil
Não fica bem matar o presidente do Brasil
Mas a vontade é grande, tá difícil segurar
Já sei, vamo pra DP, vou me entregar
Chama o delegado, por favor
Sou Gabriel O Pensador
O homem que eles amam odiar
Cantei FDP, Pega Ladrão, Nunca Serão
Agora Chega! Até Quando a gente vai ter que apanhar?
Porrada da esquerda e da direita
Derrubaram algumas peças, mas a mesa tá difícil de virar
Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro
Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel
Aí, que maravilha! Mata mesmo esse vampiro
Mas um tiro é muito pouco, Gabriel
Mata e canta assim

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Fiquei até surpreso quando correu a notícia
E a polícia ofereceu apoio pra minha missão
Ninguém vai te prender, policial também é povo
Já matamo presidente, irmão, vai lá e faz de novo
Que é isso?! Eu sou da paz, detesto arma de fogo
Deve ter outro jeito de o Brasil virar o jogo
Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo
Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos
Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos
Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido
Em nome da Amazônia desmatada
Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada
Cambada de demônio; demorou, manda pro inferno
Já tão todos de terno, e pro enterro vai facilitar
Envia pro capeta com as maletas de dinheiro sujo
De sangue de tantos brasileiros e vamos cantar

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado
Mas nem é julgado
Já tinha comprado vários deputados
Fora o foro privilegiado
Então mata o desgraçado
Na comemoração tem a decapitação
Cabeça vira bola e a pelada vai rolar (Chuta!)
Corta a cabeça dele sem perdão
Que essa cabeça rolando vale mais do que o Neymar
(É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador
É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador)
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz

Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente

Matei o presidente
(Matei o presidente, matei o presidente, matei o presidente)
Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país?
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão
E é o povo desunido que se mata por partido
Sem razão e sem noção
Chamando políticos ridículos de mito
E às vezes nem acredito num futuro mais bonito
Quando o grito é sufocado pelo crime organizado instituído
Que censura, tortura e fatura em cima da desgraça
Mas, no fundo, ainda creio no poder da massa
Nossa voz tomando as praças, encurtando as diferenças
Recompondo essa bagaça, quero é recompensa
O Pensador é contra violência
Mas aqui a gente peca por excesso de paciência
Com o rouba, mas faz dos verdadeiros marginais

São chamados de Doutor e Vossa Excelência

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Mais Bonito Não Há




Mais Bonito Não Há (part. Milton Nascimento)
Tiago Iorc
 

Nada mais belo que olhar de criança no sol da manhã
Chuva de carinho é o que posso pedir nessa imagem tão sã
Lindo no horizonte, o amanhã que eu nunca esqueci
Doce lembrança do sonho que eu vejo daqui

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há

Nada mais belo que abraço sereno e sabor de perdão
Ver a beleza e em gesto pequeno ter a imensidão
Como espalhar por aí qualquer coisa que faça sorrir
Aquietar o silêncio das dores daqui

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar

Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar

Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar
Mais bonito, não há
Pode acreditar

Mais bonito, não há

domingo, 22 de outubro de 2017

A visão


A visão

A polícia chegara não mais de cinco minutos depois de ter sido chamada, e o pequeno apartamento estava cheia de homens sérios. Ajoelhado no chão, André chorava com a cabeça de Ana ensanguentada nas mãos. Havia sangue nas roupas dele e o que parecia ser a arma do crime no chão; uma colher de sopa suja. O desespero e a confusão de André gritavam pelos olhos, ele não entendia quem podia ter feito aquilo. Por que alguém ferira Ana de maneira tão cruel?

 Os paramédicos afastaram o namorado para cuidar da mulher desmaiada no chão. André foi colocado na poltrona azul celeste à esquerda de Ana na sala de estar. A televisão ainda estava ligada e o volume baixo dificultava a audição do que o repórter dizia no jornal da noite. Algo sobre a política no país talvez. Daquela perspectiva André via claramente o rosto de sua namorada e algo curioso o intrigava; Ana parecia tranquila. Apesar do sangue, apesar da confusão estabelecida desde que ele entrara e a vira no chão; apesar de tudo, ela parecia dormir como sempre. Profundamente, sem sonhos ou pesadelos. Sem avisos, de um repente instantâneo, André vomitou ruidosamente nos sapatos do policial que o assistia. Ele vira, sem margem a qualquer dúvida, os paramédicos abrirem a mão de sua namorada e dela retirarem um globo ocular.

Um par de dias havia passado e Ana continuava no hospital, calada. Seu namorado a acompanhava cuidadosamente, porém eram nítidos o sofrimento e o incômodo dele. Ela, mesmo apenas com o olho que restara, podia vê-lo sem esforço. André murchava a seu lado. Aquilo era tão triste e Ana chorava em silêncio quando a luz estava apagada. Ela dormia pouco e ressentia em demasia a tamanho sofrimento de alguém tão gentil quanto ele. Ela se sentia mal por isso. Ana sentia-se muito incomodada com o sofrimento de André e queria vê-lo longe. O sofrimento dele era culpa dela e aquilo a corroía interna e lentamente. Queria poder mandá-lo embora. Queria estar sozinha. Pensava ela.

