quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Shakespeare

Sonnet  116

Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no; it is an ever-fixed mark,
That looks on tempests, and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Nada



Nada

Se bem que não foi bem assim, que todo o bem que houve,

houve em mim.

Ouve-se em mim seu eco,

e tudo foi apenas um reflexo da luz e do calor

que eu sentia aqui;

nada além, pouco ou quase nada

de ti.

Ainda os sinto, ainda te sinto e creio,

feito criança, no que sei não existir.

 E sinto que tudo tenha sido tão redonda

e completamente  nada,

um pequeno capricho de uma alma errante

que de nada

por nada

sem nada

fez tanto e fez de ti tudo

do todo que há

em mim.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Strange Fruit









Strange Fruit


Southern trees bear strange fruit
Blood on the leaves and blood at the root
Black bodies swinging in the southern breeze
Strange fruit hanging from the poplar trees

Pastoral scene of the gallant south
The bulging eyes and the twisted mouth
Scent of magnolias, sweet and fresh
Then the sudden smell of burning flesh

Here is fruit for the crows to pluck
For the rain to gather, for the wind to suck
For the sun to rot, for the trees to drop

Here is a strange and bitter crop



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Bicho Papão





“Mãe, você está com medo?”
“Medo? Não. Vamos enfrentar isso.”

A resposta, tanto quanto a reação serena à notícia que havíamos recebido, surpreendeu-me. Surpreendeu-me e fez-me pensar se minha mãe compreendera a questão em toda sua extensão e delicadeza. Sim, ela havia compreendido tudo muito bem; claro que sim! Apenas eu, mais medrosa e dramática do que ela, não havia compreendido até aquele momento a força e a coragem com as quais minha mãe sempre enfrentou e enfrenta a vida. Foi assim, simples e tranquila a resposta de minha mãe a minha pergunta depois de recebermos, juntas, a confirmação de seu diagnóstico: Câncer no pulmão em estágio avançado.

Apesar de parecer estranha tanta calma, estamos calmos. Esta é uma reação que eu jamais esperava ter, porém, a verdade é que há apenas duas opções diante de tal problema: sentar e chorar ou pôr a cabeça e o coração no lugar e lutar com todas as armas que temos até quando pudermos contra o mal que nos atingiu. Choramos, agora estamos de pé e seguimos em frente. Assim será.

Assim será, porém sinto-me pequena e impotente feito criança a descobrir que o Bicho Papão realmente existe. Meu medo de menina, hoje, é real e o fato de que somos todos mortais torna-se palpável como nunca fora antes. O bicho não é grande e nem vive debaixo da cama ou no armário, entretanto, assombra-me. Silencioso, ele vive escondido dentro do corpo de minha mãe.


Por estes dias, dias que se parecem com um sonho indesejado, sinto uma mescla de sentimentos incompatíveis. Aceito o que está a acontecer, mas dá-me raiva que tais merdas aconteçam com pessoas que não as merecem. Minha mãe não merecia nada disso; de jeito nenhum.  E lembro-me do Diego, meu sobrinho de 5 anos, menino de personalidade forte e alma pura que não se conforma com qualquer tipo de injustiça. Sei bem o que ele me diria num momento como este e, agora, faço minhas as palavras dele. “É uma filha da puta esta doença!” É, Digo, ela é sim.

domingo, 12 de outubro de 2014

Dia da Criança ; )



Durante anos de minha vida,
lá na cachola,
construí e desconstruí
uma casa
que não tinha porta,
chão ou parede.
Ela era feita
de finas linhas de minha imaginação
e flutuava,
feito nuvem, no espaço à beira de um penhasco.
Vinícius de Moraes,
boêmio e carioca,
foi o homem que construiu para mim
a poesia.
Meu primeiro poeta,
poeta da vida
de uma menina.

A Casa de Vinícius de Moraes


sábado, 11 de outubro de 2014

Ilusão


Depois de muitos e tantos caminhos
percebo-me pequena;
o grão.
De repente, ao abrir os olhos pela manhã,
fica clara a insignificância de ser.
Existir é um mero acaso;
um descaso,
desleixo,
relaxo.
É um ser, um simples existir despretensioso
ao qual damos a importância ilusória e crente dos fiéis.
Somos carne, apodrecemos,
e cremos num Deus para em nós mesmos
podermos crer.
Dá-nos medo a clara visão do que não temos,
pois que a nossa orfandade divina,
a solidão desimportante da alma,
mata em nós o que nos faz humanos.
Então somos,
em toda a nossa realidade,
uma  cega e bela
ilusão.




terça-feira, 7 de outubro de 2014

Octavio Paz y sus palabras



DÍA
¿De qué cielo caído,
oh insólito,
inmóvil solitario en la ola del tiempo?
Eres la duración,
el tiempo que madura
en un instante enorme, diáfano:
flecha en el aire,
blanco embelesado
y espacio sin memoria ya de flecha.
Día hecho de tiempo y de vacío:
me deshabitas, borras
mi nombre y lo que soy,
llenándome de ti: luz, nada.
Y floto, ya sin mí, pura existencia.


