quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tiago Iorc - Yes and Nothing Less (Official Video with Lyrics)



I'm sorry for acting so silly...




por mais que a gente cresça
aumente de tamanho
espiche, 
e parece que sabe tudo da vida,
a verdade é que nunca se deixa
de ser, cá dentro,
menino
menina

Meu Carlos (o segundo)


Poema de Sete Faces


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade


domingo, 28 de julho de 2013

Saudade - Lamento Sertanejo



Lamento Sertanejo, com Gil e Dominguinhos.

Saudade

Porque, apesar de triste, a saudade tem lá seu lado bonito de se ouvir e ver.
Bicha doída, mas bonita que só.
Saudade cutuca o coração, faz os olhos marearem, eu sei.
Mas dá aos braços
e aos lábio um significado para lá de sagrado.
E faz dos beijos e dos
abraços
atos santificados, os momentos mais lindos
desta vida que, um dia,
a terra há de comer.




sexta-feira, 26 de julho de 2013

tudo


Em tudo que me toca estás,
no mais belo;
no horror da realidade, no horror das horas que me sobram
e se arrastam.
Estás onde não estás; porque não estás
e assim te fazes presente. A presença daquele que falta
a se mostrar nos sorrisos e nos olhos,
na luz
e na completa ausência
eterna.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Little girl blue



Sit there and count your fingers,
what can you do,
Old girl, you're through.
Just sit there and count your little fingers,
unhappy little girl blue.
Sit there and count the raindrops falling on you,
It's time you knew,
All you can count on are the raindrops that fall on little girl blue.
No use, old girl, you might as well surrender,
Your hopes are getting slender,
why won't somebody send a tender
Blue boy to cheer up little girl blue.

When I was very young, the world was younger than I,
As merry as a carousel,
The circus tent was strung with every star in the sky,
Above the ring I loved so well.
Now the young world has grown old,
gone are the silver and gold

Sit there and count the raindrops falling on you,
It's time you knew,

All you can count on are the raindrops that fall on little girl blue.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

BaLLeRiNa


I just wish I could still be the little ballerina
that once I was.
Cause she didn’t know what I know,
And she didn’t know happiness was something we couldn’t take for granted
cause not everybody in this World was meant to be happy.
She still didn’t know we could be hurt by the ones we loved the most
in life,
cause her life was filled with endless sweet songs, skirts made of dreams and
the most beautiful fantasies.
So, she didn’t know the fear people have inside of them and that,
due to that
they were afraid of saying the very things they should never forget saying
cause nothing in life could be more important than those: the true feelings we, carefully, hold in ourselves.
The most precious life signs within…
I just wish I could still dance as if love weren’t something we had to pretend.
Just the way the little ballerina did so many times
before people taught her everything
about life.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Enchente

Saudade é água represada que, sem aviso,
desagua.
Jorra.
Corre.
Corre livre e chega de repente, pois das águas esta é a própria natureza.
Vem com sua mansa aparência que não passa de farsa,
e, dissimulada,  invade, destrói
e devora qualquer ser vivente que cruze pela sua frente.
Chega com tamanha fúria que não há vão, fresta ou buraco onde ela
não se acomode.
Nada escapa da força deste mar que
parece manso para quem está do lado de lá. De fora.
Mas que inunda, sufoca e afoga
quem tentou nadar neste mar de enchente.


domingo, 14 de julho de 2013

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”

Deus sabe, porque o escreveu.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

fim



O avesso do começo,
da esperança e do desejo
que pareceu, aos olhos do desejoso,
dadiva divina, Dom de Deus,
vem.
Vem o fim, sem piedade. Exército em marcha,
vestido com suas insensíveis botas de chumbo em linha reta.
Chega, tal império americano ou romano,
este fim
a matar, como se assim natural fosse,
todas as flores do nosso jardim.



terça-feira, 9 de julho de 2013

Maria


A menina Maria nasceu como milhares de outros meninos e meninas nascem todos os dias, e com ela, como com todos os filhos e filhas deste mundo, vieram toda a felicidade e toda a preocupação que chegam com o aparecimento de um amor que desconhece quaisquer fronteiras. Pois, desde o momento que nascem seus filhos todo e qualquer mãe e pai têm uma única certeza: eles nunca mais serão os mesmos. E ficam de pronto abestalhados com o poder de sedução deste ser tão pequeno que os invade e os cativa para todo o sempre.