Até o momento nada havia sido descoberto sobre o ocorrido no pequeno apartamento e isso, mais do que a grotesca violência sem sentido, perturbava ao rapaz que buscava sempre razões para tudo. A polícia não descobrira nenhuma pista e Ana dizia não se lembrar de nada. Ela se lembrava, apenas, de chegar a casa como sempre e de estar a preparar algo para eles comerem. Depois disso, apenas lembranças vagas sobre o caminho ao hospital.

André irritara-se quando alguém sugeriu que Ana, ela própria, infligira a si mesma seus ferimentos. Aquilo era uma loucura sem sentido. Um absurdo. Ela jamais faria isso. Tudo estava bem; eles eram felizes. Ela era tranquila e divertida. Como imaginar que ela teria motivos e a coragem para arrancar seu próprio olho esquerdo? Ela não se lembrava de nada porque seu cérebro bloqueara o fato. Bloqueara o horror do que havia acontecido. Afirmava o rapaz que, para si mesmo, repetia com frouxa convicção que isso era muito mais lógico. Isso era o que havia acontecido.

Ana continuava muito mais calada do que o normal depois de voltar para casa. Não queria ver a seus amigos, não queria sair. E passava muito tempo deitada na cama a ouvir músicas antigas. André dizia a ela que tudo aquilo passaria com o tempo; que tudo voltaria a ser como antes. Porém, a menina sabia que nada mais seria como antes, apesar da pequena satisfação que agora ela sentia por ter a visão reduzida. Pois assim ela pôde amenizar um pouco a dor de ver e perceber o que não queria. A realidade para Ana tornara-se feia demais.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Oásis




Oasis

Cada minuto, cada dia, uma nova treta
Mesma vida que as vez é doce, do nada é malagueta
Eu me sinto um para raio, dos problemas do planeta
Um oásis é, deitar a cabeça no colo da minha preta

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de Gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis

Era da paz em coma, todos sob pressão
Hoje nosso idioma parece ser agressão
Os que some, os que soma, os que come, os que não
Num confunda diploma com vivência e visão (não)
Diga se a briga só num fez brotar solidão – caramba
Frio na barriga, no olhar, até no coração – descamba
Precisa de um samba a trilha, igual âmbar brilha
Família num mantra, que pausa guerrilha e salva
Nossa alma de tanto pilantra
É corda bamba em cada passo
Uns vão tão cedo
Entrelaço os dedos nos dela
Assim disfarço medo
Assim a cena é bela novamente
E entre a gente, e, sela o enredo

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis
Um oásis

(Miguel)
Your energy
Is just exhilarating
Oasis
Your love and your touch are invigorating
Oasis

Tô correndo há tempos, o tempo importa
Mundão hostil, vai fechando as portas
É selva memo, moscou te corta
Eu não gasto água com planta morta
Preso, na prática rua me testa
Meu verso tem o peso da lágrima de gente honesta
Eu sei que Ninguém é santo, ninguém
Entre tanto mal necessário
Na de salvar um mundo
"nóis" vai destruindo vários
Por seu riso lindo? Claro!
Enfrento quem for
Venço mares e desertos
Milhares se for certo

(Miguel)
I try to forget about the bad news
All the pain and all the problems
And in my mind I can hear you
Say mi casa, su casa

Esquecer notícias difíceis
Bombas mísseis, faixa de gaza
Simples crer que ainda vou ouvir cêis dizer
Mi casa, su casa
Tipo um oásis
Um oásis
Um oásis

Um oásis

terça-feira, 17 de outubro de 2017

SILVA


SILVA


Apesar de não ter qualquer conhecimento formal e acadêmico sobre Música, gosto demais da tal arte. Não sei tocar instrumento algum, nem mesmo caixa de fósforos, e sou desafinada dos pés à cabeça, no entanto, gosto tanto de música que não consigo imaginar um mundo sem ela. Minha vida sem música seria incompreensível; ela não seria a minha vida. Um dia sem música, para mim, é um dia difícil; quase impossível.

Sendo assim, sempre que ouso qualquer julgamento e ou opinião sobre música e músicos, deve ficar explicito que o que está escrito não passará jamais da minha parva opinião. Algo sem muito fundamento, fundamentado apenas naquilo que enamora meus ouvidos e que agrada a minha alma alimentada por palavras.

Ontem assisti ao meu primeiro concerto de Silva e, não obstante já conhecesse seu trabalho através dos discos há alguns anos, apenas agora posso dizer que o ouvi pela primeira vez. E espero ouvi-lo muitas e muitas e muitas vezes mais. Silva é encantador no palco por fazer extremamente bem aquilo que se espera de músicos: muita afinação, domínio de seus instrumentos e uma interpretação fenomenal de suas canções.