Certeza
Si ES real la luz blanca
de esta lámpara, real
la mano que escribe, ¿son reales
los ojos que miran lo escrito?

De una palabra a la otra
lo que digo se desvanece.
Yo sé que estoy vivo
entre dos paréntesis


DOS CUERPOS

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos olas
y la noche es océano.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos piedras
y la noche es desierto.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces raíces
en la noche enlazadas.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces navajas
y la noche relámpago.

Dos cuerpos frente a frente
son dos astros que caen
en un cielo vacío.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Um pouco mais da mesma coisa outra vez



No próximo domingo, 05 de Outubro, eu cumprirei, de maneira nada democrática, com minhas obrigações cívicas de cidadã brasileira: vou votar. Isso de falar em obrigações cívicas faz lembrar-me de uma matéria escolar dos tempos da ditadura militar – Educação Moral e Cívica, algo que estudávamos para melhor compreender como funcionava a nossa grande e benevolente nação e como deveríamos civicamente nos comportar.  Naquela época não se votava em ninguém, e eu, que era muito menina, ainda não entendia nada do que se passava e decorava, patrioticamente, todas as bobagens e balelas que me eram empurradas goela abaixo.

Hoje, décadas e décadas depois das minhas famigeradas aulas, a situação é muito melhor, claro. Pois melhor que uma ditadura qualquer coisa nesse mundo é, sem sombra alguma de dúvida. Contudo, não podemos nos orgulhar e dizer de cabeça erguida que vivemos numa democracia plena, e que pelo voto o brasileiro anda a exercer conscientemente o seu poder. Estamos longe disso, e se formos analisar detalhadamente o que significa a palavra democracia, percebemos que a distância  a qual estamos desta palavra é assustadora.

Democracia – substantivo feminino – significa: um governo onde o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente.

Pois, que não conseguimos exercer qualquer soberania sabemos desde antes do votar, já que não temos o direito a optar pelo ato em si ou não. Votar no Brasil ainda é uma obrigação e não algo que decidimos fazer de livre arbítrio. Estranho isso, não? Antes não podíamos votar, lutamos para mudar esta situação. Agora não temos o direito de não votar, como não temos quase direito nenhum neste país, o que significa que ainda há muito pelo que lutar.

Quando eu era menina e estudava Educação Moral e Cívica, os homens e mulheres que hoje lutam pelo poder em meu país lutavam pela liberdade e pela democracia. Naquela época eu os admirava. Hoje não há nada a admirar, mesmo para quem ainda é muito jovem. E a única lição que se aprende com isso tudo, é a de que o poder corrompe toda e qualquer alma que se aproxime muito dele. Hoje não há ideais ou idéias, não há ideologias e/ou partidos que as sustentem; não senhor. O que temos hoje são políticos com muita ganância e muitas ganas de fazer o bem a si mesmos sem se importarem com mais ninguém.

 Por isso, mesmo que venha alguma mudança após as eleições (mudanças que são muito bem-vindas, mesmo que tênues dado que este governo que cá temos apresenta-se mui vicioso) no final das contas sabemos que teremos algo muito parecido com o que já conhecemos desde que a democracia voltou a reinar por aqui.  E este é um pensamento muito perigoso à medida que nos paralisa por replicar a idéia de que nada podemos fazer para mudar a situação já que todos os políticos são iguais.

Portanto, mesmo depois de tanta gente na rua a protestar em 2013, hoje me parece que a mudança não virá e que ao invés de algo parecido, teremos mesmo um pouco mais da mesma coisa outra vez.  E eu, que vou sair de minha casa em busca da mudança neste domingo penso: Deus, meu Deus, (como diria um nosso antigo presidente): assim não pode, assim não dá!




quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Banda do Mar - Mais Ninguém





Mesmo que não venha mais ninguém
Ficamos só eu e você
Fazemos a festa
Somos do mundo
Sempre fomos bons de conversar

Eu só espero que não venha mais ninguém
Aí eu tenho você só pra mim
Roubo o teu sono
Quero o teu tudo
Se mais alguém vier não vou notar

Preciso de você
Pra me fazer feliz
Não quero mais ficar aqui

Preciso viver só
Pra me fazer maior
Mas quando você vem
Eu fico melhor

Mesmo que não venha mais ninguém
Ficamos só eu e você
Fazemos a festa
Somos do mundo
Sempre fomos bons de conversar

Eu só espero que não venha mais ninguém
Aí eu tenho você só pra mim
Roubo o teu sono
Quero o teu tudo
Se mais alguém vier não vou notar

Preciso de você
Pra me fazer feliz
Não quero mais ficar aqui

Preciso viver só
Pra me fazer maior
Mas quando você vem
Eu fico melhor

Mesmo que não venha mais ninguém
Ficamos só eu e você
Fazemos a festa
Somos do mundo

Sempre fomos bons de conversar