E Maria sempre foi uma menina especial, pois ela foi especialmente desejada, especialmente esperada e, antes e acima de tudo, especialmente amada desde o primeiro minuto de existência simplesmente por ela ser quem é; por sua existência. Menina filha de pessoas que resolveram nela crer e por ela lutar de maneira incondicional e apaixonada. E lutou-se por ela pôr muito tempo, desde muito antes dela existir, e ainda se luta. E a pequena Maria luta também. Uma luta que jamais será justa por ela ser ainda tão pequena e indefesa e porque há lutas que são injustas porque, desde o princípio, sabemos que não poderemos vencê-las como gostaríamos. A vitória será dura e parcial. Uma vitória que apenas Deus e o tempo nos farão compreender.

Maria nasceu anjo e, como todo ser provido de asas, não ficará aqui por muito, muito tempo.  A menina Maria, por suas qualidades aladas, por pertencer aos céus feito passarinho, não poderá ficar aqui parada, presa à Terra; e não há como impedir tal fato. Esta menina está além de onde estamos nós hoje e, portanto, simplesmente, não nos pertence; Maria veio de visita. Ela veio para mostrar sua força, para mostrar a capacidade incontestável e infinita do amor, e sem usar palavra alguma conseguiu dizer tudo isso e muito mais a seus pais.

Como sabemos todos nós, nunca estamos preparados para dizer adeus para ninguém. Nunca o estaremos. E tal dor e dificuldade tomam proporções oceânicas quando a este adeus inclui-se a palavra filho. E por mais força que eu faça, não conheço palavras para descrever tamanha prova divina e não consigo vislumbrar o tamanho deste sentimento. Sei que será muito difícil, talvez, a parte mais difícil da vida até o momento. E sei que tudo que posso fazer ou dizer será muito pouquinho, um quase nada. Contudo, sei também que apesar de assim não o parecer, pois fisicamente não será desta forma, Maria veio para ficar. Ela existe hoje e existirá para todo o sempre no coração de seus pais e de toda família. Ela será parte deles. Maria será sempre, e para todo o sempre, o mais puro e verdadeiro amor.


Um beijo especial e um cheiro para a menina Maria e para seus pais.

domingo, 7 de julho de 2013

Pedaço de Mim


De repente somos adultos, donos de tudo, completos e independentes de quaisquer outros seres para viver. Não precisamos mais de ninguém. Certo? Bem, apesar de ser isso que vislumbramos durante anos até a tal da idade adulta chegar, nada está mais distante da realidade que esta imaginação de que, um dia, seremos um ser, em e por nos mesmos, completo. E, por esses dias, com o Chico Buarque a cantar no meu computador, a canção “Pedaço de Mim” tomou uma proporção diferente, mais real e ampla do que eu gostaria de reconhecer. Mesmo sem pensar no amor romântico tal Romeu e Julieta, não há como não perceber que na tal vida adulta somos o oposto de um ser completo. Somos um quebra-cabeça de partes que não nos pertencem, e que nunca estão todas juntas. Somos quem somos porque em nós há muito, uma parte imensurável, dos outros.

Imagino que deva haver o indivíduo completamente independente. Sim, deve haver pelo menos uma mão cheia deles por aí a ser feito o vento e não precisar de ninguém para correr sem limites nem fronteiras pela vida. Um ser que vá em frente sem se importar se e quem ele carrega consigo; posto que sua natureza é o fluir independente de tudo e de todos que surgem à sua frente. Deve haver. Mas para mim, e creio que para a maioria de nós, quando finalmente somos os donos de nossos próprios narizes, percebemos que não somos mais os donos de parte alguma do corpo. Notamos que sempre nos faz falta um outro par de braços para os nossos abraços. Não podemos abraçar sozinhos, não podemos beijar sozinhos e, pior e mais cruelmente ainda, a bem da verdade não nos serve qualquer par de braços e lábios. Não senhor. Apenas nos servem aqueles que para nós foram feitos, apesar de eles serem parte de outros corpos. Queremos os braços dos amigos, da família e dos amantes; amores de toda uma vida.

E este é um querer, um bem querer, sem fim que incomoda feito espinho no dedo ou comichão no meio das costas. Não dá para ignorar. Claro que há momentos nos quais queremos estar sós, vários deles. Contudo, a verdade é que a razão da nossa vida jamais será encontrada dentro de nós mesmos. Não vivemos apenas para nós mesmos, vivemos para com os outros criarmos o que chamamos de vida. Mario Quintana escreveu: “Amar é mudar a alma de casa.”, e creio que ele está certo. Nossa alma não nos pertence completamente, e acrescento que ela, por causa do amor, move-se. Busca ampliar-se e melhorar no afã de completar-se; apesar de saber que sempre será assim: uma alma onde falta uma parte; várias partes.