Simples, e por isso mesmo sublime, o concerto intimista dentro de um teatro beira à perfeição na arte de dar vida à música. Silva não precisa de mais do que seu violão, piano e voz para emocionar a quem o ouve; e a mim me fez chorar. Cantando Marisa, Diva maior da atual MPB, ele mostra que esta à altura de interpretá-la com brilho próprio. Silva é simples, é divino.



sábado, 14 de outubro de 2017

Meu palhaço







Meu palhaço


Lágrima negra no rosto pálido.

O sentimento do pierrot

segue calado;

clássico do cinema, ele fica mudo num plano fechado

que dura um eterno minuto incômodo.

(Meu desassossego sem sono)

No seu peito correm alucinadas as palavras apaixonadas que não serão ditas,

Mal-ditas

Bem-ditas

Sabe bem o palhaço que apenas em suas fantasias habitou um dia

seu mundo a colombina.

Ela é ser superior de outro planeta,

rara e cara como uma Barbarella moderna e mítica

que em tempo algum ao parvo clown perceberia.

Lágrima negra sobre o rosto pálido, segue calado o meu palhaço.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Feito pra Acabar



Feito Pra Acabar
Marcelo Jeneci
 
Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração

Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer

Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim

A gente é feito pra acabar
Ah Aah
A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar
E isso nunca vai ter fim


Uh Uhhh

domingo, 8 de outubro de 2017

A Felicidade



A Felicidade

Há gestos humanos que nos impactam, a todos nós, grandemente. O desprendimento de alguns em gestos altruístas, a dedicação de outros ao bem estar de todos; a coragem de muitos para lutar pelo bem alheio e muitos eteceteras e tais. Eu poderia fazer uma longa lista aqui, pois, apesar de não parecer e nem aparecer tanto, há muita gente admirável nesta terra.

Eu, de minha parte, adoro ver a estes gestos magníficos, feitos humanos que me fazem bem porque me fazem crer uma vez mais na humanidade. Fatos que renovam a minha fé no divino que está presente sempre. Contudo, há gestos mais simples e comuns que me encantam muito mais ainda. Gestos que para mim são a mais pura tradução do que significa a felicidade. Alguns dos gestos das crianças, e das não tão crianças assim, que dão vida para a vida minha.

O mundo congela, à la Big Fish, e todo o mal desaparece quando Pedro me manda um beijo desde longe e sorri, quando Diego me abraça com força, todo entregue. A rotação da Terra pára, e eu sorrio, quando Bianca sorri a apertar seus olhinhos para mim e quando ouço ao Nico me chamar: titia Mari vem brincar. Todas as pessoas deixam de existir quando Vitória, que ainda me estranha muito, levanta seus braços para mim a pedir colo. A felicidade é assim; a felicidade são eles.

E é difícil descrever a total e plena felicidade que sinto ao ver que meus miúdos já crescidos são gente boa de verdade. Dedé, Lucas e Gigi estão se transformando em gente grande e da melhor qualidade: gentis e de bom coração. Poderiam gostar de estudar mais, verdade, mas a nossa identificação e o carinho que temos uns com os outros são claros e verdadeiros; e isso me conforta. Eles já me fazem perceber o que significa a felicidade plena porque estou certa de que eles serão felizes em suas vidas também.

Meus miúdos são a minha felicidade feita em gente, são a garantia de sanidade nesta vida e, por isso, não consigo conceber que alguém possa ferir a crianças deliberadamente. Por isso, o assombroso fato passado em Minas Gerais com a morte de 10 crianças entre 04 e 06 anos num incêndio causado propositadamente me foge a qualquer lógica e compreensão. Então, vale lembrar nesta semana quando comemoramos o Dia das Crianças que a elas devemos todo o carinho, amor, atenção e proteção muito para além de brinquedos. E um Feliz Dia da Crianças para todos nós, amém!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Pelos olhos do mundo






Pelos Olhos do Mundo
Apanhador Só
 


Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto

Tem um monte de coisa que nos separa
Tem um monte de coisa que nos protege
Nos abre o peito, nos mostra a cara
Um monte de coisa nos fortalece
Pessoa linda do cabelo solto
Andava todo emparedado por dentro
Andava todo encasquetado por fora
Como um refém de um perfil violento
Diferente, andava embora
Baixei a guarda, respirei um momento
Olhei em volta, vi que não tinha borda
Se por acaso a bolha calcificasse
Em dura casca tava foda

Pode vir que eu tô à vontade
Pessoa linda do cabelo solto
Redimonhado todo que me envolto

Meio que tudo é tudo
Meio que tudo é um

Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá
Paratê
Parati
Paratá

Quero vida contigo
Caindo de sono de manhã
Quero tatátá

Quero vida contigo

Caindo de sono de manhã