terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Despedida

 


Despedida

 

Por mim, e por vós, e por mais aquilo

que está onde as outras coisas nunca estão,

deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:

quero solidão.

 

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.

E como o conheces? - me perguntarão.

- Por não ter palavras, por não ter imagens.

Nenhum inimigo e nenhum irmão.

 

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.

Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão.

 

A memória voou da minha fronte.

Voou meu amor, minha imaginação...

Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?

 

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.

(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!

Estandarte triste de uma estranha guerra...)

 

Quero solidão.


Cecília Meireles

Preciso Me Encontrar


Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir pra não chorar

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Sorrir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas dos rios correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer

Quero viver

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir pra não chorar

Se alguém por mim perguntar

Diga que eu só vou voltar

Depois que me encontrar

Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas dos rios correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer

Quero viver

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Sorrir pra não chorar

(Deixe-me ir preciso andar

Vou por aí a procurar

Sorrir pra não chorar)

Deixe-me ir preciso andar

Vou por aí a procurar

Sorrir pra não chorar

(Deixe-me ir preciso andar

Vou por aí a procurar

Sorrir pra não chorar)


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

ALGO BONITO


Cada vez que tiran los cañones

Se pone pesada mi artillería

A todo el que me ataque lo devoro

Como leona de cacería

Ya me tienen las huevas hinchadas

Si protesto me llaman subversiva

Y sé que mi rabia te incomoda

Porque sé que me prefieres compasiva

Suena ese llamado que despierta

Que nos libera el peso de encima

A ese mostro le tiemblan las piernas

Sabe que su derrumbe se aproxima

Se soltaron ya

Las yeguas del campo

Bajando cuestas

Curás de espanto

Lágrimas secas

Y sin quebranto

Grito que se vuelve canto

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Más vale que las palabras lindas te rindan

O por mi descendencia y los ovarios que me guindan

Me importa poco de lo que me tildan

Nunca he creído que callaíta me veo mas linda

Cuando escupo es como fuego y ácido

Se ve que tu palabreo es como tú de flácido

Yo los mato rápido

El ritmo decapito

Yo chambeo y pla pla

Es automático (prr)

Yo nunca me la voy a dejar montar

Si es grande tu ego el mío es de tamaño colosal

Y la cobertura es intercontinental

Yo que tu camino por la marginal

(It's the rude gyal)

Se soltaron ya

Las yeguas del campo

Aquí no hay llanto

Hablamos con encanto

Melaza Pura

Yerba del campo

Tengo el sofrito que te gusta tanto

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito (algo bonito papá)

Dime algo bonito (suavecito)

Quiero escuchar algo bonito

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito (ya tu sabe papá)

Dime algo bonito

Quiero escuchar algo bonito

Ivy Queen, la caballota

La perra, la diva y la potra

A mí tú me hablas bonito ¿Ok?


De ponta Cabeça

 



De ponta Cabeça

Sempre me questionei se somos capazes de perceber o momento no qual o Mundo vira de pernas para o ar e que tudo se transforma. De um repente, a vida não é mais como costumava ser, apesar de nossos esforços para que uma parca imitação da realidade conhecida seja percebida; e nos perdemos. À la Stranger Things, nos vemos num Upside Down World um tanto mais complexo e sombrio do que a perfeição ensolarada e feliz a qual sempre sonhávamos ter.

A verdade é que somos sim completamente capazes de perceber, à distância e com grande antecedência, que a tempestade se forma para além das montanhas; no meio do mar. Sabemos. Sentimos o cheiro da chuva no ar e o vento frio que nos surpreende. Vemos o horizonte nublado e a precipitação que desmaia suas águas sobre a superfície a encharcar a terra. Entretanto, completamente cientes de que o desastre se aproxima, negamo-lo como se assim pudéssemos evita-lo. Não podemos.

Há tempos percebo o solo escorregadio sobre o qual me esforço com unhas e dentes para não derrapar. E luto; lutamos. E minto para mim mesma; mentimos, fingindo acreditar que tudo voltará a ser como antes: Momentum ad Infinitum. Apesar de perceber lá no fundo da cachola que já sabemos que o escorregão, inexoravelmente, se aproxima. Caímos.

É verdade que levantar-se é apenas uma questão de tempo e que acontecerá cedo ou tarde. (Esperamos que mais cedo do que tarde). Temos que ser fortes. E somos fortes. Somos fortes e grandes porque apesar da rasteira não estamos sozinhos.

Meu anjo da guarda monta plantão 24 por 7 e as mãos amigas aparecem de onde menos se espera. Sempre foi assim. Assim está a ser novamente.

Anjo, desde já prometo, que da próxima vez, venho eu a te guardar para assim retribuir o que muitos chamam de sorte. E que eu chamo de trabalho árduo, muita crença na nossa capacidade e a certeza de que sempre há muitos braços a nos amparar.

 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Miyuki

A voar

 


Voam os pensamentos

na menta que viaja pelas estrelas

de uma galáxia estrangeira

Coração guardado numa gaveta

pela eternidade de uma tarde inteira

enquanto espero por ti

No jardim crescem flores de verão

na metade do mundo que é minha,

linda porção florida do planeta

Minhas flores durarão mais do que a nossa tarde inteira;

efêmera

É tarde, e todas as distâncias de um oceano somaram-se

numa década inteira

Não sou mais a mesma

A mesma cujos pensamentos voavam enquanto

o coração saltava montanhas, vales

e mares

apenas para

te

encontrar

numa tarde intensa e ligeira

 

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Futuros Amantes


Não se afobe, não

Que nada é pra já

O amor não tem pressa

Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário

Na posta-restante

Milênios, milênios

No are

E quem sabe, então

O Rio será

Alguma cidade submersa

Os escafandristas virão

Explorar sua casa

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos

Sábios em vão

Tentarão decifrar

O eco de antigas palavras

Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos

Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não

Que nada é pra já

Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçá

Se amarão sem saber

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você