Então chegam os filhos, vindos do ventre ou não, e aí percebemos que não nos faltam uma ou várias partes, não. Com os filhos percebemos que nos falta o todo, o tudo; que por eles somos capazes de matar e de morrer; capazes de tudo. Por causa dos filhos muda o mundo, nós mudamos, mudam até os significados das palavras que antes críamos dominar. O medo e a coragem se agigantam, a saudade vira sinônimo de infinito, e o amor explica-se, pleno, em si mesmo. Porque os filhos não são uma parte de quem somos nós, de modo algum. Nós é que somos uma parte deles e a eles pertenceremos para todo o sempre.

Um beijo e um abraço para todos, que ando a sentir umas saudades de matar da família, dos amigos e dos amores antigos.


Amar é mudar a alma de casa

Amar é mudar a alma de casa,
é ter no outro, nosso pensamento.
Amar é ter coração que abrasa,
amar, é ter na vida um acalento.

Amar é ter alegria que extravasa,
amar é sentir-se no firmamento.
"Amar é mudar a alma de casa",
é ter no outro, nosso pensamento.

Amar, é aquilo que embasa,
é ter comprometimento.
Amar é, voar sem asa,
e porque amar é acolhimento,
"amar é mudar a alma de casa"

- Mario Quintana, in "Apontamentos de História Sobrenatural".


quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Fim



De repente encontrou-se velha no espelho como se a vida tivesse dado um salto de pernas milenares e gigantescas. Viu-se tranquilamente, apesar da novidade repentina da velhice, como se vê a uma antiga conhecida; como se visse a mulher que sempre soubera ser e que morava escondida por detrás de suas carnes vivas. Ana não compreendia como ocorrera tamanha mudança sem que ela a sentisse. Dormira um sono de anos? Desde quando deixara de perceber-se, de ver-se? Ana estava velha como tanto quis ser um dia, velha para além dos sentimentos, das lembranças e dos ressentimentos. Delicadamente seca e admirada despiu-se.

Nua, via-se pela primeira vez clara e verdadeiramente. Os ossos a marcar a pele seca e sem cor mostravam em seu contorno as arestas que ela cultivara e que se esconderam nas linhas suaves dos anos de menina e nas curvas preguiçosas dos anos de mulher. Não havia mais subterfúgios. Lá estavam as dores semeadas nas linhas da pele em traços profundos e resistentes de par com a dureza aguda expressa pelos ossos que gritavam sua existência antes pressuposta em sussurros. Os pelos e o cabelo minguavam tristonhos e pesados, desiludidos pela distância das mãos há tanto ausentes e já não eram capazes de cobrir os olhos sem luz cheios de realidade; cansados pela realidade que os invadiu por anos e anos. Apenas Ana sabia que seus olhos estavam mortos há muito tempo, e os escondia atrás dos cachos coloridos. Agora, seus olhos estavam tão nus quanto ela, tão explícitos quanto ela.

Ana vestiu-se. Vestiu uma roupa qualquer por não haver qualquer intensão de sair, de mover-se para além daquela solidão silenciosa e segura do apartamento. O conforto da velhice e do esquecimento havia chegado e ela podia descansar; podia desistir finalmente de tudo, do todo, de todos e, fundamentalmente, de si mesma. Naquele momento, ela percebeu que o vazio que a corroeu com suas angústias e o enjoo que ele causava a abandonaram. Ana estava em paz e podia deixar-se sem culpas, sem desculpas, sem necessidades de motivos para além dela para o que iria fazer. Ela podia sentar-se e esperar pelo fim breve, sem memórias e indolor.


A velha senhora, encarnada de sua falta de vida, dirigiu-se à janela fechada. Ana sentou-se lentamente e, da mesma maneira, pousou a fronte contra a vidraça para quieta despedir-se da vida; em silêncio, vazia. Contudo, um fio de pensamento a assombrava às portas de seu ato final - João. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Lindo de ouvir e ver




Ilegais
Vanessa da Mata

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você

You Don’t Love Me No No No

No no no
You don't love me
and I know now
No no no
You don't love me
as I know now
Coz you left me
Baby
And I got no place to go now
No no no
I'd do anything to stay boy
No no no
I'd do anything to stay boy
Coz if you asked me
Baby
I'll get on my knees and pray boy

By Dawn Penn